Você já se perguntou como os dados podem transformar a maneira como você gerencia sua colheita ou como podem alavancar sua produtividade?
Com o avanço da tecnologia, os mapas de produtividade se tornaram ferramentas necessárias para agricultores que buscam melhorar suas operações e maximizar os resultados. Esses processos podem ir desde a correção inicial da área até a colheita final.
Mas como exatamente esses mapas funcionam e como podem ser aplicados no dia a dia do campo? É realmente viável? Compensa economicamente?
Essas talvez sejam as perguntas que você se faça, pois, esses mapas ainda podem parecer utópicos, porém, já são uma realidade no campo. No decorrer desse artigo, vamos responder essas perguntas.
O que são mapas de produtividade?
O desejo da maioria dos produtores é aumentar a produtividade da sua lavoura. No caso de produtores de soja as sonhadas 100 sacas por hectares pode ser uma realidade, porém, isso deve ser construído ao longo do tempo e para isso, os mapas de produtividade podem ser um forte aliado.
Um mapa de produtividade é basicamente uma ferramenta tecnológica que permite aos agricultores visualizarem e analisarem a variabilidade da produção em diferentes áreas de um campo.
Utilizando dados coletados por sensores, drones, satélites e máquinas agrícolas, esses mapas fornecem uma representação gráfica do desempenho das culturas.
Esses dados são processados e transformados em mapas que mostram, por exemplo, quais áreas do campo estão produzindo mais ou menos. Isso permite que possamos identificar padrões e tomar decisões informadas sobre manejo agrícola. Com um mapa de produtividade, é possível ajustar práticas como irrigação, fertilização e controle de pragas de maneira mais precisa e eficiente.
Um mapa de produtividade isolado não revela muito sobre o potencial produtivo da área, embora possa indicar problemas operacionais ocorridos durante a safra. No entanto, ao se analisar o histórico de diversas safras, padrões começam a surgir e os mapas de produtividade podem ser utilizados como ferramentas de otimização do manejo.
Assim, os mapas de produtividade ajudam a identificar problemas específicos, como áreas com solo compactado ou deficiências nutricionais, permitindo intervenções direcionadas. Isso não só aumenta a eficiência da colheita, mas também contribui com a redução de custos, pois o uso excessivo de insumos pode ser reduzido.
Agora vamos pensar de forma prática. Imagine que durante a colheita da soja, por exemplo, sensores acoplados às colheitadeiras medem continuamente o fluxo de grãos colhidos. Esses sensores registram a quantidade de soja colhida em intervalos regulares, juntamente com a localização geográfica de cada ponto de coleta.
Suponha que no primeiro talhão, a produtividade foi menor quando comparado aos demais. O que pode ter ocorrido se a correção e adubação foi a mesma? Diversos fatores podem ter levado a essa redução, como nematoides, estresse hídrico ou compactação do solo.
Agora imagine que com base no cruzamento de outros dados da área, com por exemplo os dados topográficos, o produtor identificou que o problema é a compactação do solo. Com isso, o agricultor pode optar por realizar uma descompactação mecânica nessa área antes da próxima safra e assim garantir que esse talhão acompanhe a produtividade dos demais.
O que é necessário para obtenção do mapa de produtividade?
Nesse momento, já entendemos o que é um mapa de produtividade na agricultura de precisão e como ele pode auxiliar no manejo da sua lavoura. Mas, quais são as formas de se obter um mapa de produtividade? É caro?
Primeiramente, para obter um mapa de produtividade, é necessário contar com uma combinação de tecnologias e práticas agrícolas avançadas. Listamos os principais componentes e etapas envolvidas nesse processo para você:
- Equipamentos de colheita com sensores
Como já comentamos, as colheitadeiras modernas são equipadas com sensores que medem continuamente a quantidade de grãos colhidos. Esses sensores podem incluir células de carga, que medem o peso dos grãos, e sensores de umidade, que avaliam a umidade dos grãos colhidos. Esses dados são fundamentais para criar um mapa preciso da produtividade.
Veja que aqui estamos usando como exemplo uma cultura de produção de grãos, mas, esses equipamentos também podem ser usados para as demais culturas, seja ela uma raiz, tubérculo ou folhosa.
Um exemplo de colheitadeira de grãos que faz mapas de produtividade é a John Deere S700. Essa máquina agrícola é equipada com sensores de rendimento e umidade, além de um sistema de GPS integrado.
Esses componentes trabalham juntos para coletar dados durante a colheita, que são então processados para criar mapas detalhados de produtividade.
Veja que o GPS integrado permite que a coordenada de cada ponto de coleta também seja adquirida, com isso, com todos os pontos georreferenciados, é mais fácil para o produtor ir até o campo e identificar diretamente o que pode estar ocorrendo com este aumento ou redução da produção.
Algo pertinente sobre essa máquina é que ela possui o sistema HarvestSmart, que ajusta automaticamente a velocidade da colheitadeira para melhorar a qualidade da colheita.
Além disso, os dados coletados podem ser transferidos para softwares de agricultura de precisão, como o QGis e ArcGis. Dentro desses softwares, é possível realizar uma análise dos dados de forma gráfica.
- Sistema de Posicionamento Global (GPS)
O exemplo que mostramos acima foi a John Deere S700 que possui GPS integrado. A primeiro momento, você pode pensar que investir em um implemento com essa tecnologia é um custo desnecessário por se tratar de máquina de alto valor; porém, um receptor GPS é fundamental para georreferenciar os dados coletados pelos sensores.
Como já falamos, ele fornece a localização exata de cada ponto de coleta no campo, o que pode mostrar a variabilidade da produtividade em diferentes áreas. Ou seja, por mais modernos que possam ser os sensores de uma máquina, eles são dependentes de um GPS preciso, pois, é com ele que os dados serão plotados nos softwares.
- Software de processamento de dados
Agora vamos supor que você já possui um maquinário moderno em sua fazenda e que têm todos os dados de produtividade de seus talhões e os respectivos pontos georreferenciados de cada um e queira fazer um mapa de produtividade da lavoura com eles.
Porém, esses dados brutos coletados pelos sensores e GPS precisam ser processados para gerar um mapa de produtividade mais coerente. Isso é feito por meio de softwares especializados que transformam os dados em uma representação gráfica fácil de interpretar.
Além dos softwares clássicos de SIG que falamos anteriormente, destacamos outras duas plataformas que também podem ser usadas, são de fácil uso e intuitivas, porém, necessitam de conhecimento básico sobre geoprocessamento e entrada de dados; são elas: Climate FieldView e Ag Leader SMS.
Dentro desses softwares, os dados podem ser trabalhos e transformados em uma representação gráfica e a partir dessas representações, é possível tomar decisões baseadas em dados.
Algumas empresas de máquinas agrícolas, por sua vez, possuem os seus softwares específicos, como é o caso da John Deere. A plataforma que a empresa sugere usar é a John Deere Operations Center, ela facilita a coleta de dados durante a colheita e a criação de mapas de produtividade, mas, também impede que os dados sejam tratados em outra plataforma.
- Integração com outras tecnologias
O mapa de produtividade precisa ser integrado com outras tecnologias de agricultura de precisão, como drones, imagens de satélite e sensores de solo. Essas tecnologias fornecem dados adicionais que podem ser correlacionados com os mapas de produtividade para uma análise mais precisa.
Pense na seguinte situação: Ao analisar um mapa de produtividade, você pode identificar manchas isoladas de baixa produção em um talhão específico. No entanto, o mapa de produtividade por si só pode não fornecer todas as informações necessárias para uma tomada de decisão precisa. E agora, o que fazer?
Para você obter uma análise mais completa, é necessário integrar outras tecnologias, como falamos anteriormente. Por exemplo, imagens de satélite gratuitas podem ser utilizadas para avaliar o relevo da área sem a necessidade de um levantamento topográfico em campo.
Com essas imagens, é possível identificar possíveis problemas de drenagem, como o acúmulo de água, que pode reduzir a disponibilidade de oxigênio no solo e afetar negativamente a produtividade da sua lavoura.
Além disso, o uso de drones permite uma inspeção mais detalhada das áreas de baixa produtividade. Com drones equipados com câmeras de alta resolução e sensores específicos para a sua necessidade, é possível detectar infestações de nematoides ou outras pragas que possam estar comprometendo a produção.
Essa união de tecnologias proporcionada pela Agricultura 5.0, permite a você tomar decisões mais informadas e estratégicas, elevando os níveis de eficiência agrícola.
- Conhecimento técnico
Esse ponto pode parecer mais delicado para quem está iniciando no mundo da Agricultura 5.0. Talvez você se pergunte: Onde aprender a fazer os mapas? Como fazer? Existe pessoas que trabalham diretamente com isso? É caro?
Vamos lá! Além dos equipamentos e softwares, é fundamental que os agricultores ou agrônomo da fazenda tenham conhecimento sobre como interpretar e utilizar os mapas de produtividade na agricultura. Isso inclui entender os fatores que podem influenciar a produtividade, como a fertilidade do solo, a disponibilidade de água e a incidência de pragas e doenças.
Durante a interpretação de um mapa de produtividade os dados não devem analisados de forma isolada. Como você sabe, a necessidade hídrica da soja, por exemplo, é diferente da do milho, ou seja, dependendo da lavoura, a interpretação pode mudar. Portanto, o profissional responsável pela análise deve ser capacitado não apenas em dados e geoprocessamento, mas também deve possuir um conhecimento sobre a cultura específica que está sendo trabalhada.
Agora para os profissionais do agronegócio que buscam se capacitar, existem cursos específicos de ciência de dados aplicados à agricultura. Esses cursos ensinam desde a coleta e análise de dados até a interpretação de mapas de produtividade e a aplicação prática desses conhecimentos no campo.
Mas, caso o produtor rural prefira contratar um especialista para a criação e interpretação dos mapas de produtividade, existem empresas especializadas que oferecem esses serviços. O custo desse serviço pode variar dependendo da experiência e da especialização do profissional contratado, bem como da complexidade do trabalho a ser realizado.
- Monitoramento contínuo
Como falamos inicialmente, a produtividade da sua lavoura não irá aumentar de forma instantânea, pois, a obtenção de mapas de produtividade não é um processo único.
É necessário monitorar continuamente a produtividade ao longo das safras para identificar mudanças e ajustar as práticas agrícolas conforme necessário. Quanto mais dados você tiver, melhor serão seus resultados.
Um único mapa de produtividade provavelmente não trará informações relevantes, mas com um histórico de mapas de produtividade de uma área, muitos insights poderão ser obtidos.
Quais os custos de um mapa de produtividade?
Agora falando sobre custos, essa questão pode ser variável, dependendo de vários fatores, como a tecnologia utilizada, a extensão da área a ser mapeada e a necessidade de serviços especializados.
Por exemplo, os valores médios de um mapa para uma lavoura de 10 hectares por custar de R$ 500,00 a R$ 2000,00, dependendo das exigências do cliente quanto a quantidade de informações.
Destacamos também que esse valor pode variar de profissional para profissional e dos equipamentos utilizados. O investimento inicial pode ser elevado, mas é diluído ao longo do tempo com o uso contínuo, pois colheitadeiras equipadas com sensores de rendimento e umidade, sistemas de GPS, drones e softwares de análise de dados podem ser usados por longos períodos.
Mapas de produtividade e a performance da lavoura: Quais as principais vantagens?
Que os mapas de produtividade são seus aliados na agricultura de precisão você já sabe, mas, além das vantagens que já viemos falando ao longo desta matéria, listamos as principais vantagens para te deixar bem informado:
- Identificação de variabilidade na lavoura
Anteriormente falamos sobre como os mapas de produtividade permitem identificar a variabilidade da produção em diferentes áreas do campo. Mas para que isso serve?
Essa técnica ajuda a entender quais regiões estão produzindo mais ou menos e por quê e como falamos, a partir disso o produtor é capaz de tomar decisões.
Com essas informações, é possível ajustar práticas agrícolas de maneira mais precisa, como a aplicação de fertilizantes e irrigação, para melhorar a produtividade geral. Você vai irrigar apenas com a quantidade necessária, vai aplicar pesticida apenas em áreas infestadas, vai corrigir o solo somente onde necessário. Esses fatores irão resultar em economia no campo.
- Tomada de decisões baseada em dados
A capacidade de monitorar e analisar a produtividade de forma detalhada permite que você tome decisões a partir dos seus dados. Isso leva a uma gestão mais eficaz da lavoura, o que pode reduzir perdas econômicas e otimizando a colheita.
Destacamos que decisões informadas resultam em uma utilização mais eficiente dos recursos e em maior lucro, por isso é tão importante investir em tecnologia para sua fazenda. Pois, a redução de desperdícios e a melhoria na eficiência da colheita resultam em uma produção mais lucrativa a longo prazo.
- Diagnóstico de problemas
Explicamos anteriormente que os mapas de produtividade ajudam a identificar problemas específicos no campo, como áreas com solo compactado, deficiências nutricionais ou infestações de pragas.
Logo, diagnosticar esses problemas com antecedência permitem que você se programe melhor e consiga ajusta seu calendário agrícola a essas práticas de manejo.
O que é um mapa de produção?
Ao contrário do que se pensa, um mapa de produção é diferente de um mapa de produtividade. O mapa de produção, por sua vez, é usado no planejamento e controle da produção agrícola.
Esse mapa é que irá fornecer uma representação gráfica de todas as etapas e operações necessárias para desenvolver o produto, desde a preparação do solo até a colheita.
É como se em uma lavoura de soja, todo o processo desde a correção do solo até a comercialização dos grãos fosse registrado de forma gráfica. Com isso, você consegue se organizar melhor logisticamente, seja para escoar sua produção ou menos se planejar para a próxima safra.
Para facilitar, listamos os principais aspectos deste tipo de mapa para você:
- Planejamento de recursos
O mapa de produção ajuda a planejar a utilização de recursos, como calcário, fertilizantes, sementes e mão de obra que será utilizada. Isso também inclui o dimensionamento da estrutura onde os grãos ou produtos serão armazenados.
- Monitoramento de processos
Ele permite o monitoramento contínuo dos processos produtivos, identificando possíveis gargalos e áreas de melhoria. Nesse tipo de mapa, além das falhas na produtividade, você consegue observar as falhas de maneira geral.
- Aumento da produtividade
A união de mapas de produção e produtividade permite observar todo o processo produtivo, o mapa de produção contribui para o aumento da produtividade. Ele permite identificar e corrigir problemas rapidamente, garantindo que a produção ocorra sem interrupções e com a máxima eficiência.
Conclusão
Neste artigo, você aprendeu que os mapas de produtividade representam uma revolução na agricultura moderna, oferecendo uma ferramenta para melhorar a colheita e os seus resultados.
Ao integrar dados coletados por sensores, drones e satélites, esses mapas fornecem uma visão da variabilidade da produção em diferentes áreas do campo.
Você viu que a integração de tecnologias proporciona uma análise mais completa e detalhada da sua lavoura. Isso permite a identificação de problemas específicos e a uma implementação de intervenções direcionadas.
Você também aprendeu que esses mapas funcionam na prática e podem ser usados no dia a dia do campo, gerando economia e aumento da produtividade.
Esperamos que este artigo tenha sido útil e informativo para você, e que você possa aplicar os conhecimentos adquiridos na sua lavoura. Em caso de dúvida, não hesite para entrar em contato conosco! Os dados estão revolucionando o campo.
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MOLIN, José Paulo. Definição de unidades de manejo a partir de mapas de produtividade. Engenharia Agrícola, v. 22, n. 1, p. 83-92, 2002.
OLIVEIRA, Vinícius Henrique Dias de. Unidades de Gestão Diferenciada por meio de índices de vegetação e mapas de produtividade. 2021. 66 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel – PR.
Sobre o autor:
Jhonatah Albuquerque Gomes
Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)
- Engenheiro agrônomo (UFRA)
- Mestre em Fitotecnia (ESALQ/USP)
- MBA em Data Science e Analytics (USP)