A expansão das lavouras de cana-de-açúcar e soja no Brasil impulsionou a adoção da colheita mecanizada, uma solução eficiente para atender à crescente demanda e otimizar a produção.

No entanto, a variabilidade das condições de relevo, solo e clima nas diferentes regiões produtoras exige uma análise cuidadosa na escolha das colhedoras mais adequadas para cada situação.

Essas características locais influenciam na definição das estratégias para garantir o máximo rendimento operacional e econômico da colheita, sem comprometer a qualidade da matéria-prima colhida.

A eficiência na colheita é um dos fatores-chave para o sucesso da produção agrícola, especialmente com o uso de máquinas modernas e a aplicação da colheitabilidade.

“Você sabia que a colheitabilidade pode ser o segredo para alcançar uma colheita mais eficaz e com menos perdas para soja e cana?”

Neste artigo, vamos explorar o que é colheitabilidade, como ela impacta a produtividade e a qualidade da colheita, e como o índice de colheitabilidade pode ser uma ferramenta agronômica para facilitar as operações no campo, seja na colheita de grãos ou na cana-de-açúcar.

Vamos lá? Boa leitura!

O que é COLHEITABILIDADE?

 A “colheitabilidade” refere-se à facilidade e eficiência com que uma cultura pode ser colhida, principalmente de forma mecanizada, considerando as condições agronômicas e operacionais do campo. Embora o conceito ainda não tenha uma definição oficial em normas técnicas, ele se popularizou entre especialistas do setor agrícola.

Fatores como relevo, solo, clima, e as características específicas das culturas influenciam, influenciam diretamente a colheitabilidade, ou a capacidade de um sistema de colheita mecanizada lidar com uma cultura sem causar danos ou perdas e trazendo a maior rentabilidade possível.

No caso da cana-de-açúcar, por exemplo, a colheitabilidade pode ser avaliada utilizando o índice de colheitabilidade, que analisa variáveis como porte do canavial, produtividade agrícola, sistematização do plantio, nivelamento do terreno, alinhamento das fileiras e posição das soqueiras (Ramos, 2016). Essa ferramenta orienta ajustes nas operações para garantir uma colheita mais eficiente e rentável, garantindo maior qualidade da matéria-prima colhida e minimizando perdas.

Índice de Colheitabilidade na cana-de-açúcar

O índice de colheitabilidade da cana-de-açúcar, conforme descrito na tese de Ramos (2016), é uma ferramenta usada para avaliar as condições de um canavial, com foco na eficiência e qualidade da operação de colheita mecanizada.

Este índice é calculado a partir de uma metodologia que leva em consideração uma série de fatores que impactam diretamente o desempenho das colhedoras e a qualidade da matéria-prima colhida. Vamos entender quais itens compõem esse índice?

O cálculo do índice de colheitabilidade (ICO) é feito por meio da seguinte fórmula:

Em que:

ICO = Índice de Colheitabilidade;

F = Fator de influência;

P = Peso atribuído ao respectivo fator;

Fatores que influenciam o Índice de Colheitabilidade

• PORTE DO CANAVIAL

Considera a posição dos colmos em relação ao solo: colmos eretos, acamados ou deitados (Figura 1). Este fator é importante, pois influencia diretamente a capacidade das colhedoras em realizar um corte eficiente.

• PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA

 

A quantidade de cana disponível para colheita. Áreas mais produtivas exigem ajustes na velocidade e no desempenho das máquinas.

• SISTEMATIZAÇÃO E NIVELAMENTO DO TERRENO

O alinhamento e o nível do solo são importantes para o desempenho das máquinas. Terrenos irregulares pode aumentar as perdas e prejudicar a operação.

• DECLIVIDADE DO SOLO

 

A inclinação do terreno pode dificultar a colheita e aumentar o desgaste das máquinas, afetando a segurança e a eficiência das colhedoras (Tabela 1).

Tabela 1. Critérios para a atribuição da nota para o fator declividade do solo

DECLIVIDADE	AVALIAÇÃO	NOTA
Acima do Limite Máximo Recomendado (12°)	MUITO RUIM	1
Inclinação Alta (9,1° a 12°)	RUIM	2
Inclinação Média (6,1° a 9°)	REGULAR	3
Inclinação Baixa (3,1° a 6°)	BOM	4
Plano (0 a 3°)	ÓTIMO	5

• ALINHAMENTO ENTRE FILEIRAS

A disposição das fileiras de cana-de-açúcar também impacta na eficiência das colhedoras, pois um alinhamento inadequado pode causar falhas na operação.

• POSIÇÃO DAS SOQUEIRAS

 

A base da planta deve estar posicionada corretamente para evitar danos durante o corte. Na Figura 2 são representados alguns possíveis posicionamento das touceiras de cana, que podem afetar o índice de colheitabilidade.

Esses fatores são avaliados em notas de 1 a 5, com base nas condições observadas no campo, permitindo identificar gargalos e implementar melhorias específicas para cada situação.

Índice de Colheitabilidade na prática

A metodologia foi testada em diferentes áreas de canaviais com características variadas, incluindo produtividade e tipo de solo (Ramos, 2016).

Os fatores foram avaliados por meio de um sistema de notas (de 1 a 5), sendo a menor nota associada às piores condições e a maior às melhores condições para cada fator.

Os resultados mostram que a produtividade agrícola tem grande influência sobre o índice de colheitabilidade.

Em áreas com maior produtividade, o índice de colheitabilidade tende a ser mais alto, indicando condições melhores para a operação de colheita, enquanto canaviais com menor produtividade podem apresentar maiores dificuldades operacionais, mesmo que outros fatores, como declividade ou alinhamento, sejam favoráveis fornece uma base sólida para ajustes operacionais nas colhedoras, visando otimizar tanto o desempenho quanto a qualidade da colheita.

Colheitabilidade na colheita de grãos

Culturas como soja e milho também pode se beneficiar do conceito de colheitabilidade, que envolve fatores agronômicos e operacionais do campo para garantir maior produtividade e rentabilidade da cultura a ser colhida.

Para melhorar a colheitabilidade dessas culturas, existem soluções tecnológicas avançadas que aumentam a eficiência das operações de colheita, resultando em menores perdas e maior qualidade dos grãos colhidos. Máquinas modernas, como as colhedoras axiais e híbridas da Massey Ferguson, trazem inovações que aumentam a eficiência e reduzem perdas. Vejamos a seguir:

Máquinas e Tecnologias para aprimorar a colheitabilidade

Colhedoras Axiais

As colhedoras Axiais da Massey Ferguson são equipadas com o sistema de processamento Trident, que oferece uma das maiores áreas de trilha e separação do mercado. O sistema é projetado para lidar com grandes volumes de grãos, como milho e soja, com eficiência superior.

As colhedoras possuem um grande diâmetro de rotor e dupla cascata com ventilação, que asseguram alta qualidade dos grãos e a máxima separação, mesmo em condições desafiadoras de campo. Como resultado, os produtores conseguem uma colheita mais rápida e com menos perdas, ampliando os ganhos a cada safra.

Colhedoras Híbridas

As colhedoras híbridas da Massey Ferguson foram desenvolvidas para otimizar a colheita de diferentes tipos de grãos, como milho, soja e trigo, permitindo a troca eficiente entre as culturas.

Equipadas com motor eletrônico AGCO Power, essas máquinas oferecem maior controle e praticidade para o operador, ajustando-se rapidamente às condições do campo e da lavoura.

Essas colhedoras são projetadas para aumentar a disponibilidade operacional, reduzir o tempo de inatividade e gerar economias de combustível, o que pode resultar em uma quitação antecipada do financiamento, de 1 a 2 anos antes do previsto.

Tecnologia de Reposicionamento de Colheitadeiras

A Tecnologia de Reposicionamento de Colheitadeiras visa otimizar o tempo de colheita e reduzir custos. Essa tecnologia permite finalizar a colheita de 1 a 2 dias antes, além de proporcionar até 25% de economia de combustível.

Com a possibilidade de ajustes rápidos para se adaptar a diferentes tipos de solo e condições de campo, a tecnologia melhora significativamente a eficiência da operação e a rentabilidade, permitindo aos produtores obterem melhores resultados financeiros ao reduzir o tempo de operação e aumentar a produtividade do campo.

Impacto na Eficiência e Rentabilidade

Essas tecnologias avançadas não só aumentam a eficiência operacional das máquinas, mas também proporcionam maiores ganhos financeiros aos produtores de grãos, como milho e soja.

O uso das colhedoras com colheitabilidade reduzem as perdas durante a colheita, melhoram a qualidade do grão e oferecem economias de combustível e manutenção.

COMO MELHORAR A COLHEITABILIDADE?

A eficiência da colheira envolve uma combinação de boas práticas agrícolas e o uso adequado de tecnologias de colheita.

Aqui estão algumas estratégias para otimizar a colheitabilidade e garantir uma colheita mais eficiente e com menor impacto na qualidade da matéria-prima:

1. ESCOLHA DAS VARIEDADES/CULTIVARES ADEQUADAS

Optar por material genético que se adaptem bem às condições locais de solo, clima e relevo pode facilitar o processo de colheita.

Na cana, variedades mais uniformes e com colmos eretos, por exemplo, são mais fáceis de serem cortadas pelas máquinas, resultando em menos perdas e danos.

2. SISTEMATIZAÇÃO E NIVELAMENTO DO TERRENO

A sistematização do plantio e o nivelamento adequado do terreno são essenciais para garantir que as colhedoras operem de maneira eficiente.

Terrenos bem preparados evitam problemas como deslizamentos, que podem dificultar a operação das máquinas e aumentar as perdas de cana e soja. Além disso, o nivelamento do solo ajuda a minimizar o impacto do relevo na operação de colheita.

3. MANUTENÇÃO E AJUSTE DAS MÁQUINAS

As colhedoras devem ser regularmente mantidas e ajustadas conforme as características do canavial ou da área de soja.

Ajustes na altura de corte, rotação do extrator primário e velocidade de trabalho podem otimizar o desempenho das máquinas, dependendo das condições do terreno e da produtividade agrícola.

A manutenção preventiva também é fundamental para evitar falhas operacionais e perdas durante a colheita.

4. MONITORAMENTO DE CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E DE SOLO

Realizar um monitoramento contínuo das condições climáticas e do solo pode ajudar na tomada de decisões sobre o melhor momento para a colheita.

O monitoramento de parâmetros como umidade do solo, temperatura e precipitação permite ajustar as operações para garantir que a cana seja colhida no ponto ideal de maturação, minimizando as perdas.

5. ALINHAMENTO ADEQUADO DAS FILEIRAS

O alinhamento das fileiras de cana-de-açúcar deve ser feito de forma precisa para garantir que as máquinas colhedoras operem de maneira eficiente.

Fileiras desalinhadas dificultam o corte e aumentam o risco de falhas durante a colheita.

Investir em tecnologias de plantio e máquinas com sistemas de navegação precisa pode melhorar significativamente o alinhamento das fileiras.

6. AJUSTE DA VELOCIDADE DE COLHEITA

A velocidade de operação das colhedoras deve ser ajustada de acordo com a produtividade do canavial e as condições do terreno.

Em áreas com alta produtividade, é necessário aumentar a velocidade para otimizar o processo, enquanto em áreas com menor produtividade ou terrenos mais difíceis, uma velocidade reduzida pode evitar danos à cana e ao solo, além de melhorar a eficiência do corte.

7. CAPACITAÇÃO DE EQUIPES

Investir na capacitação das equipes de operação é fundamental para garantir o bom uso das tecnologias e das máquinas.

Colhedores bem treinados sabem como ajustar as configurações das máquinas para diferentes condições, além de identificar problemas operacionais antes que eles causem danos.

O treinamento contínuo garante que as melhores práticas sejam aplicadas em campo, otimizando a operação de colheita.

8. USO DE TECNOLOGIA DE MONITORAMENTO

A adoção de tecnologias de monitoramento em tempo real, como sensores e sistemas de GPS, permite acompanhar o desempenho das colhedoras durante a operação.

Esses sistemas podem fornecer dados sobre perdas de cana, eficiência do corte, altura do toco e outras variáveis, possibilitando ajustes imediatos para melhorar a colheitabilidade e reduzir desperdícios.

9. ANÁLISE DO ÍNDICE DE COLHEITABILIDADE

A avaliação contínua do índice de colheitabilidade em diferentes áreas do canavial é uma prática importante para ajustar as operações de colheita conforme as condições locais.

Isso permite identificar áreas problemáticas, como terrenos inclinados ou fileiras mal alinhadas, e adotar soluções específicas para otimizar a colheita nessas regiões.

10. USO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS NAS MÁQUINAS

Investir em colhedoras equipadas com tecnologias avançadas, como sistemas de controle eletrônico e automação, pode aumentar a eficiência da colheita.

Máquinas que ajustam automaticamente a altura de corte, a velocidade e a rotação conforme as condições do campo são mais eficientes e menos suscetíveis a perdas.

Conclusão

A colheitabilidade é um fator determinante para otimizar a eficiência da colheita e garantir a qualidade da matéria-prima da cana e soja.

A aplicação de boas práticas agrícolas e o uso adequado das tecnologias de colheita, como as colhedoras avançadas e o monitoramento contínuo das condições de solo e clima, são fundamentais para reduzir perdas e maximizar os rendimentos.

Investir na escolha de variedades adaptadas, no alinhamento das fileiras e na capacitação das equipes operacionais, além de adotar tecnologias de precisão, são passos importantes para melhorar a colheitabilidade, tanto na cana-de-açúcar quanto em grãos como a soja.

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Referências

RAMOS, Carlos Renato Guedes. Metodologia para determinação do índice de colheitabilidade para avaliar a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. 2016. 119 f. Tese (Doutorado em Ciências Agronômicas) — Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2016. Orientador: Kléber Pereira Lanças.

RIPOLI, M. L. C. Tempo de qualidade e redução de custos na colheita mecanizada. In: SEMINÁRIO DE MECANIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, 16., Ribeirão Preto. Anais… Ribeirão Preto, IDEA, 2014. p. 1-31.

Sobre o autor:

Como citar este artigo:

SILVA, A.O. Colheitabilidade: o que é e como aumentar a eficiência da colheita na sua lavoura? Blog Agroadvance. 2024. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-colheitabilidade/. Acesso: xx Xxx. 20xx.