O agronegócio brasileiro evolui aceleradamente, impulsionado por inovações tecnológicas e desafios cada vez mais complexos. Porém, mesmo com a grandeza do setor, é comum ouvir que faltam talentos preparados para lidar com a gestão e a tecnologia no campo.
Diante desse cenário, empresas do agro buscam novas formas de capacitar a mão de obra, indo além do modelo tradicional e de aulas expositivas. Uma dessas abordagens inovadoras para capacitar profissionais demandados pelo mercado é o método PBL (Problem-Based Learning), ou aprendizagem baseada em problemas.
Trata-se de uma metodologia ativa, que coloca o aluno no centro de seu próprio processo de construção de conhecimento, por meio de problemas e demandas reais do mercado.
No método de ensino PBL, o aluno engaja-se na busca por soluções de diversos casos, alguns deles até enfrentados por ele mesmo, e é exatamente esse processo de aprendizagem que vamos conhecer hoje.
O que é o método PBL? Onde surgiu e por que ele pode mudar o jogo no ensino para o agronegócio? Quais benefícios ele traz em comparação ao modelo tradicional? Veremos também como ele funciona na prática, passando pelos 7 passos que estruturam essa metodologia ativa no agronegócio.
Ao entender esses fundamentos, ficará claro que o método PBL é ideal para um setor que exige profissionais cada vez mais capazes de resolver problemas complexos de forma criativa. Dito isso, prepare-se para conhecer o poder dessa metodologia ativa e o que ela pode fazer pela sua carreira!
O que é o método PBL e onde ele surgiu?
O método PBL, ou Problem-Based Learning, em português conhecido como Aprendizagem Baseada em Problemas, é uma abordagem educacional em que os estudantes aprendem simulando a resolução de problemas reais ou fictícios.
Diferentemente do ensino tradicional, em que primeiro se apresenta a teoria (de forma passiva e expositiva) para depois aplicá-la, no método PBL o ponto de partida é um problema prático e concreto. A partir dele, os alunos buscam informações e aplicam o conhecimento para chegar a uma solução.
Essa metodologia surgiu no final da década de 1960 dentro da área médica. Em 1969, a Faculdade de Medicina da McMaster University, no Canadá, implementou o currículo baseado em problemas, colocando os alunos em contato com a prática desde o início do curso.
Ela foi idealizada em resposta à necessidade de formar médicos com raciocínio clínico apurado e autonomia para aprender. Rapidamente, os resultados chamaram atenção e o método PBL se espalhou.
Hoje, o método é aplicado em todas as áreas do conhecimento e vem sendo adaptado a quase todos os contextos educacionais, graças à sua eficácia em estimular o aprendizado ativo, engajar o aluno e fazê-lo reter profundamente o aprendizado.
O sucesso dessa ferramenta de ensino passa por transformar o papel do aluno e do professor na sala de aula. O aluno torna-se protagonista, ativo na construção do conhecimento, enquanto o professor assume o papel de facilitador ou tutor – aquele que orienta as discussões e apoia o processo.
Mais que isso, no PBL a teoria se alia à prática. E é nisso que acreditamos na Agrodvance: que as duas partes andam juntas e que o conhecimento compartilhado precisa gerar frutos reais no campo no menor espaço de tempo possível.
Para resumir, o método PBL se encaixa perfeitamente nessa forma como enxergamos a educação. Uma metodologia de ensino ativa centrada no estudante. E, agora que entendemos sua origem e essência, vamos ver como o PBL funciona na prática, passo a passo.
Como funciona o método PBL na prática em 7 passos?
A aplicação prática do método de ensino PBL segue uma sequência estruturada de etapas, frequentemente chamada de “sete saltos”, originalmente desenvolvida na Universidade de Maastricht, na Holanda.
É importante ressaltar que existem variações, mas a essência permanece em apresentar o problema, gerar hipóteses, estudar e retornar com soluções. Vamos então ao passo a passo como você pode ver na Figura 1:

1) Apresentação e compreensão do problema
O tutor apresenta um caso, como um desafio do agronegócio vivido pelos alunos. O grupo lê o enunciado com atenção, esclarece termos técnicos, conceitos desconhecidos e estabelece um entendimento comum antes de avançar.
2) Identificação do problema central
Os alunos identificam os pontos essenciais do desafio apresentado, delimitando quais aspectos serão investigados. Essa etapa pode revelar problemas secundários, mas o grupo define o foco principal de estudo.
3) Formulação de hipóteses
Em uma discussão aberta, os alunos levantam possíveis explicações e caminhos com base no conhecimento prévio. Nenhuma ideia é descartada neste momento. Aqui, o objetivo é explorar possibilidades e estimular a criatividade.
4) Resumo das hipóteses
O grupo organiza as ideias levantadas, eliminando duplicidades ou hipóteses pouco prováveis, chegando a um conjunto mais claro e objetivo. Essa síntese ajuda a direcionar a pesquisa e evita dispersão de esforços.
5) Definição de objetivos de aprendizagem
A partir das hipóteses, os alunos identificam lacunas de conhecimento e estabelecem o que precisa ser estudado. Essa lista de objetivos orienta toda a etapa de pesquisa.
6) Estudo individual
Cada aluno ou subgrupo busca informações por conta própria, utilizando fontes confiáveis como artigos científicos, livros, dados de mercado ou consulta a especialistas.
7) Discussão e resolução do problema
Por fim, o grupo se reúne novamente para compartilhar os aprendizados, validar ou refutar hipóteses e elaborar uma solução ou plano de ação.
Após concluídos os 7 passos, costuma-se avaliar os resultados e até mesmo refletir sobre o processo (metacognição), mas essencialmente o ciclo do PBL se completa aqui.
Note que o professor atua como facilitador em todas essas etapas, garantindo que o grupo mantenha a metodologia e não pule etapas, deixando o processo de aprendizagem incompleto.
Diferença entre o método PBL e o ensino tradicional
Como visto nos 7 passos da metodologia PBL, acima listados, essa forma de ensino difere radicalmente dos meios tradicionais. Na abordagem tradicional, que muitos de nós vivenciamos na escola ou faculdade, o fluxo clássico é:
- o professor transmite o conteúdo teórico;
- o aluno memoriza;
- posteriormente aplica esse conteúdo em exercícios ou provas
Ou seja, primeiro absorvemos conhecimento passivamente para só então usá-lo na resolução de problemas, ainda acadêmicos. O professor é a figura central, o “dono” do conhecimento, enquanto os alunos assumem papel passivo de “receptor”.
No método PBL, essa lógica se inverte. Em vez de começar pela teoria abstrata, começa-se pelo problema concreto. Os alunos precisam descobrir qual teoria e quais informações são relevantes para solucionar aquele desafio. Assim, o aprendizado ocorre de forma ativa e contextualizada, com os estudantes no centro do processo.
Outra diferença está no foco de habilidades desenvolvidas. O ensino tradicional tende a privilegiar a memorização e a repetição. Já o PBL enfatiza a autonomia, trabalho em equipe, análise crítica, criatividade e habilidade de aprender a aprender.
Mas é importante aqui é refletir que, para as diferentes necessidades, diferentes soluções. Uma pergunta comum é: “O que é melhor, PBL ou ensino tradicional?”. Não há uma resposta absoluta – cada método tem seu espaço e atende a um público específico. Nesse caso, o melhor é que você se conheça enquanto aluno.

Aplicações do PBL no ensino técnico, superior e profissionalizante
O método PBL pode ser aplicado em diversos níveis e contextos educacionais, desde o ensino técnico de nível médio até a pós-graduação e treinamentos corporativos. O próprio sucesso da metodologia e ampla aceitação a nível global demonstram isso.
É importante lembrar que cada contexto exige adaptações na aplicação da metodologia, sem perder seu princípio central: aprender por meio da resolução de problemas relevantes. E quando falamos em relevância, devemos sempre pensar no protagonista da aprendizagem: o aluno.
Por exemplo, no ensino técnico, escolas utilizam o PBL para aproximar a formação da prática profissional, levando para a sala de aula problemas reais que estimulam a aplicação imediata do conhecimento.
Já no ensino superior, universidades (em especial as de saúde) aplicam o PBL desde os primeiros semestres, integrando disciplinas e promovendo colaboração entre áreas distintas. A metodologia aqui é potencializada ao contar com o aprendizado prático em laboratórios e projetos integradores.
No ambiente corporativo, MBAs, especializações e treinamentos para profissionais e empresas podem utilizar o PBL para tratar de desafios complexos do dia a dia profissional e dos negócios, fazendo com que os próprios profissionais de dentro das companhias discutam os desafios delas.
Em todos esses casos de aplicação, a essência é a mesma: trazer problemas reais para o centro do processo educativo. E no agronegócio, essa abordagem pode se tornar ainda mais valiosa se considerarmos o contexto em que estamos inseridos.
Por que o método PBL é ideal para o agronegócio?
O agronegócio é, por natureza, um setor complexo e repleto de desafios na lida diária. Trata-se do cenário perfeito para se beneficiar de uma abordagem de aprendizagem ativa baseada em problemas.
A começar do conhecimento integrado que um profissional do setor precisa ter, envolvendo diferentes áreas do conhecimento. Problemas até mesmo pequenos do nosso cotidiano exigem a compreensão de aspectos biológicos, econômicos, sociais e tecnológicos ao mesmo tempo. Em vez de estudar cada disciplina isoladamente, o aluno aprende a conectar os conteúdos.
Além disso, profissionais do agro lidam incertezas e imprevistos diariamente: pragas, oscilações de mercado, exigências de certificações ou novas tecnologias. O PBL treina o aluno para analisar problemas, levantar hipóteses, buscar informações e tomar decisões com base em dados, tudo em tempo real.
Sem contar as demandas atuais do mercado de trabalho agro, principalmente por profissionais que equilibrem a parte técnica associada às soft skills, como comunicação, trabalho em equipe, liderança, empatia e negociação, todas treináveis pela aprendizagem baseada em problemas.
E é por isso que profissionais do agronegócio que buscam avançar na carreira precisam olhar para esse novo cenário que se desenha para o futuro do trabalho. É preciso entender que só a mera absorção de conteúdo e replicação à campo não fazem mais sentido, já que isso pode ser feito por agentes e assistentes de IA.
Nesse cenário, metodologias como o PBL se destacam. Elas colocam o aluno no centro do processo, forçando-o a se aprofundar por conta nos problemas e encontrar soluções aplicáveis ao seu ambiente profissional.
Em um processo de escolha de MBA ou Pós-graduação, é interessante que o profissional considere em sua análise a metodologia a qual será submetido.
O MBA em Agronegócios da Agroadvance, por exemplo, foi desenhado justamente com essa lógica. Cada aula irá contar com a resolução de um desafio real do próprio profissional, personalizado pessoa a pessoa, com a ajuda de uma IA proprietária e treinada internamente com nosso conteúdo.
É isso que garantirá, em especial para profissionais que desejam ingressar no setor, que o aprendizado possa ir à prática em um curto período. Em suma, quem busca uma formação relevante e alinhada às demandas atuais fica muito satisfeito dentro de uma sala de aula baseada em PBL.
A seguir, vamos tornar isso mais tangível por meio de um estudo de caso publicado aqui em nosso blog da Agroadvance.
Aplicação do PBL no agro: um estudo de caso
O artigo de Renato Seraphim (2025), publicado aqui mesmo no blog, é um belo exemplo de estudo de caso que poderia gerar boas discussões para um PBL aplicado à comunicação digital no agro.
Nele, foram analisadas as estratégias digitais de Ourofino e Albaugh Brasil, destacando como ambas construíram valor e confiança com os agricultores por meio de comunicação prática, adaptada e acessível ao contexto local.
Confira o artigo e, a partir disso, imagine a seguinte situação baseada nos 7 passos do PBL, já mencionados:
- Apresentação do problema real: os alunos recebem dados comparativos sobre presença digital, crescimento em redes sociais e posicionamento estratégico de Ourofino e Albaugh.
- Discussão e contraste estratégico: o grupo avalia como cada empresa comunica seu diferencial — a brasilidade e inovação adaptada da Ourofino versus a proposta de custo-benefício e confiabilidade da Albaugh.
- Análise de indicadores reais: estudantes interpretam números de crescimento de seguidores, engajamento por plataforma (Instagram, Facebook, LinkedIn) e formatos de conteúdo utilizados.
- Elaboração de hipóteses: os alunos propõem hipóteses sobre como essas estratégias influenciam percepção de marca, impacto nas vendas e fidelização.
- Definição de objetivos de aprendizagem: determinar quais conhecimentos são necessários — marketing digital no agro, métricas de performance, storytelling digital, segmentação de público, etc.
- Estudo independente: investigações em artigos acadêmicos sobre marketing digital no agronegócio, análise de outras empresas, entrevistas com gestores, etc.
- Síntese e solução final: elaboração de um plano de comunicação digital para uma empresa fictícia do agro, incorporando aspectos aprendidos no estudo de caso.
A partir da aplicação ativa da metodologia, os alunos acabam desenvolvendo, apenas no exemplo acima, características como:
- Capacidade de análise crítica de estratégias digitais;
- Competência para elaborar uma proposta de marketing digital contextualizada ao agronegócio;
- Conexão com indicadores e domínio de público-alvo do agronegócio;
- Habilidade de trabalhar em grupo, argumentar e apresentar soluções estratégicas que congreguem marketing, vendas e finanças, por exemplo.

É justamente pensando em desenvolver comportamentos desejáveis como esses acima que o MBA em Agronegócios da Agroadvance foi desenhado.
O único MBA Agro 100% baseado em PBL do Brasil
No nosso MBA em Agronegócios, cada aluno recebe casos reais personalizados ao seu perfil profissional, com o apoio de inteligência artificial autoral e proprietária da Escola de Negócios Agro, garantindo que o conteúdo seja diretamente aplicável ao seu dia a dia.
O programa ainda integra estudos de tendências, estudos de caso de Harvard e MIT, uma esteira de eventos escolhida pelo próprio aluno no momento da matrícula e professores com experiência de mercado.
O resultado de tudo isso potencializado pela metodologia ativa no agronegócio? Segundo estudos, mais de 50% de aumento na satisfação e no engajamento dos alunos, reforçando que quando a aprendizagem é prática e contextualizada, o impacto é imediato.
O método PBL vem se consolidando como uma poderosa ferramenta no agronegócio, aliando teoria e prática. Vimos que sua aplicação forma profissionais mais completos, capazes de integrar conhecimentos, solucionar problemas complexos e liderar equipes com eficiência.
Em um setor tão dinâmico quanto o agro – onde diariamente é preciso tomar decisões em tempo recorde, lidar com variáveis inesperadas e inovar para se manter competitivo, nada mais adequado do que aprender fazendo.
Se você deseja se destacar no setor, o MBA em Agronegócios com método PBL, focado em resolução de problemas reais do seu dia a dia profissional é uma oportunidade para que você aprenda fazendo, com apoio de especialistas do setor e cases personalizados para você
Saiba mais sobre o MBA em Agronegócio da Agroadvance e descubra como nossa metodologia PBL e foco em resultados podem fazer a diferença na sua trajetória profissional no agro. Inscreva-se já e colha os frutos desse investimento na sua carreira!
Referências
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV). Aprendendo de forma ativa: conheça o método Problem-Based Learning (PBL). Vestibular FGV, 2024. Disponível em: https://vestibular.fgv.br/blog/aprendendo-de-forma-ativa-conheca-o-metodo-problem-based-learning-pbl. Acesso em: 04 ago. 2025.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFS). Metodologia da aprendizagem baseada em problemas (ABP). Lagarto/UFS, 2024. Disponível em: https://lagarto.ufs.br/uploads/content_attach/path/11327/metodologia_da_abp_0.pdf. Acesso em: 04 ago. 2025.
SYDLE. PBL: uma metodologia inovadora de ensino-aprendizagem. Blog Sydle, 2024. Disponível em: https://www.sydle.com/br/blog/pbl-65b29c3cb9bc052473e05756. Acesso em: 04 ago. 2025.
BERBEL, Neusi Aparecida Navas. A metodologia da aprendizagem baseada em problemas (PBL) na educação médica. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 22, n. 2, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/CMdmWZgGQYY5TNSnpjDyM8F/. Acesso em: 04 ago. 2025.
Sobre o autor:

Felipe Wohnrath
Coordenador de Comunicação na Agroadvance
- Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP)
Como citar este artigo:
WOHNRATH, F. MBA em Agronegócio: com tantos no mercado, qual escolher? Blog Agroadvance. 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-metodo-pbl/. Acesso: 30 set. 2025.