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Créditos de carbono: por que o agronegócio se tornou peça-chave?

Créditos de carbono representam a não emissão de dióxido de carbono à atmosfera. Para mitigar a pegada ambiental, o agronegócio pode reduzir a sua emissão por meio de tecnologias e adoção de métodos como a estocagem de carbono no solo.  

Não é novidade que a mudança climática é um problema multifacetado que impacta os valores sociais, econômicos e ambientais. As estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas exigem soluções inovadoras e integradas que beneficiem simultaneamente várias partes da sociedade e minimizem o conflito potencial entre os valores econômicos, de produção de alimentos e ambientais. 

Desafios da agricultura

Quando falamos especificamente sobre a agricultura, ela enfrenta desafios múltiplos e conflitantes, como por exemplo: aumentar a produtividade e garantir a segurança alimentar ao mesmo tempo que reduz a sua pegada de carbono.

Inclusive, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) criou um termo chamado de “agricultura inteligente para o clima” a fim de abranger uma maior integração dos sistemas de produção de alimentos. Os seus três objetivos principais são: 

  • aumentar a capacidade dos agricultores de se adaptar a um clima em mudança;  
  • mitigar as emissões de GEEs (gases do efeito estufa) relacionadas às fazendas e; 
  • aumentar a produção agrícola.  

No entanto, como já citamos no início deste artigo, muitas vezes há trade-offs entre essas metas de modo que alcançar uma (por exemplo, aumento da produção) pode resultar em uma capacidade reduzida para alcançar outra (por exemplo, redução das emissões de GEEs).  

Assim, fica claro que há uma constante necessidade de desenvolver abordagens para que tais intervenções sejam integradas e otimizadas dentro de uma estrutura. Esta última, é a peça responsável por desenvolver políticas baseadas em evidências e criar consenso sobre práticas agrícolas sustentáveis (ou climaticamente inteligentes). 

A captura e a mitigação de carbono equivalente pela agropecuária devem ser transformadas em créditos de carbono a serem comercializados no mercado e o setor é um dos que apresenta maior capacidade para mitigação e captura de GEEs da atmosfera. Isso só é possível devido ao interesse dos produtores brasileiros por tecnologias e estratégias sustentáveis.

Como funcionam os créditos de carbono na prática?

A nível de curiosidade, os créditos de carbono foram criados como resposta à necessidade de reduzir a emissão de GEEs e outros gases nocivos provenientes da atividade industrial.

Qualquer governo ou outro órgão regulador disposto a limitar as emissões de dióxido de carbono pode emitir créditos seguindo o princípio de uma abordagem de comércio de emissões. Eles normalmente também oferecem incentivos econômicos para estimular a redução de poluentes. 

creditos de carbono

Um dos aspectos positivos disso é que as organizações podem decidir usar os esquemas de comércio de emissões de forma flexível, encontrando a melhor opção para cumprir as metas políticas. Os créditos de carbono são adquiridos, de forma voluntária, por qualquer país ou empresa interessada em reduzir sua pegada de carbono. 

Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto dividiu os países em dois grupos de acordo com o nível de sua economia: economias industrializadas e em desenvolvimento.

O primeiro grupo atua em um mercado de comércio de emissões, atribuindo a cada país um determinado padrão de emissões a cumprir. Se, por exemplo, um país emitir menos do que sua meta de CO₂, então ele pode vender os créditos excedentes para outros países que não cumprem suas metas de nível de emissões estabelecidas. 

Segundo informações atuais da consultoria McKinsey, o mercado de crédito de carbono deve movimentar entre US$ 5 bilhões e US$ 30 bilhões até 2030. O Brasil tem potencial de liderar os mecanismos de compensação, se beneficiando economicamente por ações adotadas em setores como o agronegócio

Inclusive, a regulamentação nacional do Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare), que visa atenuar os efeitos das mudanças climáticas e é uma central sistematizada para a comercialização de créditos de carbono, foi publicada neste ano e vale ser conferida.

Esse é um grande passo para que esse mercado no Brasil deixe de ser voluntário e passe a ser mais bem regulado. 

Agronegócio e a pegada de carbono

As plantas removem o dióxido de carbono da atmosfera através da fotossíntese. Como a produtividade da agricultura é baseada nesse processo, uma combinação de tecnologias para reduzir as emissões e aumentar o armazenamento de carbono no solo pode permitir que esse setor alcance emissões líquidas negativas, mantendo a alta produtividade.

Para isso, deve existir um esforço significativo focado na mudança das práticas de manejo agrícola. Para exemplificar, atualmente, uma das grandes coqueluches do momento é a geração de crédito de carbono por meio da regeneração de solos agrícolas. 

Para o armazenamento de carbono no solo, vários insights auxiliarão na adoção de culturas de cobertura, plantio direto e outras práticas de manejo da saúde do solo e do sequestro de carbono. A genética das culturas também pode ser mais bem explorada a fim de aumentar o sequestro de carbono do solo em culturas de rendimento e de cobertura. 

agricultura sustentavel 

Essa modalidade para reduzir a pegada de carbono pode ser explorada junto a outras numa mesma propriedade, então, o produtor pode trabalhar com um excedente florestal (evitando o desmatamento) ao mesmo tempo que está regenerando uma área, criando crédito de carbono por meio de dois tipos de projeto.

Para fins elucidativos, uma área com um certo nível de degradação de pastagem onde será implementada um projeto de ILP (integração-lavoura-pecuária) com soja e milho pode sequestrar da atmosfera até duas toneladas de carbono por hectare ao ano.  

Assim, fica nítido que – usando uma abordagem sistêmica para otimização de tecnologia e promovendo um ecossistema de inovação que analisa uma combinação de tecnologias – a agricultura pode cumprir sua função social crítica de fornecer alimentos, rações, fibras e combustível.

Ao mesmo tempo, essas ações fazem com que ela apoie a economia rural e gere benefícios ambientais significativos para toda a população mundial. Além disso, os consumidores finais também estão afoitos por produtos sustentáveis

Por acreditar na importância dos créditos de carbono e na pujança deste mercado, a Agroadvance, por meio dos seus cursos, oferece informações de qualidade para que o produtor rural seja produtivo e ao mesmo tempo sustentável. 

O que lemos para escrever esse artigo? 

  • Como fica o agronegócio no mercado de carbono? Mais soja, 2022. Disponível em: <https://maissoja.com.br/como-fica-o-agronegocio-no-mercado-de-carbono/>. Acesso em: Acesso em: 01/11/2022.
  • D. L. Northrup, B. Basso, M. Q. Wang, C. L. S. Morgan, P. N. Benfey, Novel technologies for emission reduction complement conservation agriculture to achieve negative emissions from row-crop production. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 118, e2022666118 (2021). 
  • Produtor pode gerar crédito de carbono por meio da regeneração de solos, Giro do boi, 2022. Disponível em: <https://www.girodoboi.com.br/destaques/produtor-pode-gerar-credito-de-carbono-por-meio-da-regeneracao-de-solos/>. Acesso em: 01/11/2022.  

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