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Mancha alvo em soja e algodão: guia completo de manejo da Corynespora cassiicola

Guia completo sobre mancha alvo em soja e algodão causada por Corynespora cassiicola: sintomas, condições de risco, fungicidas eficazes e estratégias de manejo integrado.
  • Publicado em 17/12/2025
  • Alasse Oliveira da Silva
  • Algodão, Soja
  • Publicado em 17/12/2025
  • Alasse Oliveira da Silva
  • Algodão, Soja
  • Atualizado em 15/12/2025
mancha alvo na soja
Sumário

A mancha-alvo é uma doença fúngica que pode reduzir em até 40% a produtividade da soja em cultivares sensíveis e comprometer severamente a qualidade das fibras de algodão.

Causada pelo fungo Corynespora cassiicola, esta doença tem se tornado cada vez mais frequente nas lavouras brasileiras,  especialmente em regiões de clima quente e úmido do Cerrado e Norte do país.

Essa doença fúngica reduz a área foliar fotossintética, acelera a desfolha e compromete o enchimento de grãos e a qualidade de fibras e sementes.

Além disso, o patógeno exibe ampla polifagia, infectando diversas espécies cultivadas e daninhas, o que amplia a pressão de inóculo nos sistemas intensivos de produção.

Nos últimos anos, trabalhos da Embrapa Agrossilvipastoril e de redes cooperativas evidenciaram redução de sensibilidade do patógeno a grupos de fungicidas como carboxamidas (SDHI) e estrobilurinas (QoI), reforçando a urgência de um manejo integrado bem desenhado.

Neste artigo, você aprenderá a identificar os sintomas da mancha alvo, entender as condições que favorecem a doença e implementar estratégias eficazes de controle químico e cultural para proteger sua lavoura.

O que é a mancha-alvo? Conheça o Fungo Corynespora cassiicola

A mancha-alvo é uma doença fúngica que atinge diversas culturas, comerciais, com destaque para soja e algodão no cenário brasileiro.

Características do agente causal

O agente etiológico da mancha-alvo é Corynespora cassiicola, fungo do filo Ascomycota.

Este patógeno produz conídios alongados e multicelulares, dispersos principalmente por respingos de chuva e pelo vento.

Uma característica importante do fungo é sua capacidade de formar estruturas de resistência chamadas clamidósporos, que persistem no solo e em restos culturais por longos períodos.

Colônia do fungo Corynespora cassiicola causador da mancha-alvo em soja e algodão
Figura 1. Colônia de Corynespora cassiicola: agente etiológico da mancha-alvo em soja e algodão. Fonte: @plant_diseases_brazil / Foto: Monica Tamura (2019).

Estudos de Godoy et al. (2016), apontam que o patógeno apresenta elevada variabilidade genética, com grupos de compatibilidade distintos, o que impacta a resposta a fungicidas e a reação de cultivares.

Hospedeiros e distribuição: um patógeno polífago

Corynespora cassiicola é considerado um fungo cosmopolita e polífago, com registros em mais de 400 espécies vegetais. Entre os principais hospedeiros estão:

  • soja (Glycine max)
  • Algodão (Gossypium hirsutum)
  • Mamão (Carica papaya)
  • Seringueira (Hevea brasiliensis)
  • Tomate (Solanum lycopersicum)
  • Crotalária (Crotalaria spp.)
  • Várias plantas daninhas.

Essa ampla gama de hospedeiros aumenta significativamente a pressão de inóculo em sistemas agrícolas que rotacionam soja, algodão e outras culturas sensíveis. A presença de sucessões com culturas hospedeiras em poucas safras cria um ambiente favorável para a manutenção e multiplicação do patógeno.

A biologia de C. cassiicola reforça a importância estratégica da rotação com gramíneas não hospedeiras (milho, sorgo) e do manejo adequado de resíduos de colheita para reduzir o inóculo no sistema produtivo.

Sintomas da mancha-alvo em soja e algodão

Identificação visual nas folhas

Os sintomas clássicos da mancha-alvo em soja surgem inicialmente como pontos marrom-escuros com halo amarelado, localizados principalmente no baixeiro da planta.

Com o avanço da infecção, essas lesões evoluem para manchas circulares ou levemente irregulares, apresentando anéis concêntricos bem definidos, que lembram um alvo de tiro – característica que originou o nome da doença (figura 2).

Sintomas característicos de mancha-alvo em folhas de soja com anéis concêntricos
Figura 2. Plantas de soja exibindo sintomas característicos de mancha-alvo. Foto: Luana Maria de Rossi Belufi (2025).

Em estágios mais avançados, múltiplas lesões coalescem, formando áreas necróticas extensas que reduzem de maneira expressiva a área foliar fotossinteticamente ativa.

Esse padrão de sintomas se repete no algodoeiro, onde as folhas do terço médio e superior passam a exibir manchas-alvos que, ao se multiplicarem, aceleram a desfolha e encurtam o período de fotossíntese durante o enchimento das maçãs.

sintomas típicos de mancha alvo em algodão
Figura 3. Sintomas de mancha-alvo em folhas e brácteas do algodoeiro. Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture (2016).

Desfolha precoce e impacto na produtividade

A desfolha precoce é um dos efeitos agronômicos mais marcantes e prejudiciais da mancha-alvo. A destruição progressiva do tecido foliar reduz a capacidade fotossintética da planta, especialmente quando a doença progride para o terço superior durante as fases críticas de R5–R6 da soja e de enchimento de maçãs do algodoeiro.

Análises de rede conduzidas pela Embrapa Soja indicam correlação negativa forte entre severidade de mancha-alvo e produtividade de grãos, com coeficientes próximos de –0,95 em alguns conjuntos de ensaios. Na prática, isso significa que lavouras com alta severidade foliar tendem a apresentar queda expressiva de rendimento, mesmo quando outros fatores de manejo estão ajustados.

Lesões em hastes, vagens e raízes

Além das folhas, Corynespora cassiicola também pode causar lesões pardo-avermelhadas em hastes, ramos e pecíolos, frequentemente associadas a esporulação escura na superfície dos tecidos infectados.

Em vagens de soja, a doença resulta em pontos necróticos e deformações que podem afetar formação dos grãos e facilitar a entrada de outros patógenos oportunistas secundários.

sintomas de mancha alvo em folhas, hastes vagens em soja
Figura 4. (1A). Manifestação de mancha-alvo em folhas e vagens de soja. (1B). Ocorrência de mancha-alvo em folhas, vagens, hastes e pecíolos de soja, acompanhada da presença de Colletotrichum spp. Fonte:  Araujo Junior (2021).

Em condições de solo úmido e infecção radicular, observa-se coloração castanho-clara em raízes e formação de camada escurecida de conidióforos e conídios, intensificando o dano na planta e aumentando a fonte de inóculo no perfil do solo.

A sintomatologia também pode incluir manchas em grãos de soja, comprometendo a classificação comercial e a qualidade de sementes destinadas à próxima safra.

Diagnóstico diferencial de outras doenças foliares

Para diagnóstico preciso, é fundamental diferenciar a mancha-alvo de outras doenças foliares que apresentam sintomas similares (SOARES et al., 2009; GODOY et al., 2016):

  • Crestamento de Cercospora (Cercospora kikuchii): Lesões mais alongadas, com padrão diferente de coloração, sem os anéis concêntricos típicos da mancha-alvo.
  • Mancha-parda (Septoria glycines): Lesões menores, com textura geralmente aveludada e menor halo clorótico ao redor das manchas.
  • Antracnose (Colletotrichum truncatum): Pontos escuros com micélio e pontuações (acérvulos), presença de pústulas que podem distinguir a doença.

Dica prática: Priorize a inspeção no campo durante o amanhecer, quando as folhas estão molhadas e a conidiação do fungo é mais visível. Quando possível, confirme o diagnóstico com exame laboratorial através de isolamento e microscopia.

Epidemiologia da mancha-alvo no Brasil

Ocorrência em lavouras de soja

Na cultura da soja, a mancha-alvo ocorre em praticamente todas as macrorregiões produtoras do Brasil, com frequência mais elevada no Cerrado. Essa maior incidência se deve à combinação de fatores como semeadura precoce, clima quente e úmido e presença de cultivares sensíveis.

lesão de mancha alvo em folha de soja
Figura 5. Folíolo de soja com sintomas de mancha-alvo. Fonte: R. L. Benchimol (2023).

Relatórios da Embrapa Soja indicam que, desde a década de 2010, a doença passou de ocorrência esporádica para componente rotineiro do complexo de doenças foliares em vários estados brasileiros.

Na região Norte, o trabalho de Cardoso et al. (2019) em Paragominas (PA) mostrou alta severidade de mancha-alvo em todas as cultivares avaliadas, evidenciando que ambientes com umidade relativa superior a 80% e chuvas frequentes constituem cenário ideal para o desenvolvimento da doença.

área experimental de soja da embrapa
Figura 6. Área experimental da Fazenda Coopernorte com parcelas contendo diferentes cultivares de soja. Fonte: R. L. Benchimol, 2018.

Com a adoção crescente de cultivares transgênicas (IPRO) e a intensificação de safras sucessivas, a mancha-alvo tende a se manifestar mais cedo e em maior intensidade, sobretudo quando não há rotação com gramíneas ou quando o manejo de fungicidas se baseia apenas em moléculas sítio-específicas por vários ciclos seguidos.

Cenário no cultivo do algodão

No algodão, a mancha-alvo tem ampliado sua importância em polos de produção de Mato Grosso, Goiás e Bahia. Pesquisas conduzidas pelo Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e à Embrapa descrevem lesões foliares típicas, semelhantes às observadas em soja, associadas a desfolha intensa e impacto sobre peso e qualidade de fibras.

A presença do algodoeiro como hospedeiro em sequência à soja prolonga a permanência de C. cassiicola na paisagem agrícola, principalmente em áreas com sistema soja–algodão em rotação anual.

Folhas de algodoeiro afetadas por Corynespora cassiicola, agente da mancha alvo.
Figura 7. Folhas de algodoeiro afetadas por Corynespora cassiicola, agente da mancha-alvo. Fonte: Luiz Gonzaga Chitarra, Wirton Macedo Coutinho e Fabiano José Perina (Embrapa Algodão) (2024).

Quando o algodão é semeado em janelas precoces e enfrenta longos períodos de molhamento foliar, a mancha-alvo pode evoluir rapidamente, criando um grande reservatório significativo de inóculo para a safra de soja subsequente.

Fatores climáticos que favorecem a doença

A epidemiologia da mancha-alvo está diretamente vinculada a tr^s condições climáticas principais:

  1. Umidade relativa elevada (acima de 80%)
  2. Períodos prolongados de molhamento foliar (orvalho, chuvas frequentes)
  3. Temperaturas amenas (faixa de 23–25 °C).

Em trabalhos conduzidos pela Embrapa Agrossilvipastoril, a combinação dessas condições durante o período reprodutivo da soja resultou em alta severidade da doença, mesmo com aplicação de fungicidas.

Além dos fatores climáticos, práticas de manejo inadequadas criam microclima favorável ao patógeno:

  • uso de sementes sem certificação,
  • sucessão soja–algodão,
  • ausência de rotação com gramíneas e
  • densidade de plantas elevada.
  • Permanência prolongada de restos culturais na superfície

A presença de restos de cultura de soja e algodão na superfície do solo por mais de dois anos funciona como fonte constante de conídios e clamidósporos, alimentando novas epidemias sempre que as condições ambientais são favoráveis.

Por essa razão, o planejamento de calendarização de plantio, espaçamento, ventilação do dossel e gestão de palhada precisa ser alinhado com a realidade climática local e com o histórico de mancha-alvo de cada talhão.

Manejo integrado da mancha alvo

Manejo cultural e tratamento de sementes

No contexto de manejo integrado, o ponto de partida é o uso de sementes sadias e certificadas, com laudo indicando baixa incidência de Corynespora cassiicola.

A adoção de tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos e de contato, registrados para a patologia, reduz a infecção inicial em plântulas e diminui a presença do patógeno na fase inicial da lavoura (GODOY et al., 2016).

A rotação de culturas com milho, sorgo ou outras gramíneas não hospedeiras constitui pilar importante para reduzir a carga de inóculo no solo. Sistemas que alternam soja–algodão por vários anos, sem inserção de gramíneas, tendem a manter a doença em patamares elevados.

Em complemento, o manejo de restos culturais também é crítico. A decomposição acelerada da palhada ou, em sistemas que permitem, enterro profundo, reduz a sobrevivência de conídios e clamidósporos entre safras.

Ajustes de densidade de semeadura e espaçamento entre linhas também contribuem para reduzir o período de molhamento foliar. Dosséis muito fechados retêm umidade e facilitam a progressão da mancha-alvo, enquanto configurações mais equilibradas favorecem ventilação, secagem rápida das folhas e menor severidade observada ao longo do ciclo.

Escolha de cultivares e reação varietal

A reação de cultivares de soja e algodão à mancha-alvo varia de forma significativa entre materiais genéticos. No trabalho conduzido em Paragominas (PA), Cardoso et al. (2019) observaram que, embora todas as cultivares avaliadas apresentassem alta incidência da doença, a BRS 9090 RR tendeu a exibir menor severidade que as demais, mesmo sob condições climáticas bastante favoráveis ao patógeno.

Na prática, isso indica que, ao selecionar cultivares para áreas com histórico de mancha-alvo, o produtor deve:

  • Priorizar materiais com boa reação nas listas regionais de recomendação, mesmo quando o foco principal do programa de melhoramento não seja especificamente a resistência a C. cassiicola.
  • Evitar cultivares reconhecidamente sensíveis em áreas de alta pressão
  • Diversificar materiais genéticos para reduzir riscos

Em algodão, as opções com menor sensibilidade ainda são limitadas, o que aumenta a pressão sobre as demais táticas de manejo integrado.

Componentes do Manejo Integrado de Doenças em Sistemas Agrícolas.
Figura 8. Componentes do Manejo Integrado de Doenças em Sistemas Agrícolas. Fonte: Agromove (2021).

Manejo químico com fungicidas

Papéis dos fungicidas multissítio

Os fungicidas multissítio, como mancozebe, clorotalonil e oxicloreto de cobre, têm se destacado no manejo da mancha-alvo em soja, tanto isolados quanto em mistura com fungicidas sítio-específicos.

Ensaios da Embrapa Soja demonstram que a adição de mancozebe a misturas contendo SDHI, triazol e estrobilurina resultou em maior redução de severidade e melhor desempenho de rendimento em comparação às mesmas misturas sem o multissítio.

Além disso, os multissítios apresentam risco menor de seleção de populações resistentes por atuarem em vários processos metabólicos do fungo.

Estudos de Wruck et al. (2023) em Sinop (MT) indicaram que tratamentos com doses mais elevadas de mancozebe (dentro da faixa registrada) proporcionaram menores níveis de desfolha e maiores rendimentos de grãos, reforçando seu papel como componente-chave em programas de manejo químico da mancha-alvo.

Misturas triplas e desempenho em ensaios cooperativos

A Embrapa Soja avaliou 19 ensaios cooperativos na safra 2024/25 e mostrou que misturas triplas contendo metiltetraprole + protioconazol + mancozebe, bixafen + protioconazol + trifloxistrobina + mancozebe, fluxapiroxade + protioconazol + mancozebe e outros programas com SDHI + triazol + estrobilurina + multissítio apresentaram as menores severidades e as maiores produtividades médias.

Importante: tratamentos com mancozebe isolado e com carbendazim mostraram desempenho claramente inferior, reforçando a ideia de que o multissítio deve atuar como componente de mistura, e não como único pilar do programa.

Trabalhos de Wruck et al. (2023) corroboram essa observação ao relatar baixa resposta de carbendazim e boa performance de programas que combinam mancozebe com outras moléculas.

Gestão de resistência de Corynespora cassiicola a fungicidas

Relatórios do FRAC-BR (Comitê de Ação à Resistência a Fungicidas) e dados da Embrapa confirmam casos de populações de C. cassiicola com sensibilidade reduzida a SDHI e QoI, resultado de uso intenso e repetido desses grupos sem rotação adequada de mecanismos de ação.

Diante desse cenário, recomenda-se como estratégias para prevenir resistência:

  1. Limitar o número de aplicações de SDHI por safra (máximo de 2-3 aplicações),
  2. Rotacionar mecanismos de ação: alternar SDHI, triazóis, estrobilurinas e outros grupos,
  3. Manter multissítio presente nas janelas de maior risco para a doença: sempre incluir mancozebe ou clorotalonil nas janelas críticas.
  4. evitar a repetição da mesma mistura comercial por muitas safras na mesma área,
  5. Evitar subdosagens, que favorecem seleção de indivíduos menos sensíveis: respeitar rigorosamente as doses registradas na bula

A combinação de monitoramento de sensibilidade, rotação de grupos químicos e uso consistente de multissítios é central para preservar a utilidade dos principais fungicidas disponíveis para mancha-alvo em soja e algodão.

Integração com sistemas soja–algodão

Em propriedades que operam com sistemas soja–algodão, o desenho do manejo de mancha-alvo precisa ser pensado em escala de ano agrícola completo. A presença de C. cassiicola nos dois cultivos favorece a sequência de ciclos do patógeno, especialmente quando não há inserção de gramíneas não hospedeiras na rotação.

Dinâmica de interação entre Corynespora cassiicola e a planta de soja ao longo do processo infeccioso.
Figura 9. Dinâmica de interação entre Corynespora cassiicola e a planta de soja ao longo do processo infeccioso. Fonte: Avozani (2012) apud Araujo Junior (2021).

Nesse contexto, as recomendações de manejo para prevenção da mancha-alvo incluem:

  • Ajustar programas de fungicidas específicos para cada cultura,
  • Considerar a introdução de milho safrinha, sorgo ou outro cereal em algum ponto do ciclo plurianual,
  • Reduzir o uso de cultivares altamente sensíveis nas duas espécies
  • Revisar datas de plantio, evitando janelas em que alta umidade e temperaturas amenas se repetem ano após ano.
  • Implementar pousio estratégico em áreas de alta pressão

O manejo integrado em sistemas complexos exige visão sistêmica e planejamento de médio prazo, não apenas decisões táticas safra a safra.

Pontos críticos de monitoramento em campo

O monitoramento da mancha-alvo deve priorizar, inicialmente, o terço inferior da soja e do algodão, onde surgem as primeiras lesões.  A partir da constatação de manchas típicas com anéis concêntricos, associadas a previsão de chuvas e estádios entre R1 e R3 da soja, a equipe técnica precisa alinhar o calendário de aplicações de fungicidas dentro do plano de manejo estabelecido.

Outro ponto crítico é a avaliação da severidade foliar em estádios de enchimento de grãos. Quando a doença supera patamares de 20% de área foliar afetada no terço médio, a perda de rendimento tende a ser significativa, mesmo em lavouras com nutrição e outras práticas agronômicas ajustadas.

O uso de escalas diagramáticas, como a proposta por Soares et al. (2009), contribui para padronizar notas de severidade e melhorar a qualidade da tomada de decisão. A quantificação precisa permite:

  • Comparar eficácia de tratamentos
  • Determinar momento ideal de aplicação
  • Estimar potencial de perdas
  • Ajustar estratégias durante a safra

Dica prática: Realize o monitoramento semanalmente a partir do início do florescimento, com atenção especial após períodos de chuva intensa ou quando a umidade relativa permanecer acima de 80% por vários dias consecutivos.

escala diagramática mancha alvo na soja
Figura 10. Escala diagramática utilizada na quantificação da severidade da mancha-alvo em soja. Fonte: Soares et al. (2009).

Lacunas de conhecimento e perspectivas futuras

Apesar dos avanços no entendimento da mancha-alvo em soja e algodão, ainda existem lacunas importantes na fitopatologia de Corynespora cassiicola, que demandam pesquisas constantes.

Melhoramento genético: A ausência de cultivares com alta resistência nas duas espécies mantém elevada a dependência de fungicidas, o que pressiona a evolução de populações resistentes e exige processos contínuos de monitoramento de sensibilidade e desenvolvimento de novas moléculas.

Tecnologia de detecção precoce: o uso de sensoriamento remoto e índices vegetativos (como NDVI e NDRE) para detectar desfolha e redução de área verde associadas à mancha-alvo antes que os sintomas sejam claramente visíveis a olho nu, representa uma fronteira promissora. A integração desses dados com modelos epidemiológicos pode apoiar decisões de manejo químico mais pontuais, reduzindo aplicações desnecessárias e otimizando o uso de recursos.

Microbiologia do sistema: a relação entre microbioma de solo e de folhas, sistemas de manejo de palhada e pressão de C. cassiicola ainda demanda ensaios de longo prazo, principalmente em ambientes de plantio direto consolidado, em que a decomposição de resíduos é mais lenta e o patógeno encontra ambiente favorável à sobrevivência.

Controle biológico: A pesquisa com agentes de biocontrole específicos para Corynespora cassiicola ainda é incipiente no Brasil, mas representa uma possibilidade futura de complementar as estratégias de manejo integrado.

Conclusão

A mancha-alvo em soja e algodão, causada por Corynespora cassiicola, representa hoje um dos principais desafios fitossanitários da agricultura brasileira, em especial em regiões de clima quente-úmido, com alta umidade relativa e sistemas intensivos de produção.

A combinação de alto potencial de dano, amplo espectro de hospedeiros e casos confirmados de redução de sensibilidade a fungicidas reforça a importância de uma visão integrada, que conecte:

  • manejo cultural (rotação, sementes, densidade)
  • escolha de cultivares
  • monitoramento sistemático da lavoura,
  • programas de fungicidas bem estruturados.

Os resultados de ensaios cooperativos da Embrapa, bem como estudos regionais no Norte e Centro-Oeste, demostraram que programas que associam fungicidas multissítio a misturas triplas de SDHI, triazóis e estrobilurinas, alinhados a rotação com gramíneas e monitoramento sistemático da lavoura, apresentam melhor resposta agronômica sob alta pressão da doença.

Para produtores, consultores e pesquisadores, compreender a epidemiologia, reconhecer precocemente os sintomas e estruturar o manejo da mancha-alvo dentro do sistema soja–algodão são pontos centrais para preservar rendimento, qualidade de grãos e qualidade de fibras, mantendo a competitividade dos sistemas agrícolas frente a esse patógeno cada vez mais presente no campo.

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Referências

CARDOSO, R. S. et al. Mancha-alvo em cultivares de soja no município de Paragominas, PA. In: Anais PIBIC/CNPq/Embrapa Amazônia Oriental, 2019.

GODOY, C. V. et al. Doenças da soja. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. (Org.). Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 5. ed. São Paulo: Ceres, 2016.

GODOY, C. V. et al. Eficácia de fungicidas para a mancha-alvo na cultura da soja, safra 2024/2025: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos. Embrapa Soja, Circular Técnica 213, Londrina, 2025.

SOARES, R. M.; GODOY, C. V.; OLIVEIRA, M. C. Escala diagramática para avaliação da severidade de mancha-alvo em soja. Embrapa Soja, 2009.

WRUCK, D. S. M.; RAMOS JUNIOR, E. U.; VERSARI, L. R. Desempenho de fungicidas no manejo de mancha-alvo na cultura da soja. Embrapa Agrossilvipastoril, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 15, Sinop, 2023.

Sobre o autor:

Alasse Oliveira

Alasse Oliveira da Silva

Doutorando em Produção Vegetal (ESALQ/USP)

  • Engenheiro agrônomo (UFRA) e Técnico em agronegócio
  • Mestre e especialista em Produção Vegetal (ESALQ/USP)
  • alasse.oliveira77@gmail.com
  • Perfil do Linkedin
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Como citar este artigo:

SILVA, A. O. Mancha-alvo em soja e algodão: entenda o fungo Corynespora cassiicola, sintomas, epidemiologia e manejo integrado. Blog Agroadvance. Publicado: 17 Dez. 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-mancha-alvo-na-soja-e-algodao/. Acesso: 18 dez. 2025.

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