ILPF anda lado a lado da maior produtividade agrícola e dos avanços no bem-estar animal

Conheça os benefícios da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), desde a quebra de ciclos de doenças até o bem-estar animal através de arranjos silvipastoris. Saiba como essa estratégia multifuncional viabiliza o aumento da produção agrícola protegendo os recursos naturais e contribuindo para mitigar as mudanças climáticas globais.
Sumário

Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): Transformando a Agricultura Brasileira com Sustentabilidade e Eficiência. Descubra como a intensificação agrícola, adoção de tecnologias sustentáveis e o Plano ABC estão impulsionando a produtividade, fertilidade do solo e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.

As mudanças recentes no uso na terra, principalmente na pecuária, com uma intensificação crescente devido ao aumento da produtividade das pastagens, adoção de tecnologias e sistemas integrados e sustentáveis de produção, possibilitam a liberação de áreas para novos cultivos, além de promoverem o sequestro de carbono. Essa é uma das bases para o aumento de fertilidade do solo, ganhos produtivos e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs).

Nesse contexto, ainda há margem para o incremento da produção agrícola e – ao mesmo tempo – proteção dos recursos naturais por meio de ganho na eficiência do uso das terras.

Em consonância com estes processos de transformação do território, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação à Mudança do Clima para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC, oriundo da Política Nacional sobre Mudança do Clima, tem fomentado a adoção generalizada de práticas agrícolas mais sustentáveis, apoiada na premissa de que o Brasil pode expandir sua agricultura em grande escala como forma de assegurar as demandas globais de segurança alimentar e ainda reduzir as emissões de GEEs.

Ou seja, fatores como diminuição dos custos das operações e ganhos de produtividade com diminuição das emissões de GEEs associados ao desmatamento e à produção agropecuária constituem uma estratégia importante para a contribuição do Brasil na mitigação das mudanças climáticas globais.

Nessa linha, uma prática que cresce a passos largos no Brasil é a integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF) (que também recebe o nome de sistema agrossilvipastoril), estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.

Esta forma de sistema integrado busca a otimização do uso da terra, elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas além de outros benefícios que podem ser citados, como:

  • quebra de ciclo de doenças;
  • redução de plantas daninhas e pragas;
  • diminuição nos custos econômicos na recuperação;
  • renovação de pastagem e diversificação de atividades agropecuárias;
  • baixa emissão de gases causadores de efeito estufa ou mitigação dos mesmos.

Atualmente, as principais culturas agrícolas utilizadas dentro da ILPF nas regiões Norte, Centro-oeste e Sudeste brasileiro são: arroz de terras altas, soja, milho, sorgo, milheto dentre outras alternativas promissoras.

 

integração lavoura pecuária floresta ILPF

Fonte: Globo rural
 

ILPF e a sua influência sobre a ambiência e o bem-estar animal

Sistemas multifuncionais possibilitam intensificar a produção pelo manejo integrado dos recursos naturais existentes, diversificar a produção e incrementar a renda do produtor. Entre outros benefícios, a presença de árvores adequadamente dispostas na pastagem pode promover melhorias e proteção tanto à produção forrageira, quanto à animal, e favorecer a produtividade e a sustentabilidade da área.

Vários tipos de arranjos silvipastoris e/ou agrossilvipastoris são possíveis, conforme o componente arbóreo escolhido. Quando se pensa na árvore como fornecedora de sombra e potencial fator modificador do microclima circunstante nas pastagens, particular atenção deve ser dada às características da copa e ao percentual de área ocupada por esta. Neste caso, a copa deve favorecer a passagem de radiação solar em quantidade suficiente para o crescimento das plantas forrageiras, mas também proporcionar boa área de sombreamento para os animais. Dentre os efeitos positivos da arborização de pastagens sobre animais, devem ser destacados:

  • redução das necessidades de energia para a mantença dos animais;
  • aumento dos índices de produtividade (piquetes sombreados melhoram a eficiência da conversão de alimentos, sobrevivência dos animais e antecipação da primeira cobertura);
  • melhoria da fertilidade do rebanho;
  • efeitos benéficos sobre animais recém-nascidos;
  • proteção contra extremos de temperatura, ventos e radiação.

Sobre este último tópico, pesquisas apontam que a temperatura do ar, no verão, foi reduzida em até 8°C na pastagem arborizada, e a incidência de radiação solar global foi 80% menor sob as árvores. Os autores argumentam ainda que, durante dias/noites frias, os renques arbóreos podem funcionar como fonte de calor para os animais protegidos sob as árvores, melhorando o seu conforto térmico também à noite.

De acordo com um outro estudo, em ambientes compostos por árvores isoladas é possível obter redução de até 2.8°C de temperatura do ar na sombra, ao passo que locais compostos por grupos de árvores isolados são capazes de promover a redução de 0.3°C até 15.7°C de temperatura, principalmente nos horários do dia de maior insolação (10h00 às 14h00).

Assunto extremamente amplo e atual, a ILPF deve ser adequadamente planejada levando-se em conta os diferentes aspectos socioeconômicos e ambientais das unidades de produção. O sistema pode ser adotado por qualquer produtor rural (pecuarista e/ou agricultor), independentemente do tamanho do estabelecimento agropecuário. Evidentemente, a forma e a intensidade da adoção do conjunto de tecnologias que compõem a ILPF dependerão, entre outros fatores, dos objetivos e da infraestrutura disponível de cada produtor.

Fontes citadas: 

  • ALVES, Fabiana Villa; PORFÍRIO-DA-SILVA, Vanderley; KARVATTE JUNIOR, N. Bemestar animal e ambiência na ILPF. Embrapa Gado de Corte-Capítulo em livro científico (ALICE), 2019.
  • CARVALHO, P.C.D.; PETERSON, C.A.; NUNES, P.A.D.; et al.; Animal production and soil characteristics from integrated crop-livestock systems: toward sustainable intensification. Journal of Animal Science, v. 98, ed. 8, p. 3513-3525, 2018.
  • Integrated crop-livestock-forestry systems, Embrapa. Disponível em: <https://www.embrapa.br/en/tema-integracao-lavoura-pecuaria-floresta-ilpf>. Acesso em: 06/02/2023.
  • MACEDO, M. C. M. Integração lavoura e pecuária: o estado da arte e inovações tecnológicas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, p. 133-146, 2009.
  • SKORUPA, L.A; MANZATTO, C.V. Avaliação da adoção de sistemas de integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Brasil, capítulo 10.
  • Vantagens e desafios da ILPF, EducaPoint, 2019. Disponível em: <https://www.educapoint.com.br/blog/pecuaria-geral/bovinos-vantagens-desafios-ILPF/>. Acesso em: 06/02/2023.

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