O crescimento saudável das plantas depende do fornecimento equilibrado de nutrientes essenciais, classificados em macronutrientes e micronutrientes.
Enquanto os macronutrientes são necessários em grandes quantidades, os micronutrientes, embora requeridos em menores proporções, desempenham papéis críticos no metabolismo vegetal.
A deficiência ou o excesso de macro e micronutrientes para as plantas pode comprometer a produtividade agrícola e a resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos. Vamos entender mais sobre o assunto? Acompanhe!
Nutrientes vegetais
Essenciais para a vida das plantas, os nutrientes vegetais foram descobertos a partir do século XIX por Baron Justus Von Liebig, e definidos a partir dos critérios de essencialidade dos nutrientes.
Existem atualmente 17 elementos essenciais (ou nutrientes essenciais) para o crescimento vegetal (Figura1), que podem ser divididos em:
- Orgânicos: C, H e O;
- Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S;
- Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn;

Macronutrientes e seu Papel nas Plantas
Os macronutrientes são os nutrientes absorvidos em grandes quantidades pelas plantas – na ordem de gramas do nutriente por quilo de massa seca das plantas (g kg-1) e constituem aproximadamente 99,5% da massa seca vegetal.
Carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) são conhecidos como elementos estruturais orgânicos que vêm do ar (CO2) e da água.
Nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) são os macronutrientes primários, sendo adicionados ao solo no momento da semeadura ou em cobertura. Esses macronutrientes são adquiridos pelas plantas a partir do solo, fertilizantes e outras fontes.
Cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) são considerados macronutrientes secundários e são fornecidos principalmente na correção do solo, com a aplicação e calcário e gesso.
Vejamos a seguir algumas das principais funções dos macronutrientes:
- Nitrogênio (N): Essencial para o crescimento vegetativo, já que é parte dos aminoácidos e proteínas.
- Fósforo (P): Fundamental para a formação de DNA, RNA e ATP, que são cruciais para o metabolismo energético.
- Potássio (K): Ajuda na regulação da abertura dos estômatos e no transporte de água e nutrientes.
- Cálcio (Ca): Necessário para a estrutura das células e a ativação de enzimas.
- Magnésio (Mg): Um componente central da clorofila, essencial para a fotossíntese.
- Enxofre (S): Integrante de aminoácidos e proteínas, também participa da síntese de vitaminas.
Micronutrientes
Os micronutrientes são essenciais para diversas funções fisiológicas, mesmo sendo requeridos em pequenas quantidades – normalmente inferiores a 100 miligramas do nutriente para cada quilo de massa seca vegetal (mg kg-1). Eles incluem Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Níquel (Ni) e Zinco (Zn).
Os micronutrientes constituem apenas cerca de 0,5% da massa seca das plantas. Ainda assim, a resistência a doenças e a produção das culturas são mantidas pelos micronutrientes.
As principais atividades de absorção e metabolismo de nutrientes nas plantas e diversos processos, como o desenvolvimento da parede celular das plantas, fotossíntese, atividades respiratórias, formação de clorofila, atividade das enzimas, síntese de hormônios, fixação de nitrogênio e atividades de redução, entre outros, são influenciados pelos micronutrientes (Figura 2).
Vejamos a seguir as principais funções de cada micronutriente:
- Boro (B): Essencial para a formação da parede celular e desenvolvimento reprodutivo.
- Cloro (Cl): Envolvido na fotossíntese e no balanço hídrico.
- Cobre (Cu): Necessário para a fotossíntese e a lignificação da parede celular.
- Ferro (Fe): Fundamental para a síntese de clorofila e transporte de elétrons na fotossíntese.
- Manganês (Mn): Importante para a ativação de enzimas e metabolismo do nitrogênio.
- Molibdênio (Mo): Necessário para a fixação biológica do N.
- Níquel (Ni): Essencial para a ativação da urease, hidrogenase e o metabolismo do N.
- Zinco (Zn): Ativador enzimático envolvido na síntese de hormônios e crescimento celular.
A presença dos micronutrientes em concentrações adequadas no tecido vegetal desencadeia uma série de respostas positivas das plantas, protegendo-as dos efeitos adversos de diversos estresses bióticos e abióticos, conforme ilustrado na Figura 2.

Cada organismo necessita de um suprimento adequado desses micronutrientes, o que exige uma rede completa de homeostase de metais, incluindo sua absorção e acúmulo na planta, mobilização, armazenamento e transporte intracelular.
O fornecimento insuficiente ou a baixa disponibilidade desses elementos pode resultar na limitação da produtividade agrícola em escala global. Portanto, as plantas requerem um suprimento contínuo e adequado desses micronutrientes durante todo o seu ciclo de crescimento para garantir uma produtividade ideal.
Deficiência e Excesso de macro e micronutrientes para as plantas
A deficiência ou aplicação excessiva dos macro e micronutrientes para as plantas pode levar a vários distúrbios, tanto para a planta quanto para os frutos/sementes.
As deficiências dos macronutrientes estão ligadas principalmente com o menor crescimento vegetal e diminuição da produtividade das culturas.
Por exemplo, baixos níveis de nitrogênio (N) levam à redução no crescimento da planta e na quantidade de proteínas, pois o N é uma matéria-prima essencial para sua síntese.
Da mesma forma, baixos níveis de potássio (K) reduzem a ativação de enzimas envolvidas no metabolismo de carboidratos para a produção de aminoácidos e proteínas e as plantas apresentam crescimento lento, sistema radicular mal desenvolvidos e colmos frágeis, sendo comum o acamamento.
Os baixos níveis de magnésio (Mg) e potássio (K) podem comprometer a distribuição de carboidratos na planta, resultando na diminuição do tamanho e qualidade de frutos/sementes.
Por outro lado, as deficiências de micronutrientes podem induzir diversas doenças nas plantas e, posteriormente, podem reduzir a qualidade e a quantidade dos alimentos (Figura 3).
A deficiência de macro e micronutrientes é identificada por meio de análises de solo e de tecidos vegetais, além da diagnose visual (que deve ser certificada pela diagnose foliar).

A faixa de deficiência e toxicidade dos nutrientes é estreita, principalmente no caso dos micronutrientes (Figura 3).
A toxicidade de micronutrientes pode ocorrer devido ao excesso de fertilizantes, presença de sais na água de irrigação ou altos teores minerais no solo.
Sintomas como crescimento atrofiado e a clorose ocorrem devido a deficiência de micronutrientes como Mn, Mo, Cu, Ni e Zn.
Alguns dos principais sintomas de deficiência de nutrientes nas plantas incluem:
- Crescimento atrofiado: Esse é um sintoma comum observado em plantas. Isso ocorre quando os nutrientes envolvidos nas funções da planta são lentos e pequenos por natureza. As funções da planta incluem alongamento do caule, produção de proteínas e atividade fotossintética.
- Clorose: A fotossíntese e a produção de clorofila são importantes para as plantas. Quando os nutrientes são deficientes, ocorre a clorose. Esse sintoma pode ser visto na planta inteira ou na folha. A mudança na cor das folhas vai de verde claro para amarelo, ou manchas amarelas ou brancas localizadas.
- Clorose internerval: É descrita como o amarelamento da folha entre as nervuras. A folha permanece amarela, enquanto as nervuras ficam verdes. Isso ocorre quando há deficiência de nutrientes. Nutrientes como Boro, Zinco, Níquel e Manganês estão sujeitos a deficiências.
- Descoloração púrpura: Em caules e folhas da planta, ocorre descoloração vermelho-púrpura devido aos níveis de antocianina (pigmento roxo). Isso ocorre devido a temperaturas frias, seca, doença e acúmulo de antocianina.
- Necrose: Plantas afetadas por necrose ficam marrons e morrem. Isso é observado nas fases posteriores da deficiência. O tecido da planta morre.
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Estratégias de Manejo e Adubação de macro e micronutrientes para as plantas
Os macronutrientes, quando aplicados ao solo, aumentam a fertilidade, promovem a fixação biológica de nitrogênio nas raízes e favorecem o crescimento da planta, intensificando o desenvolvimento vegetativo e a produção de sementes e frutos.
Já os micronutrientes, quando aplicados via foliar, são rapidamente absorvidos, aumentando a mobilidade e disponibilidade dos nutrientes na planta.
As estratégias de manejo e adubação de macro e micronutrientes para as plantas envolvem:
- análise de solo: para diagnóstico de quais são as condições para o crescimento das plantas,
- consideração das necessidades nutricionais da planta: algumas plantas/cultivares são mais exigentes em alguns nutrientes específicos em detrimento a outros.
- escolha dos métodos de adubação: considerando o nutriente de interesse a ser adicionado e a sua dinâmica no sistema solo-planta-atmosfera
Mobilidade no solo e Local de aplicação
O local de aplicação dos nutrientes deve levar em conta sua mobilidade no solo. De maneira geral, os elementos nutricionais são classificados quanto à sua mobilidade, o que influencia diretamente a estratégia de adubação:
- Elementos de baixa mobilidade (como fósforo, molibdênio, cobre, ferro, manganês e zinco) devem ser aplicados de forma localizada, próximos ao sistema radicular, para garantir a absorção eficiente pela planta.
- Elementos de mobilidade intermediária (como nitrogênio na forma amoniacal, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e boro) devem ser incorporados ao solo e posicionados na zona radicular para garantir sua disponibilidade gradual.
- Elementos de alta mobilidade (como nitrogênio na forma nítrica e cloro) apresentam maior risco de lixiviação, devendo ser fornecidos de forma fracionada ao longo do ciclo da cultura para evitar perdas.
De forma geral, os macronutrientes são fornecidos principalmente via solo. No entanto, a forma de aplicação varia conforme sua mobilidade:
- Fósforo (baixa mobilidade) deve ser aplicado diretamente na adubação de plantio, próximo às raízes.
- Nitrogênio e potássio (mobilidade intermediária a alta) são aplicados parceladamente em cobertura para evitar perdas.
- Cálcio, magnésio e enxofre são disponibilizados principalmente por meio da calagem e da aplicação de gesso agrícola.
No caso dos micronutrientes, a adubação via solo é adotada para elementos como boro e zinco, mas pode haver desafios na distribuição uniforme. Assim, a aplicação foliar é uma alternativa eficaz para garantir a absorção e suprir deficiências de forma rápida e eficiente.
Na Figura 4, apresentamos um panorama detalhado da mobilidade e da estratégia de aplicação de cada nutriente vegetal.

Utilização do Melhoramento Genético
A deficiência mineral das plantas pode ser atenuada por meio do uso adequado de fertilizantes minerais e pela adoção de cultivares biofortificadas, desenvolvidas por melhoramento genético convencional ou engenharia genética. Além disso, práticas agrícolas sustentáveis e programas de melhoramento genético têm sido amplamente utilizados para aumentar a eficiência na absorção e no aproveitamento de nutrientes pelas plantas. Essas abordagens contribuem para a melhoria da nutrição vegetal e da fertilidade do solo, promovendo maior produtividade e sustentabilidade na agricultura.
Conclusão
O manejo adequado dos macro e micronutrientes para as plantas é garante o crescimento saudável das plantas, a produtividade agrícola e a resistência das culturas a estresses bióticos e abióticos.
A deficiência ou o excesso de nutrientes pode comprometer significativamente o desenvolvimento das plantas, reduzindo a produção e impactando a qualidade dos alimentos. Por isso, estratégias como análise de solo e tecido vegetal, diagnose visual e o uso racional de fertilizantes são fundamentais para um manejo nutricional eficiente.
Diante da crescente demanda por alimentos e da necessidade de maior eficiência produtiva, o conhecimento aprofundado sobre nutrição vegetal se torna um diferencial estratégico para profissionais do agronegócio. Investir em capacitação nessa área permite a adoção de práticas sustentáveis e tecnológicas, garantindo maior retorno econômico e ambiental para a agricultura.
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JOHNSON, V.J.; MIRZA, A. Role of Macro and Micronutrients in the Growth and Development of Plants. International Journal of Current Microbiology and Applied Sciences, v. 9, p. 576-587, 2020. DOI: 10.20546/ijcmas.2020.911.071
TRIPATHI, D.K.; SINGH, S.; SINGH, S.; MISHRA, S.; CHAUBAN, D.K.; DUBEY, N.K. Micronutrients and their diverse role in agricultural crops: advances and future prospective. Acta Physiol Plant. v. 37, article 139, 2015. DOI 10.1007/s11738-015-1870-3
Sobre a autora:

Beatriz Nastaro Boschiero
Especialista em Conteúdo na Agroadvance
- Pós-doutora pelo CTBE/CNPEM e CENA/USP
- Mestra e Doutora em Solos e Nutrição de Plantas (ESALQ/USP)
- Engenheira Agrônoma (UNESP/Botucatu)
BOSCHIERO, B.N. Macro e micronutrientes para as plantas: Importância, funções e manejo eficiente. Blog Agroadvance. 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-macro-e-micronutrientes-para-as-plantas/. Data de acesso: xx Xxx 20xx.