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Agricultura orgânica: Princípios, Técnicas e Regulamentação no Brasil

Aprofunde-se nos princípios, técnicas, normas e certificação da agricultura orgânica no Brasil, bem como mercado e desafios.
  • Publicado em 22/10/2025
  • Alasse Oliveira da Silva
  • Sustentabilidade
  • Publicado em 22/10/2025
  • Alasse Oliveira da Silva
  • Sustentabilidade
  • Atualizado em 22/10/2025
agricultura orgânica café
Sumário

Por que este tema importa agora? A produção orgânica deixou de ser nicho e passou a integrar políticas públicas, cadeias de abastecimento e preferências do consumidor.

No cenário internacional, já são 96 milhões de hectares conduzidos sob manejo orgânico em 188 países, com cerca de 4,5 milhões de agricultores e vendas no varejo próximas de €135 bilhões em 2022.

Em maio de 2025, o Observatório do Brasil Orgânico registrou 25.178 propriedades com produção orgânica no país (base CNPO), com maior concentração no Sul (36%), seguida de Nordeste (32%) e Sudeste (15%); Norte e Centro-Oeste respondem pelo restante. Esses dados dão a medida da interiorização do sistema produtivo e da presença em diferentes biomas.

Este conteúdo aprofunda os princípios, fundamentos técnicos e bases legais que sustentam a agricultura orgânica no Brasil. Aborda suas práticas de manejo do solo e adubação, os sistemas de certificação e controle social, a dinâmica de mercado e a comercialização.

Boa leitura!

O que é a agricultura orgânica?

A agricultura orgânica é um sistema de produção agrícola e agroindustrial que integra conservação ambiental, responsabilidade social e viabilidade econômica.

Seu objetivo é gerar alimentos saudáveis, livres de contaminantes químicos, garantindo a qualidade nutricional e a preservação dos ecossistemas agrícolas.

Diferente da agricultura convencional, que depende de insumos químicos sintéticos e práticas intensivas, a agricultura orgânica baseia-se na reciclagem de nutrientes, na rotação de culturas e no manejo equilibrado do solo e da biodiversidade.

O termo “orgânico” surgiu na década de 1920, quando pesquisadores como Albert Howard e Eve Balfour passaram a defender sistemas agrícolas que respeitassem os processos naturais de regeneração.

No Brasil, a agricultura orgânica consolidou-se com a promulgação da Lei nº 10.831/2003, regulamentada pelo Decreto nº 6.323/2007, que define os critérios de produção, certificação e comercialização.

A partir de então, o país passou a integrar oficialmente o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG), marco para a consolidação do setor.

Marco regulatório da agricultura orgânica no Brasil.
Figura 1. Marco regulatório da agricultura orgânica no Brasil. O acesso ao mercado interno é definido pela Lei nº 10.831/2003, Decretos nº 6.323/2007 e 6.913/2009, e pelas IN de 2008 e 2009, que estruturam o SISORG e os mecanismos de certificação e controle da qualidade orgânica. Fonte: Fonseca et al (2009) e MAPA (2009).

Princípios e Fundamentos da Agricultura Orgânica

A base conceitual da agricultura orgânica foi estruturada pela Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM), que estabelece quatro pilares universais: Saúde, Ecologia, Equidade e Precaução.

Esses princípios orientam tanto o manejo técnico quanto a ética da produção, promovendo a harmonia entre o homem e o ambiente.

 Princípio da Saúde

A agricultura orgânica deve preservar a saúde do solo, das plantas, dos animais e das pessoas.

A vitalidade do solo é considerada o alicerce da cadeia produtiva: um solo biologicamente ativo promove plantas mais resistentes e alimentos mais nutritivos.

O uso de pesticidas, fertilizantes sintéticos e drogas veterinárias é desestimulado, pois causa desequilíbrio biológico e contaminações químicas.

tomate orgânico e café orgânico
Figura 2. Tomate e café orgânico – propriedade priorizando o principio da saúde. Créditos: Miguel Ângelo da Silveira e Maria Aico Watanabe (2020).

A manutenção da saúde dos ecossistemas também passa pelo uso de sementes adaptadas, pelo manejo ecológico das pragas e pela relação equilibrada entre culturas e biodiversidade. O produtor é visto como um guardião da vida, responsável pela integridade biológica do ambiente.

Princípio da Ecologia

O sistema produtivo deve refletir os ciclos ecológicos naturais.

A agricultura orgânica busca a autossuficiência ecológica, reduzindo dependência de insumos externos e priorizando a reciclagem de matéria orgânica.

A interação entre solo, água, flora e fauna é compreendida como um sistema vivo, e o agricultor atua como mediador desse equilíbrio.

Práticas como adubação verde, cobertura morta, consórcios de culturas e integração lavoura-pecuária-floresta fortalecem o funcionamento ecológico das propriedades. A meta é manter a resiliência dos agroecossistemas, respeitando os limites naturais do território.

Princípio da Equidade

O princípio da equidade garante relações justas entre produtores, trabalhadores e consumidores.

A agricultura orgânica não se restringe à técnica, mas também ao comprometimento social.

Ela promove condições dignas de trabalho, remuneração justa e valorização da agricultura familiar, buscando reduzir desigualdades no campo.

Além disso, o conceito de equidade se estende à justiça intergeracional, assegurando que as gerações futuras herdem solos férteis e ecossistemas preservados.

Princípio da Precaução

O princípio da precaução orienta a rejeição de tecnologias cujo impacto ambiental e sanitário ainda é incerto, como transgênicos e radiações ionizantes.

O produtor deve adotar práticas comprovadamente seguras, priorizando o conhecimento empírico e as evidências ecológicas locais.

A precaução é, portanto, uma atitude ética diante da incerteza científica.

Agroecologia e agricultura orgânica: diferenças e conexões

A agroecologia constitui o campo científico que fundamenta a agricultura orgânica. Enquanto a agroecologia estuda os princípios ecológicos aplicados à agricultura, a agricultura orgânica é a expressão prática desses princípios.

Esse vínculo torna a agricultura orgânica um sistema agroecológico aplicado, que integra aspectos ambientais, culturais e socioeconômicos.

Segundo Fonseca et al. (2009), a agroecologia fornece a base teórica para compreender a dinâmica da biodiversidade, da ciclagem de nutrientes e do manejo integrado dos agroecossistemas.

Dessa forma, a agricultura orgânica é um instrumento de transição agroecológica, capaz de substituir gradualmente modelos dependentes de insumos químicos por sistemas diversificados e equilibrados.

A Figura abaixo ilustra uma área de cultivo de soja orgânica em Minas Gerais, onde práticas agroecológicas orientam todo o sistema produtivo.

O manejo adotado na propriedade exemplifica a aplicação prática dos princípios da agroecologia, como a ciclagem de nutrientes, o uso de adubos verdes, a conservação do solo e a valorização dos recursos locais.

vista panorâmica de fazenda onde é produzida soja orgânica no Brasil
Figura 3. Vista panorâmica da Fazenda Sélia onde é produzida a soja orgânica, propriedade de Rogério Vian, localizada em Mineiros (GO). Fonte: Eliane de Castro (2022).

Marco Regulatório e Certificação de orgânicos no Brasil

A legislação brasileira consolidou o setor orgânico a partir de três instrumentos:

  • Lei nº 10.831/2003 – define o conceito de sistema orgânico de produção;
  • Decreto nº 6.323/2007 – regulamenta a lei, instituindo o SISORG;
  • Instruções Normativas do MAPA – estabelecem parâmetros técnicos de produção e comercialização.

O que é SISORG?

O SISORG (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica)assegura que os produtos comercializados como orgânicos atendam às normas técnicas nacionais e internacionais.
Ele reconhece três mecanismos de avaliação:

  1. Certificação por Auditoria (OAC);
  2. Sistemas Participativos de Garantia (SPG);
  3. Controle Social para Venda Direta (destinado à agricultura familiar).

Esses sistemas formam uma rede descentralizada, permitindo que pequenos produtores participem do mercado sem depender exclusivamente de auditorias onerosas.

Como funciona a certificação e Rotulagem

A certificação garante transparência e rastreabilidade.

Produtos certificados exibem o selo oficial do SISORG, regulamentado pela Instrução Normativa nº 19/2009.

Para utilizar o termo “orgânico” no rótulo, o produto deve conter pelo menos 95% de ingredientes orgânicos. Entre 70% e 95%, o termo permitido é “produto com ingredientes orgânicos”.

Tipos de selos  utilizados nos alimentos orgânicos no Brasil
Figura 4. Tipos de selos que são utilizados nos alimentos orgânicos. Fonte: MAPA (2023).

A rotulagem deve indicar origem, certificadora e modo de produção, evitando qualquer forma de publicidade enganosa.

Custos e Desafios da Certificação

Os custos variam conforme o tipo de certificação. Auditorias individuais podem custar entre R$ 1200 e R$ 2200 por ano, enquanto grupos organizados reduzem esse valor para cerca de R$ 200 a R$ 550 por produtor.

Embora o SPG seja mais acessível, exige organização, capacitação e controle interno rigoroso.

Cuidados para quem utiliza o SPG no cultivo orgânico.
Figura 5. Cuidados para quem utiliza o SPG no orgânico. Fonte: Alasse Oliveira da Silva (2025).

A principal barreira para os agricultores familiares ainda é a falta de assistência técnica especializada e o acesso limitado à informação sobre os mecanismos legais.

Principais Práticas Técnicas da Agricultura Orgânica

A agricultura orgânica adota métodos integrados de manejo, que respeitam os ciclos ecológicos e a diversidade local. As principais práticas técnicas são apresentadas a seguir.

Manejo e Conservação do Solo

O solo é o principal patrimônio do agricultor orgânico.

Sua conservação envolve o uso de adubos verdes, rotação de culturas, cobertura morta, terraceamento e curvas de nível. Essas práticas reduzem a erosão, melhoram a infiltração de água e aumentam o teor de matéria orgânica do solo.

A fertilidade é promovida pela atividade biológica, com destaque para bactérias fixadoras de nitrogênio, fungos micorrízicos e organismos decompositores.

O uso de calcário e pó de rocha é permitido apenas quando comprovada a necessidade agronômica, conforme laudo técnico.

perfil do solo em sistema convencional e em sistema orgânico (agricultura orgânica)
Figura 6. Perfil do solo em sistema de agricultura orgânica e convencional. Fonte: Alasse Oliveira da Silva (2025).

Adubação Orgânica e compostagem

A adubação orgânica e a compostagem constituem processos técnicos na manutenção da fertilidade e na estabilidade dos sistemas agrícolas, atuando diretamente sobre os parâmetros físicos, químicos e biológicos do solo.

O emprego de materiais como esterco bovino curtido, restos vegetais, palhadas e resíduos agroindustriais permite a restituição gradual de carbono orgânico e nutrientes minerais, promovendo a reestruturação dos agregados do solo, a elevação da capacidade de retenção hídrica e a otimização da capacidade de troca de cátions (CTC).

Durante a compostagem aeróbica, microrganismos heterotróficos oxidam compostos orgânicos complexos, como: celulose, hemicelulose e lignina, transformando-os em substâncias húmicas e fúlvicas de alta estabilidade química. Esses compostos orgânicos atuam como agentes quelantes, favorecendo a disponibilidade controlada de micronutrientes como Fe, Zn, Mn e Cu, além de contribuírem para a neutralização gradual da acidez do solo.

O monitoramento da relação carbono/nitrogênio (C/N), idealmente entre 25:1 e 30:1, é indispensável para evitar processos de imobilização de nitrogênio e assegurar a decomposição eficiente da biomassa, mantendo temperaturas controladas (55–65 °C) que garantem a sanitização e a eliminação de patógenos e sementes viáveis.

Os biofertilizantes líquidos, produzidos por fermentação aeróbica ou anaeróbica de esterco bovino, cinzas vegetais, extratos de leguminosas e soluções microbianas ativas, apresentam concentrações elevadas de aminoácidos, fitohormônios e compostos bioativos que favorecem o enraizamento e a absorção de nutrientes.

Quando aplicados via foliar ou no solo, esses produtos intensificam a atividade enzimática da rizosfera e elevam a densidade de microrganismos benéficos, como Bacillus spp., Azotobacter spp. e fungos micorrízicos arbusculares, que potencializam a assimilação de N, P e K pelas plantas.

Tabela 1. Composição média de macro e micronutrientes em adubos orgânicos utilizados na agricultura

Adubo OrgânicoN (%)P₂O₅ (%)K₂O (%)Ca (%)Mg (%)S (%)Fe (mg/kg)Zn (mg/kg)Mn (mg/kg)Cu (mg/kg)
Esterco bovino curtido1,51,01,51,80,40,340009025025
Esterco de galinha (cama aviária)3,53,02,52,40,60,8500016032045
Esterco de ovinos/caprinos2,01,52,02,20,50,4420011026030
Esterco de suínos3,02,51,01,50,40,3380013024035
Composto orgânico2,01,51,81,60,50,4450010027025
Torta de mamona5,51,51,01,80,40,332009021025
Torta de algodão6,02,01,51,00,30,335008520020
Torta de filtro2,02,50,53,50,60,8480012031028
Húmus de minhoca2,51,52,02,20,50,4550015033040
Farinha de osso4,025,00,520,00,50,220006018015
Cinza vegetal0,20,55,010,01,00,528005015012
Biofertilizante líquido1,20,41,00,60,30,218007014010
Fonte: EMBRAPA (2011, 2019, 2020); Kiehl (2010); Malavolta (2006).

Manejo de Pragas e Doenças

O controle fitossanitário é preventivo e ecológico.
As práticas incluem:

  • rotação de culturas,
  • consórcios,
  • adubação equilibrada,
  • uso de plantas repelentes e
  • liberação de inimigos naturais.

Em caso de surtos, podem ser utilizados bioinseticidas à base de neem (Azadirachta indica) e caldas minerais (bordalesa e sulfocálcica) caso a certificadora permita (Tabela 2).

A legislação veda o uso de qualquer produto de síntese química, priorizando agentes de origem biológica.

A ênfase é sempre na resiliência ecológica do sistema, e não na eliminação total das pragas.

Tabela 2. Literatura técnica consolidada sobre controle biológico e manejo sustentável de doenças e pragas

Produto Biológico | TipoTipoAgente Ativo (Micro-organismo)Mecanismo de AçãoPrincipais Alvos (Doenças ou Pragas)Forma de AplicaçãoDose Recomendada
Trichoderma harzianumBiofungicidaTrichoderma harzianumMicoparasitismo, competição e indução de resistênciaMofo-branco, Rhizoctonia, FusariumTratamento de sementes, sulco, pulverização1–2 kg/ha ou 10 g/kg semente
Bacillus subtilisBiofungicidaBacillus subtilisAntibiose (iturina, surfactina, fengicina)Mancha-alvo, antracnose, mofo-cinzentoPulverização foliar preventiva0,5–1,0 L/ha
Bacillus amyloliquefaciensBiofungicidaB. amyloliquefaciensAntibiose e indução de resistênciaOídio, alternariose, míldioPulverização foliar0,5–1,0 L/ha
Bacillus thuringiensis var. kurstakiBioinseticidaB. thuringiensisProdução de toxinas CryLagartas (Helicoverpa, Spodoptera, Anticarsia)Pulverização foliar0,5–1,0 kg/ha
Beauveria bassianaBioinseticidaBeauveria bassianaPenetração cuticular e colonizaçãoMosca-branca, tripes, percevejosPulverização foliar ou solo1×10⁸ esporos/mL (0,5–1,0 L/ha)
Metarhizium anisopliaeBioinseticidaMetarhizium anisopliaeInfecção cuticular diretaGafanhotos, percevejos, cigarrinhasPulverização terrestre ou aérea1×10⁸ conídios/mL (0,5–1,5 L/ha)
Lecanicillium lecaniiBioinseticida/BiofungicidaLecanicillium lecaniiParasitismo sobre ovos e ninfasMosca-branca, pulgões, cochonilhasPulverização foliar0,5–1,0 L/ha
Neem (Azadirachta indica)Bioinseticida vegetalAzadiractina A e BInibição de ecdise e repelênciaPulgões, lagartas, mosca-branca, ácarosPulverização foliar1–2% da calda (10–20 mL/L)
Óleo de Nim + Extrato de Alho e PimentaBioinseticida naturalAzadiractina, alicina, capsaicinaAção sinérgica repelente e hormonalMosca-branca, ácaros, tripesPulverização pré-floração0,5–1,0% da calda
Extrato de Alho (Allium sativum)Biofungicida/BioinseticidaAlicina e compostos sulfuradosEfeito bactericida e repelenteOídio, ácaros, mosca-brancaPulverização foliar3–5% da calda (30–50 mL/L)
Fonte: EMBRAPA (2019, 2020); MAPA (2022); GALLO et al. (2002); BETTIOL; MORANDI (2009).

Biodiversidade e Paisagem Agrícola

A conservação da biodiversidade é obrigatória nos sistemas orgânicos.

As propriedades devem manter áreas de preservação permanente, faixas de refúgio ecológico e corredores biológicos, que favorecem a fauna benéfica.

Essas áreas funcionam como reservatórios genéticos, essenciais para o equilíbrio de insetos e microrganismos do solo.

Mercado e Comercialização de Produtos Orgânicos no Brasil

O mercado orgânico cresce mundialmente a taxas superiores a 10% ao ano, impulsionado pela demanda por alimentos saudáveis e pela valorização ambiental.

No Brasil, segundo o MAPA (2024), há mais de 27 mil produtores orgânicos cadastrados e cerca de 1,7 milhão de hectares certificados.

A comercialização pode ocorrer:

  • Diretamente, em feiras e cooperativas (controle social);
  • Indiretamente, por meio de varejistas e exportação (certificação obrigatória).

O consumidor brasileiro demonstra crescente confiança em selos oficiais, e as certificadoras nacionais têm ampliado parcerias com redes internacionais como IFOAM e Fair Trade.

Cadeia de Valor e Agregação

Os produtos orgânicos ganham valor ao integrar cadeias curtas de comercialização e mercados institucionais (como o PAA e o PNAE).

Além de alimentos in natura, cresce a oferta de processados orgânicos – sucos, óleos, cafés, farinhas e cosméticos vegetais.
Esse movimento amplia o alcance socioeconômico da agricultura orgânica, fortalecendo a economia local e regional.

Desafios e Perspectivas da Agricultura Orgânica no Brasil

Apesar do crescimento, o setor enfrenta barreiras estruturais: falta de assistência técnica rural, baixo investimento em pesquisa aplicada, custo elevado de certificação e limitações de logística e escoamento.

Há também a necessidade de formação continuada de técnicos e de ampliação das políticas públicas de incentivo à produção orgânica.

Programas como o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) têm contribuído para expandir o consumo institucional de alimentos orgânicos.

A médio prazo, a expectativa é que o setor consolide uma infraestrutura de apoio técnico e redes cooperativas regionais, promovendo a inserção de pequenos produtores em mercados nacionais e internacionais.

Conclusão

A agricultura orgânica representa um modelo agrícola equilibrado, pautado na ecologia, ética e qualidade alimentar.
Mais do que uma técnica de cultivo, ela expressa uma visão sistêmica do ambiente, em que o solo, as plantas e os seres humanos coexistem em interdependência.

O futuro da agricultura orgânica no Brasil depende da integração entre pesquisa, extensão e políticas públicas, do fortalecimento da certificação participativa e da educação do consumidor.
Com isso, será possível consolidar um sistema agrícola que preserve a vida, promova a saúde e mantenha o campo como espaço de cultura e prosperidade.

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Referências

EMBRAPA. Manual de adubação e calagem para o Estado de Goiás. 5. ed. Goiânia: Embrapa Arroz e Feijão, 2011. 289 p.

EMBRAPA. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes em sistemas orgânicos de produção. Brasília, DF: Embrapa, 2019. 186 p. (Documentos, 274).

EMBRAPA. Biofertilizantes: princípios, preparo e uso na agricultura. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2020. 42 p. (Circular Técnica, 134).

KIEHL, E. J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto. 4. ed. Piracicaba: Agronômica Ceres, 2010. 172 p.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres, 2006. 638 p.

BETTIOL, W.; MORANDI, M. A. B. (orgs.). Biocontrole de doenças de plantas: uso e perspectivas. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2009. 341 p.

GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p.

MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária. Catálogo de produtos fitossanitários registrados para uso na agricultura orgânica. Brasília, DF: MAPA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/produtos-fitossanitarios/. Acesso em: 15 out. 2025.

Sobre o autor:

Alasse Oliveira

Alasse Oliveira da Silva

Doutorando em Produção Vegetal (ESALQ/USP)

  • Engenheiro agrônomo (UFRA) e Técnico em agronegócio
  • Mestre e especialista em Produção Vegetal (ESALQ/USP)
  • [email protected]
  • Perfil do Linkedin
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Como citar este artigo:

SILVA, A.O. Agricultura Orgânica: Princípios, Técnicas e Regulamentação no Brasil. Blog Agroadvance. Publicado: 22 Out 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-organica/. Data de acesso: 22 out. 2025.

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