A educação no campo é essencial para preparar a nova geração de produtores, capacitando-os a lidar com as novas demandas tecnológicas e a gerenciar de maneira eficiente as propriedades rurais.
Imagine um produtor rural começando o trabalho no plantio de soja hoje. Se compararmos com o cenário de 20 anos atrás, a diferença é evidente. Hoje, ele opera um trator equipado com piloto automático, que segue o caminho traçado de forma precisa, sem a necessidade de intervenção constante. O papel do operador, agora, vai muito além de simplesmente dirigir a máquina: ele precisa avaliar as condições do trator, monitorar o implemento e garantir que a operação esteja sendo realizada com qualidade e eficiência.
Esse é apenas um dos exemplos que mostra a evolução tecnológica do setor. E Essa evolução tecnológica não ocorre apenas nas máquinas, mas também nas habilidades exigidas dos profissionais do campo.
O que antes era visto como uma forma de “fuga” da zona rural, ou a necessidade de buscar estudos nas cidades, agora se transforma em uma oportunidade de crescimento e prosperidade dentro do agronegócio.
Neste artigo, vamos explorar a importância da educação no campo e como o ensino técnico e superior são fundamentais para garantir o futuro do agronegócio brasileiro.
Boa leitura!
A Importância da Educação no Campo
Quando se fala em educação no campo, uma pergunta comum é: “Qual é o principal objetivo da Educação do Campo?”
A resposta está diretamente relacionada à valorização do ambiente rural e à formação de profissionais preparados para contribuir com o desenvolvimento local.
A educação no campo busca, antes de tudo, integrar o conhecimento acadêmico e técnico às práticas do dia a dia no meio rural, promovendo uma visão de progresso que respeita a cultura e a identidade do campo.
O agronegócio é uma das bases fundamentais da economia brasileira, representando uma significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) e sendo responsável por boa parte das exportações do país.
Contudo, para que o setor continue a crescer de forma sustentável e a enfrentar os desafios impostos pelas constantes inovações tecnológicas, é essencial investir na capacitação de jovens que atuam ou desejam atuar no campo.
O acesso a cursos para jovens no agronegócio, educação técnica, superior e a treinamentos especializados se torna, portanto, uma ferramenta indispensável para a gestão eficiente das propriedades rurais e para o desenvolvimento do setor como um todo.
O Contexto Atual da Educação no Campo
Historicamente, a educação no meio rural enfrentou diversos desafios, como a escassez de escolas, a falta de infraestrutura e a distância entre as propriedades rurais e os centros educacionais.
Esses obstáculos contribuíram para uma defasagem educacional entre a população urbana e rural, dificultando o acesso a oportunidades de formação mais ampla para os jovens do campo.
Nos últimos anos, no entanto, o cenário vem mudando gradualmente, com iniciativas públicas e privadas que visam aproximar a educação do meio rural por meio de capacitação e conhecimento.
Projetos como escolas técnicas agropecuárias, programas de ensino a distância e instituições de ensino superior voltadas ao agronegócio têm ajudado a transformar essa realidade.
Por muito tempo, a mentalidade predominante era de que estudar significava abandonar o campo em busca de melhores oportunidades nas cidades. Contudo, essa visão tem mudado.
Hoje, a educação é vista não só como um caminho para permanecer no campo, mas com uma nova perspectiva: a de crescer e prosperar dentro do agronegócio.
Essa transformação de mentalidade reflete a importância de formar jovens aptos a utilizar tecnologias avançadas e implementar práticas de gestão modernas, essenciais para enfrentar os desafios do setor agropecuário.
Cursos para jovens no agronegócio, focados na formação em gestão de fazendas, também oferecem informações importantes sobre capacitação para a sucessão familiar.
Pesquisas recentes destacam mudanças significativas no perfil dos produtores rurais brasileiros e no contexto educacional do campo.
Um estudo realizado pela EY, em parceria com a CropLife Brasil, revelou que quase 60% dos empreendedores rurais no Brasil estão na faixa etária entre 25 e 44 anos (Figura 1), indicando uma tendência de rejuvenescimento no setor agrícola.

Além disso, essa nova geração de produtores apresenta um nível de escolaridade superior ao observado há 30 ou 40 anos (Figura 1), demonstrando maior abertura para o uso de tecnologias modernas no campo.
Complementando esses dados, uma pesquisa da consultoria Fruto Agrointeligência apontou que a idade média dos agricultores brasileiros é de aproximadamente 46 anos, enquanto nos Estados Unidos é de 58 anos e na Europa, 60 anos.
Setores específicos, como o de produtores de algodão, destacam-se por ter 60% dos agricultores com menos de 35 anos, dos quais 52% possuem curso superior.
No âmbito educacional, o Programa Agropecuária 2030, uma iniciativa conjunta do Sistema FAEP/SENAR-PR e do governo estadual do Paraná, tem promovido ações de treinamento e atualização tecnológica em 23 colégios agrícolas do estado.
Nos primeiros seis meses de atividade, o programa registrou 3.735 participações em cursos relacionados à agricultura de precisão, uso de drones agrícolas e mecanização agrícola.
Notavelmente, 89% dos alunos expressaram a intenção de continuar suas carreiras na agricultura ou pecuária, refletindo o engajamento e a confiança dos jovens no futuro do setor agropecuário.
Desafios da Educação no Campo
Apesar da evolução, a educação no campo no Brasil enfrenta desafios significativos que impactam a capacitação e a formação técnica de produtores rurais.
A busca por capacitação no agronegócio tem crescido, impulsionada pela necessidade de modernização das práticas agrícolas e pela implementação de tecnologias digitais no campo.
No entanto, como destacado, há barreiras significativas que limitam a formação e a qualificação dos profissionais do setor. Um exemplo que podemos citar é a utilização da agricultura digital e a conectividade.
Contexto da Agricultura Digital: A agricultura digital é uma tendência global que inclui o uso de tecnologias como drones, sensores, inteligência artificial, IoT (Internet das Coisas) e Big Data para aumentar a produtividade, reduzir custos e tornar as práticas mais sustentáveis.
Entretanto, a adoção dessas inovações exige um conjunto de habilidades técnicas que muitos produtores ainda não possuem, muitas vezes impactados pelo baixo nível de escolaridade.
No censo de 2017, o IBGE indicou que:
Nível de escolaridade | Porcentagem |
Ensino Superior | 2% |
Não completou o Ensino Fundamental | 70% |
Ensino Fundamental Completo | (parte dos 28%) |
Ensino Médio | (parte dos 28%) |
Outros | (parte dos 28%) |
- 2% dos produtores rurais possuem ensino superior.
- Cerca de 70% não completaram o ensino fundamental.
- Os 28% restantes podem ser distribuídos entre o ensino fundamental completo, ensino médio e outros níveis de escolaridade.
Embora os números indiquem um grande desafio na questão educacional desse grupo, é possível perceber o imenso potencial do ensino digital para transformar essa realidade.
O uso de tecnologias educacionais pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a escolaridade e superar as barreiras atuais.
Com relação à conectividade, ressaltamos essa importância para os cursos voltados a modalidade de ensino digital.

O ensino digital depende diretamente da conectividade. Portanto, o aumento da conectividade nas áreas rurais significa que mais pessoas têm acesso à internet e, consequentemente, à possibilidade de adquirir conhecimento através dela.
A falta de acesso à internet em áreas rurais é um desafio significativo, agravado pela dificuldade no uso da ferramenta.
Em muitos domicílios rurais, a ausência de conhecimento sobre como utilizar a internet é um obstáculo adicional para a utilização eficaz dessa ferramenta de comunicação e que é crucial para o ensino à distância.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) sobre acesso à internet, televisão, rádio e posse de celular móvel, detalhando as diferenças entre áreas rurais e urbanas.
Os dados indicam um significativo avanço no acesso à internet nos últimos anos, especialmente nas áreas rurais.
Entre 2016 e 2022, a porcentagem de pessoas com acesso à internet nas áreas rurais aumentou de 32% para 78%, representando uma ampliação de 144%.
Essa expansão foi impulsionada pela ampliação do acesso à telefonia móvel, com o percentual de pessoas acima de 10 anos que possuem telefone celular subindo de 55% em 2016 para 71% em 2022.
Apesar desse progresso, o custo dos aparelhos continua sendo um obstáculo para cerca de 30% das pessoas que não possuem um, variando de 41% na região Norte a 9% na região Sul.
Como podemos observar no gráfico, a conectividade em áreas rurais ainda é limitada, com apenas uma pequena porcentagem dos domicílios tendo acesso à internet.
Esse gráfico ilustra a distribuição da conectividade em diferentes regiões rurais, destacando as disparidades existentes e a necessidade de investimentos em infraestrutura digital para promover a inclusão digital e o acesso à educação no campo nesses contextos.

No meio rural, existem diversas realidades, cada uma com sua própria história, desafios e oportunidades. Por isso, um modelo único de educação não consegue atender às necessidades de todos. É necessário um enfoque personalizado que considere as diferenças individuais.
No ambiente digital, é possível encontrar soluções adaptadas para diferentes perfis de aprendiz. Isso permite que as pessoas tenham acesso a conteúdo educacionais personalizados, o que aumenta a eficácia do aprendizado e promove a inclusão educacional.
Desafios Causados Pela Falta de Capacitação em Inovação e Tecnologia
- Falta de Profissionais Qualificados: Uma pesquisa feita pela TI Inside mostra que uma grande porcentagem de produtores enfrenta dificuldades em encontrar profissionais capacitados para lidar com tecnologias digitais na fazenda.
- Mão de Obra Especializada: Há relatos de desafios na contratação de trabalhadores com experiência técnica ou treinamento específico.
- Educação Especializada: A escassez de instituições de ensino reconhecidas na área de tecnologia agrícola é apontada como uma barreira importante. Isso reflete a necessidade de criar cursos adaptados às demandas do setor.
Impactos da Educação no Setor Agro
Os gargalos na formação e contratação de mão de obra especializada têm impactos diretos no desempenho do agronegócio:
- Baixa Competitividade: A falta de qualificação reduz a capacidade dos produtores de competirem em mercados internacionais, que já adotaram amplamente tecnologias de ponta.
- Desperdício de Recursos: Sem treinamento adequado, muitas tecnologias adquiridas não são plenamente utilizadas, levando a prejuízos financeiros.
- Sustentabilidade Comprometida: A eficiência e a redução de impactos ambientais, objetivos da agricultura digital, ficam comprometidos sem o domínio técnico necessário.
Outro aspecto importante são os 5 princípios da Educação do Campo, que incluem:
- Respeito à cultura local: valorizar o conhecimento tradicional e as práticas locais.
- Integração entre teoria e prática: alinhar o aprendizado teórico às atividades práticas do meio rural.
- Sustentabilidade: incentivar práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente.
- Equidade: garantir acesso igualitário à educação para todos os jovens do campo.
- Inclusão tecnológica: capacitar os estudantes para o uso de tecnologias aplicadas ao agronegócio.
Esses dados apontam que a Educação do Campo não se limita apenas à formação individual e técnica, mas também promove uma aprendizagem ampla sobre a produção agrícola.
Dessa maneira, ela não apenas capacita produtores rurais e prepara os jovens para o mercado de trabalho, mas também contribui para a escolha de sucessão familiar dando continuidade nos negócios da família.
A sucessão rural assegura não apenas a continuidade das atividades agrícolas, mas também promove a inovação e a integração de práticas tradicionais com novas tecnologias e métodos sustentáveis.
Para enfrentar esses desafios, é necessário um esforço conjunto entre governo, setor privado, escolas e famílias. Investimentos em conectividade, expansão de programas educacionais e incentivo à pesquisa são estratégias fundamentais para avançar nesse campo.
O futuro da educação no campo também está ligado ao fortalecimento de iniciativas que promovam a integração entre o ensino tradicional e as necessidades do mercado.
A parceria entre instituições de ensino, como a Agroadvance, e empresas do agronegócio pode gerar um ciclo virtuoso de capacitação, desenvolvimento e inovação.
Capacitação: O Diferencial para o Futuro Produtor Rural
A capacitação é um dos principais diferenciais para quem deseja se destacar no agronegócio. O avanço das tecnologias no campo, como drones, sensores inteligentes e sistemas de gestão, exige profissionais bem-preparados e com habilidades específicas.
Além disso, a globalização do mercado agrícola impõe a necessidade de conhecimento em áreas como logística, comércio internacional e sustentabilidade.
Os interessados em ingressar ou evoluir no agronegócio têm à disposição uma ampla gama de opções para se capacitar, como:
- Ensino técnico: cursos voltados para a prática, como Técnico em Agronegócio e Técnico em Agricultura.
- Graduação: formações superiores em áreas como Agronomia, Engenharia Agrícola e Gestão do Agronegócio.
- Especialização e pós-graduação: cursos de MBA e mestrado voltados para a gestão rural, agricultura de precisão e outros temas avançados.
- Educação a distância (EAD): plataformas que oferecem cursos e treinamentos online, facilitando o acesso à educação para aqueles que vivem em áreas remotas.
Enquanto o ensino técnico foca na formação prática, o ensino superior oferece uma visão mais ampla e aprofundada sobre o agronegócio, preparando também futuros líderes e gestores.
Cursos de graduação em agronomia, zootecnia, engenharia agrícola, administração rural e biotecnologia estão entre as opções mais procuradas pelos jovens atualmente.
Essas formações acadêmicas permitem que os estudantes se aprofundem em temas como agricultura de precisão, ESG, gestão de recursos hídricos e desenvolvimento de novos produtos.
Além disso, muitos cursos incentivam a realização de pesquisas e projetos que possam ser aplicados diretamente no campo, promovendo inovações que aumentam a produtividade.
Estudar tornou-se fundamental para permanecer e prosperar no agronegócio. Jovens produtores rurais que buscam capacitação encontram oportunidades para aplicar conhecimentos modernos em gestão, tecnologia e sustentabilidade, transformando a vida no campo em um empreendimento lucrativo e inovador.
Onde Buscar Capacitação?
Para quem deseja investir em educação no campo, há diversas opções:
- Presencial: Instituições como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs) e escolas técnicas estaduais oferecem cursos em locais acessíveis para comunidades rurais.
- Ensino a distância (EAD): Plataformas como a Agroadvance e SENAR EAD democratizam o acesso ao conhecimento, permitindo que jovens estudem de qualquer lugar.
- Treinamentos especializados: Empresas privadas, como John Deere e Bayer, também promovem programas de capacitação para o setor agro.
Um Exemplo Inspirador
Minha experiência pessoal como produtora rural e comunicadora do agronegócio me mostrou o impacto positivo da educação no campo.
Quando iniciei minha jornada no setor, percebi que as práticas tradicionais precisavam ser complementadas por conhecimentos técnicos atualizados e novas estratégias.
Foi investindo em cursos e participando de treinamentos que consegui implementar melhorias na gestão da propriedade, aumentando a produtividade e reduzindo custos.
Conclusão
A educação no campo é mais do que um direito – é um investimento no futuro do agronegócio. Capacitar os jovens para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do setor é essencial para garantir a sustentabilidade e o fortalecimento das propriedades rurais.
Seja por meio do ensino técnico, superior ou treinamentos especializados, o aprendizado transforma a realidade do campo e fortalece a posição do Brasil como líder mundial no agronegócio.
Portanto, ao responder à pergunta “O que significa educação no campo?”, podemos afirmar que significa preparar uma nova geração de produtores rurais, mais conscientes, inovadores e preparados para construir um futuro próspero para o agro e para o país.
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Referências
EY e CropLife Brasil:
EY; CROP LIFE BRASIL. Perfil dos produtores rurais no Brasil está mais jovem e tecnológico. SouAgro, 2023. Disponível em: <https://souagro.net/noticia/2023/09/produtores-rurais-no-brasil-estao-mais-jovens-e-abertos-a-novas-tecnologias>. Acesso em: 09 mar. 2025.
Fruto Agrointeligência e Sistema FAEB:
FRUTO AGROINTELIGÊNCIA; SISTEMA FAEB. Perfil dos produtores rurais no Brasil: mais jovens e conectados. Sistema FAEB, 2023. Disponível em: <https://sistemafaeb.org.br/perfil-dos-produtores-rurais-no-brasil-mais-jovens-e-conectados>. Acesso em: 09 mar. 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2017: características gerais das produções agropecuária e extrativista, segundo a cor ou raça do produtor e recortes territoriais específicos. 2017. Disponível em:< https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=73101>. Acesso em: 10 mar. 2025.
CNA Brasil e Programa Agropecuária 2030:
CNA BRASIL. Quase 90% dos alunos de colégios agrícolas pretendem continuar no campo. CNA Brasil, 2024. Disponível em: <https://cnabrasil.org.br/noticias/quase-90-dos-alunos-de-colegios-agricolas-pretendem-continuar-no-campo>. Acesso em: 10 mar. 2025.
SAE BRASIL. Conectividade no campo: o futuro do agronegócio. SAE BRASIL, 13 out. 2023. Disponível em: https://saebrasil.org.br/noticias/conectividade-no-campo-o-futuro-do-agronegocio/. Acesso em: 12 mar. 2025.
Sobre a autora:

Simone Cristina Dameto
Diretora de Negócios na Agência Do Campo à Cidade
- Engenheira Agrônoma e Produtora Rural
Como citar este artigo:
DAMETO, S.C. Educação no Campo: A nova geração de produtores e a importância da capacitação no agronegócio. Blog Agroadvance. 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-educacao-no-campo-capacitacao/. Acesso: xx Xxx 20xx.