O tratamento de sementes é fundamental para garantir a qualidade e produtividade das culturas agrícolas. Conheça os produtos utilizados e a importância dessa prática agrícola e aumente a produtividade da sua lavoura.
O tratamento de sementes (TS) consiste na aplicação de produtos químicos, biológicos ou outros nas sementes antes do plantio, com o objetivo de protegê-las contra pragas, doenças e outros fatores que podem afetar seu desenvolvimento.
A importância do tratamento de sementes é evidente quando se considera os benefícios que ele pode trazer para a produção agrícola.
Essa prática pode aumentar a germinação e o vigor das sementes, melhorar a emergência das plântulas e aumentar a resistência das plantas a doenças e pragas.
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Qual o propósito do tratamento de sementes?
A aplicação de técnicas e agentes biológicos, físicos e químicos nas sementes, é conhecida como tratamento de sementes.
Esta técnica é uma das formas mais eficientes de promover o crescimento saudável das plântulas e minimizar os obstáculos que elas podem enfrentar, fornecendo a proteção necessária para se desenvolver satisfatoriamente.
O tratamento de sementes permite aos agricultores proteger suas culturas no início do ciclo de crescimento de maneira direcionada e eficiente em termos de recursos.
Além disso, o tratamento de sementes pode aumentar a resistência das plantas a estresses ambientais, como secas ou temperaturas extremas.
Figura 1. Tratamento de sementes de soja. Fonte: Portal do Agronegócio (2021).
Tecnologias no tratamento de sementes
Existem várias tecnologias disponíveis para o tratamento de sementes, que vão desde o uso de produtos químicos específicos até o uso de agentes biológicos.
O tratamento químico envolve o uso de fungicidas, inseticidas e outros produtos para proteger as sementes contra pragas e doenças.
Alguns fungicidas são utilizados no tratamento de sementes, principalmente soja e milho para controlar doenças fúngicas. A frente iremos abordar os principais grupos usados em cada uma dessas culturas agrícolas.
Por exemplo, a azoxistrobina é usada para controlar doenças fúngicas em ambas as culturas, enquanto a carboxina é usada para controlar oídio e outras doenças fúngicas em milho.
Além disso, o mefenoxam e o metalaxil são usados para combater os fungos Pythium e Phytophthora em soja e milho.
O tratamento biológico utiliza microrganismos benéficos para promover o crescimento saudável das plantas.
Esse tratamento utiliza microrganismos como bactérias fixadoras de nitrogênio, fungos micorrízicos e bactérias promotoras do crescimento de plantas.
Esses microrganismos podem ajudar a melhorar a nutrição das plantas, aumentar a resistência a doenças e pragas e melhorar a tolerância a estresses ambientais.
Alguns exemplos de produtos biológicos utilizados no tratamento de sementes, principalmente de soja e milho, incluem inoculantes à base de Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum brasilense para soja e inoculantes à base de Azospirillum brasilense para milho.
O tratamento físico pode incluir o uso de calor, radiação ou outros métodos para eliminar patógenos ou pragas nas sementes.
O tratamento de revestimento adiciona materiais às sementes para melhorar sua aderência e proteção.
Tipos de tratamentos de sementes
Existem duas modalidades de tratamento de sementes que podem ser utilizadas pelos produtores rurais: o Tratamento Convencional (on farm)e o Tratamento Industrial de Sementes (TIS).
- 1. Tratamento convencional (on farm), é uma prática que consiste em aplicar produtos químicos ou biológicos nas sementes na própria propriedade, pouco antes do plantio.
Pode ser feito com equipamentos simples, como tambores ou betoneiras, ou com máquinas específicas para o tratamento de sementes.
Os principais aspectos a serem observados nesta modalidade são:
- Verificar se o produto escolhido para o tratamento é registrado para as sementes da cultura que será plantada;
- Selecionar adequadamente o produto químico de acordo com o objetivo do tratamento;
- Verificar se o equipamento de aplicação está calibrado;
- Seguir as orientações do rótulo do produto e das Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ);
- Preferir os produtos que têm baixo volume de calda e boa adesão à semente;
- Não misturar produtos incompatíveis e preferir produtos que contenham, em uma só fórmula, mais de um tipo de defensivo.
As principais vantagens do tratamento convencional são:
- Custo relativamente menor em relação ao TIS;
- Recomendação de produtos personalizada de acordo com a necessidade (das sementes e da área de cultivo);
As principais desvantagens do tratamento convencional são:
- O risco de intoxicação dos operadores, que podem entrar em contato direto com os produtos químicos utilizados no tratamento;
- O baixo rendimento por hora, que pode atrasar o plantio e comprometer o aproveitamento da janela ideal de semeadura.
- 2. Tratamento Industrial de Sementes (TIS), é uma opção mais prática, pois as sementes são adquiridas já tratadas e prontas para a semeadura.
O TIS é uma prática que faz parte das etapas do beneficiamento das sementes em diversas empresas, geralmente realizada no momento do ensaque ou da entrega ao produtor.
É um processo que consiste em aplicações automatizadas por meio de equipamentos de alta tecnologia, normalmente realizada nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS).
O TSI utiliza equipamentos especiais que combinam a aplicação de fungicidas, inseticidas, micronutrientes, nematicidas entre outros.
Para ser considerado TSI, é indispensável a utilização de polímeros para adesão dos produtos às sementes.
A EMBRAPA estima que cerca de 40% das sementes de soja no Brasil são tratadas neste sistema.
É importante ressaltar que o produtor também pode realizar o TSI.
As principais vantagens do TSI em relação ao tratamento on farm:
- Menor risco de intoxicação dos operadores maior precisão no volume de calda utilizado para o tratamento das sementes;
- Melhor cobertura da semente com o produto químico;
- Maior rendimento por hora
As principais desvantagens do TSI:
- Maior custo de aquisição das sementes;
- Utilização padronizada de produtos, às vezes desnecessários.
Impactos do tratamento de sementes na produtividade agrícola
Realizar o tratamento de sementes antes de levá-las ao campo é uma prática eficaz e pode aumentar a sua rentabilidade.
O tratamento de sementes pode reduzir o uso de defensivos agrícolas, diminuindo os custos de produção e minimizando o impacto ambiental da atividade agrícola.
Um estudo conduzido pela Embrapa Soja mostrou que o tratamento químico de sementes de soja com fungicida (Carbendazin + Thiram) e inseticida (Imidacloprido + Tiodicarbe), foi eficiente para o controle de patógenos associados às sementes.
Esse tratamento químico conferiu uma maior proteção das sementes e plântulas no campo.
Este estudo demonstra que o tratamento adequado das sementes pode ter um impacto significativo na produtividade das culturas. A lucratividade em campo está atrelada diretamente as boas práticas de manejo realizada deste a semeadura.
Figura 2. Composição do tratamento. Fonte: CIMMYT (2022).
Benefícios do tratamento de sementes
Como vem sendo abordado, os benefícios do tratamento de sementes são diversos, dependendo do tipo de produto e da cultura utilizada. Alguns dos benefícios do tratamento de sementes são:
- Aumento da produtividade e da qualidade das culturas, pois as sementes tratadas têm maior vigor, uniformidade e sanidade;
- Redução dos custos com fertilizantes e defensivos agrícolas;
- Preservação do meio ambiente, pois o tratamento de sementes reduz o risco de contaminação do solo e da água por produtos químicos, além de favorecer a biodiversidade e o equilíbrio biológico;
- Segurança para os operadores, pois o tratamento de sementes evita o contato direto com os produtos químicos, especialmente no caso do tratamento industrial de sementes (TIS);
Para obter os benefícios do tratamento de sementes, é importante seguir as recomendações técnicas de cada produto e cultura, bem como utilizar equipamentos adequados e registrados para essa finalidade.
Em caso de dúvidas, contate sempre um engenheiro agrônomo.
Fungicidas e inseticidas utilizados no tratamento de sementes de milho e soja
O tratamento de sementes de soja visa proteger as sementes e as plântulas de agentes bióticos que podem afetar sua germinação e desenvolvimento, após o plantio.
Esses agentes bióticos podem ser patógenos presentes no solo (Rhizoctonia, Pythium) ou transmitidos pela semente (Cercospora kikuchii, Fusarium pallidoroseum, Phomopsis spp. e Colletotrichum truncatum).
O tratamento de sementes de soja com fungicidas do grupo dos benzimidazois é o mais efetivo para o controle desses patógenos transmitidos pela semente.
Os produtos mais utilizados são carbendazin, tiofanato metílico e thiabendazole. Esses produtos também controlam Sclerotinia sclerotiorum quando presente na semente, na forma de micélio interno, dormente.
Fungicidas de contato como Captan, Thiram e Tolylfluanid, que melhoram a emergência no campo, não são eficientes para o controle desses fungos transmitidos pela semente, principalmente Phomopsis spp. e F. pallidoroseum nas sementes que apresentam índices maiores que 40% desses patógenos.
No tratamento de sementes de milho, as sementes hibridas possuem um pacote tecnológico avançado e é comum o uso do Tratamento Industrial de Sementes (TIS).
As pesquisas vêm avançado nos últimos anos para aprimorar essa tecnologia.
Os principais defensivos utilizados em ambas as culturas são fungicidas e inseticidas. Porém, no Brasil, há vários outros produtos formulados disponíveis para o tratamento de sementes de milho, por exemplo.
Os princípios ativos e combinações registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para tratamento de sementes são os seguintes:
- Carbendazim (benzimidazol) + tiram (dimetilditiocarbamato)
- Piraclostrobina (estrobilurina) + tiofanato-metílico (benzimidazol)
- Fipronil (pirazol) + piraclostrobina (estrobilurina) + tiofanato-metílico (benzimidazol)
- Fluazinam (fenilpiridinilamina) + tiofanato-metílico (benzimidazol)
- Piraclostrobina (estrobilurina) + tiofanato-metílico (benzimidazol)
- Ipconazol (triazol)
- Fipronil (pirazol) + piraclostrobina (estrobilurina) + tiofanato-metílico (benzimidazol)
- Tiametoxam (neonicotinoide)
- Abamectina (avermectina)
- Ciantraniliprole (antranilamida)
- Carbossulfano (metilcarbamato de benzofuranila)
- Tiodicarbe (metilcarbamato de oxina)
Além dessas combinações, a Caixa Vigor e Praga tem se tornado uma estratégia também eficiente para o tratamento de sementes.
Esse tratamento consiste na aplicação de produtos químicos ou biológicos nas sementes de soja antes do plantio, com o objetivo de protegê-las de pragas e doenças que podem prejudicar sua germinação e desenvolvimento.
Caixa Vigor e Praga combina o fungicida Maxim XL, que possui três ativos para controle de fungos, com os inseticidas Fipronil e Cruiser 350FS, que têm efeito bioativador e proporcionam rápido arranque e desenvolvimento inicial das plântulas.
Esse TS é indicado para situações que requerem controle de elasmo, coró, mosca-branca, vaquinha, tamanduá da soja e piolho de cobra.
Conclusão
O tratamento de sementes pode melhorar a produtividade e a qualidade das culturas, economizar recursos, preservar o meio ambiente e garantir a segurança dos operadores.
As culturas de soja e milho são as que mais usam o tratamento de sementes no Brasil, pois são culturas valiosas e tecnológicas.
O tratamento de sementes deve ser feito com cuidado e responsabilidade, seguindo as orientações técnicas e combinando com outras práticas culturais. Antes de usar produtos fitossanitários, consulte um agrônomo.
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Referências
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