A agricultura regenerativa auxilia na reversão das mudanças no clima já que reconstrói a matéria orgânica do solo e restaura a biodiversidade do mesmo.
Não é novidade que a perda da fertilidade do solo e da biodiversidade representam uma ameaça ao planeta. De acordo com pesquisadores na área de solos, as taxas de destruição, ou seja, descarbonização, erosão, desertificação, poluição química, entre outros, podem resultar em danos irreversíveis quando se fala em saúde pública, afinal, acabam impactando na produção de alimentos de qualidade e ricos em nutrientes.
Agricultura regenerativa na produção de alimentos
A agricultura regenerativa tem sido proposta como um meio alternativo de produzir alimentos que podem ter impactos ambientais e/ou sociais mais baixos – ou mesmo positivos – já que a prática tende a aumentar a sustentabilidade na produção de alimentos, inclusive, fazendo parte de estratégias para mitigar as mudanças climáticas.
Pesquisas apontam que a agricultura regenerativa tem em seu núcleo a intenção de melhorar a saúde do solo ou restaurar o solo altamente degradado, o que aumenta simbioticamente a qualidade da água, vegetação e produtividade da terra. Estudiosos inclusive afirmam que a agricultura regenerativa melhora e sustenta a saúde do solo restaurando seu conteúdo de carbono, o que, por sua vez, melhora a produtividade.
Impacto nas mudanças climáticas
Estudos são claros em mostrar o quanto a agricultura regenerativa pode contribuir positivamente nas mudanças climáticas. Vamos para um exemplo prático? A aragem do solo para o plantio pode emitir o carbono que está armazenado por raízes antigas, e junto ao oxigênio, formam o CO₂, um dos mais conhecidos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Essa liberação do carbono acaba por sua vez também prejudicando a saúde do solo visto que dificulta o crescimento de novos plantios, assim, a manutenção de uma raiz viva no solo, como defende a agricultura regenerativa, ajuda no ciclo de nutrientes sem retirar o carbono armazenado.
Uso da matéria orgânica e práticas regenerativas
É assim que o uso da matéria orgânica passa a aumentar a variedade de microrganismos na terra, o que alimenta as plantas e ajuda a gerenciar as pragas. Com práticas regenerativas, é possível remover CO₂ da atmosfera a uma taxa média de uma tonelada de gás para cada hectare plantado. Devido a todo o seu impacto no meio ambiente, ela recebeu atenção significativa de produtores, varejistas, pesquisadores e consumidores, bem como de políticos e da grande mídia. Assim, o interesse na agricultura regenerativa passa a abranger os setores público, privado e sem fins lucrativos.
A fins de elucidação, em 2019, a General Mills anunciou que começaria a comprar uma parte de seu milho, trigo, laticínios e açúcar de agricultores que estão engajados e comprometidos no avanço da prática da agricultura regenerativa em 404,6 mil hectares de terra até 2030. No início de 2020, a Whole Foods anunciou que a agricultura regenerativa seria a tendência alimentar nº 1 e, apesar da pandemia e do rápido crescimento das compras online ofuscando a tendência, o interesse por esse tipo de produto ainda assim aumentou em 138%.
Recentemente, a PepsiCo adotou práticas de agricultura regenerativa em 2,83 milhões de hectares de suas terras agrícolas. A Cargill declarou que pretende fazer o mesmo em 4,04 milhões de hectares até 2030 e – o Walmart – se comprometeu a promover a prática em 20,2 milhões de hectares. Todo esse movimento é embasado em evidências de que os consumidores estão – a cada dia mais – alterando os hábitos de compra pensando, entre variados itens, também no meio ambiente.
E como ocorre a agricultura regenerativa na prática?
Por meio da gestão da terra, a prática aproveita o poder da fotossíntese das plantas para fechar o ciclo do carbono e reconstruir o solo, oferecendo resiliência às culturas e aporte de nutrientes. Ela melhora a saúde do solo principalmente através das práticas que aumentam a matéria orgânica do mesmo. Isso não só ajuda a aumentar a saudabilidade e a diversidade da biota do solo, mas também, a biodiversidade acima e abaixo da sua superfície. Isso, eleva a capacidade de retenção de água e sequestra carbono em maiores profundidades, reduzindo assim os níveis de poluição atmosférica tão prejudiciais ao clima.
Algumas práticas que podem ser citadas são:
- rotação de culturas ou cultivo sucessivo de mais de uma planta na mesma terra;
- cobrir o cultivo ou o plantio o ano todo evitando a erosão do solo;
- cultivo conservador, ou menos aração de campos;
- plantio direto;
- pastagem rotativa;
- redução no uso de fertilizantes e pesticidas;
- manejo do solo;
- foco no bem-estar animal.
E quais são as 5 principais concepções da agricultura regenerativa?
Embora existam muitos tipos de fazendas regenerativas, todas buscam seguir esses cinco princípios.
- Minimizar as “perturbações” do solo: a agricultura regenerativa usa práticas agrícolas, como plantio direto ou limitado, que minimizam as perturbações físicas, biológicas e químicas do solo.
- Cobertura do solo: em vez de depender do cultivo, as práticas agrícolas regenerativas se concentram em manter o solo coberto com vegetação e materiais naturais por meio de cobertura morta, culturas de cobertura e pastagens.
- Maior diversidade de plantas: a diversidade é um componente essencial na construção de solos saudáveis que retém o excesso de água e nutrientes. Pode ajudar os agricultores a obter receita de outras fontes e é benéfico para outros animais selvagens e polinizadores.
- Manter as raízes vivas no solo tanto quanto possível: ter raízes vivas no solo garante que os campos nunca fiquem vazios. Isso pode ser feito por meio de práticas agrícolas, como plantio de culturas de cobertura de inverno ou pastagens permanentes. Manter as raízes vivas no solo ajuda a estabilizá-lo, retendo o excesso de água e escoamento de nutrientes.
- Integração dos animais à fazenda: o esterco produzido pelo gado pode adicionar nutrientes valiosos ao solo reduzindo a necessidade de fertilizantes e aumentando a matéria orgânica do mesmo. Solos saudáveis capturam grandes quantidades de carbono e água e reduzem a quantidade de escoamento poluído.
Em suma, ao tomar as medidas necessárias e fazer a transição para métodos agrícolas mais regenerativos, a agricultura poderia deixar de ser considerada um desafio ambiental para uma excelente solução desses problemas. Os consumidores terão acesso a alimentos mais saudáveis, os agricultores podem ter um futuro mais seguro e próspero e o planeta se beneficiará porque a agricultura regenerativa prioriza esse feito.
Por acreditar na importância da agricultura regenerativa e na pujança deste mercado, a Agroadvance, por meio dos seus cursos, oferece informações de qualidade para que o produtor rural seja produtivo e ao mesmo tempo sustentável.
Fontes consultadas:
- Agricultura regenerativa: a próxima grande tendência no varejo de alimentos, Forbes, 2021. Disponível em: <https://forbes.com.br/forbesagro/2021/08/agricultura-regenerativa-a-proxima-grande-tendencia-no-varejo-de-alimentos/>. Acesso em: 28/11/2022.
- Entenda o que é agricultura regenerativa, Ecycle, 2021. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/agricultura-regenerativa/>. Acesso em: 28/11/2022.
- What Is Regenerative Agriculture, and Why Is it Re-Emerging Now? Chesapeake Bay Foundation, 2021. Disponível em: <https://www.cbf.org/blogs/save-the-bay/2021/08/what-is-regenerative-agriculture-and-why-is-it-re-emerging-now.html>. Acesso em: 28/11/2022.
- What Is Regenerative Agriculture? A Review of Scholar and Practitioner Definitions Based on Processes and Outcomes, Front. Sustain. Food Syst., 26 October 2020. Sec. Agroecology and Ecosystem Services. https://doi.org/10.3389/fsufs.2020.577723.