Ir para o conteúdo
  • Pós-Graduação
  • MBAs
  • Imersões
    • Imersão: Dinheiro no Agro
  • Para empresas
    • Treinamento Corporativo
    • Agrosales
  • Blog
  • Biblioteca
    • Agroclass
    • Agroteca
    • Conteúdo Gratuito
  • Pós-Graduação
  • MBAs
  • Imersões
    • Imersão: Dinheiro no Agro
  • Para empresas
    • Treinamento Corporativo
    • Agrosales
  • Blog
  • Biblioteca
    • Agroclass
    • Agroteca
    • Conteúdo Gratuito
Área do Aluno
  • Pós-Graduação
  • MBAs
  • Imersões
    • Imersão: Dinheiro no Agro
  • Para empresas
    • Treinamento Corporativo
    • Agrosales
  • Blog
  • Biblioteca
    • Agroclass
    • Agroteca
    • Conteúdo Gratuito
  • Pós-Graduação
  • MBAs
  • Imersões
    • Imersão: Dinheiro no Agro
  • Para empresas
    • Treinamento Corporativo
    • Agrosales
  • Blog
  • Biblioteca
    • Agroclass
    • Agroteca
    • Conteúdo Gratuito

Ajude a construir o futuro do agro!

Responda nossa pesquisa e ganhe 6 meses gratuitos na nossa plataforma de cursos livres, a AgroClass!

Leva menos de 3 min!

Responder pesquisa

Panorama da Agricultura irrigada no Brasil em 2025

Veja a evolução das áreas da agricultura irrigada, tecnologias emergentes e impacto da irrigação moderna na produtividade e sustentabilidade.
  • Publicado em 11/08/2025
  • Lusiane de Sousa Ferreira
  • Agronegócio
  • Publicado em 11/08/2025
  • Lusiane de Sousa Ferreira
  • Agronegócio
  • Atualizado em 11/08/2025
Agricultura irrigada por pivô central
Sumário

A agricultura irrigada no Brasil está presente em cerca de 8,2 milhões de hectares, com 64,5% (5,3 milhões de hectares) com água de mananciais e 35,5% (2,9 milhões de ha) fertirrigados com água de reúso, mas com potencial para chegar a 55 milhões de hectares irrigados.

O uso da irrigação é ferramenta para garantir estabilidade produtiva, não apenas em áreas tradicionalmente secas, mas também em regiões com histórico de boas precipitações. Isso porque, mais do que um recurso emergencial, a irrigação é um instrumento técnico de gestão hídrica e incremento da produtividade agrícola.

Diante desse cenário em constante expansão, surge a necessidade de compreender com mais profundidade: onde estão as principais áreas irrigadas no país? Quais culturas e sistemas predominam em cada região? Que fatores têm impulsionado a adoção da irrigação, e que gargalos ainda limitam seu avanço?

Este artigo reúne os dados mais recentes, marcos regulatórios e análises territoriais para traçar um panorama técnico da agricultura irrigada no Brasil — seu presente, seu potencial e os caminhos possíveis para sua consolidação.

Irrigação agrícola no Brasil: áreas, sistemas e projeções

A irrigação é uma prática agrícola que utiliza um conjunto de técnicas e equipamentos para suprir parcial ou totalmente as necessidades hídricas das plantas. No Brasil, essa atividade é regulamentada pela Política Nacional de Irrigação (Lei nº 12.787/2013) e pela Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos. Em 27 de março de 2024, a Lei nº 14.830 instituiu o Dia Nacional da Agricultura Irrigada, celebrado em 15 de junho.

Ao fornecer água de forma artificial, a irrigação visa garantir o pleno desenvolvimento das culturas, especialmente em períodos de déficit hídrico.  

Cada cultura necessita de uma quantidade de água, que também varia de acordo com as fases do seu desenvolvimento e com o clima local.

Esses parâmetros, em conjunto com a eficiência do método/sistema, são utilizados para estimar o quanto de água é necessário captar em mananciais superficiais ou subterrâneos.

Os principais processos relacionados à irrigação e sua estimativa de uso da água, são apresentados a seguir, na Figura 1.

quando irrigar? processos relacionados a agricultura irrigada
Figura 1. Representação esquemática dos processos relacionados à irrigação. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

Em 2025, a agricultura irrigada no Brasil por meio da Smart Farming ou Agricultura inteligente se firma como ferramenta estratégica para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e promover segurança alimentar.

Embora a área irrigada represente hoje cerca de 8,2 milhões de hectares, o país dispõe de um potencial de uso sustentável estimado entre 29 e 55 milhões de hectares.

O painel de dados é uma ferramenta que foi desenvolvido para fazer consultas específicas por estado e município e visualize as informações sobre as áreas irrigadas nos municípios em forma de indicadores e gráficos.

ATLAS irrigação
Figura 2. Interface do Atlas Irrigação conforme tipologias de irrigação na plataforma. Fonte:  Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA, Atlas Irrigação, 2021.

Regiões como o Cerrado concentram sistemas modernos de pivô central, cobrindo atualmente cerca de 1,46 milhão de hectares, quase 4 % da sua área irrigável, com potencial de expansão significativa.

A adoção de tecnologias de irrigação por pivô e gotejamento cresce especialmente em culturas como café (no oeste da Bahia), frutas e grãos, elevando rendimentos e reduzindo os impactos da seca.

Mais de 70% dos equipamentos de irrigação estão situados no bioma Cerrado. Em 2024, o Extremo Oeste Baiano tornou-se o principal polo de irrigação do País, superando a mesorregião do Noroeste de Minas.

O rápido crescimento da agricultura irrigada no Extremo Oeste Baiano está relacionado à captação de água subterrânea do Aquífero Urucuia. São Desidério, na Bahia, é o município com a maior área irrigada do País (91.687 ha), superando Paracatu, Unaí e Cristalina.

irrigação no brasil e no cerrado agricultura irrigada
Figura 3. Entre os biomas brasileiros, mais de 70% dos equipamentos de irrigação estão localizados no Cerrado.  Fonte: Guimarães; Landau, 2024.

A agricultura irrigada desempenha um papel crucial na produção de alimentos, especialmente em regiões onde a disponibilidade de água é limitada (Ferreira et al., 2025). 

O setor enfrenta desafios estruturais: o esgotamento de aquíferos (como o Urucuia), a escassez energética no campo, os altos custos de instalação (como os pivôs centrais que ultrapassam R$ 1,5 milhão), e impactos ambientais como salinização e contaminação por fertilizantes.

Nesse cenário de desenvolvimento acelerado e tensão socioambiental, a irrigação desponta como vetor chave de resiliência e produtividade agrícola.

Contudo, o sucesso exigirá políticas integradas, investimentos tecnológicos e gestão hídrica responsável para assegurar expansão sustentável e inclusiva.

A adoção de métodos de irrigação altamente eficientes e de baixo carbono tem o potencial de reduzir o consumo de energia pela metade e as emissões de CO₂ em 90%. (Qin et al., 2024). 

mapa da área irrigada no brasil
Figura 4. Variação percentual da área equipada para irrigação, 2015 e projeção para 2030, por município. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

Até 2040, estima-se a incorporação de 4,2 milhões de hectares irrigados (+76%), com um impacto menor sobre a expansão do uso da água (+66%) devido à maior expansão de métodos mais eficientes.

Esse incremento corresponde também ao aproveitamento de 30% do potencial efetivo e apenas 7% do potencial total.

Evolução histórica da irrigação no Brasil

A prática da irrigação no mundo ocorre desde as antigas civilizações, nas que que se desenvolveram em regiões secas como no Egito e na Mesopotâmia.

Em regiões de características físico-climáticas mais favoráveis, a agricultura tendeu a se desenvolver inicialmente em regiões onde a quantidade e a distribuição espacial e temporal das chuvas são capazes de suprir a necessidade das culturas, de forma que a irrigação passou a emergir em períodos mais recentes.

Esse é o caso do Brasil, onde a irrigação teve início na década de 1900 para a produção de arroz no Rio Grande do Sul.

A expressiva intensificação da atividade em outras regiões do país ocorreu a partir das décadas de 1970 e 1980. Com crescimento forte e persistente, novos polos surgiram nas últimas décadas.

histórico da área de agricultura irrigada no Brasil
Figura 5. A irrigação por pivôs centrais no Brasil passou de 1,92 milhão de hectares, em 2022, para 2,2 milhões de hectares este ano, tendência de crescimento das áreas irrigadas por equipamentos de pivôs centrais no Brasil entre 1985 e 2024. Fonte: Guimarães; Landau, 2024.

métodos e sistemas de irrigação
Figura 6. Métodos e sistemas de irrigação. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

Diversos fatores contribuem para a necessidade de irrigação.

Em regiões afetadas pela escassez contínua de água, como no Semiárido brasileiro, a irrigação é fundamental, ou seja, uma parte importante da agricultura só se viabiliza mediante a aplicação artificial de água.

Em regiões afetadas por escassez em períodos específicos do ano, como na região central do País (entre maio e setembro), diversas culturas viabilizam-se apenas com a aplicação suplementar de água nesses meses, embora a produção possa ser realizada normalmente no período chuvoso.

Métodos e sistemas de irrigação

Os métodos de irrigação podem ser agrupados de acordo com a forma de aplicação da água, destacando-se quatro métodos principais:

  • Irrigação por superfície,
  • Subterrânea,
  • Por aspersão e,
  • Localizada.

Existem diferentes sistemas para cada um desses métodos, como o sistema por inundação na irrigação superficial; o sistema de pivô central na irrigação por aspersão; e o sistema de gotejamento que ocorre nos métodos subterrâneo e localizado.

Os métodos e sistemas de irrigação são técnicas utilizadas para fornecer água às plantas de maneira controlada, visando garantir o crescimento adequado e aumentar a produtividade agrícola, especialmente em regiões com déficit hídrico ou irregularidade de chuvas.

Considerando as principais culturas irrigadas e sistemas de irrigação no Brasil, subdivide-se a agricultura irrigada em quatro grandes grupos. Para cada divisão foi usada uma estratégia de análise diferente.

Tipos de irrigação mais usados no Brasil
Figura 7. Tipos de irrigação mais utilizados no País. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

A escolha do sistema mais adequado depende de fatores como tipo de solo, cultura, topografia, disponibilidade hídrica e custo. Abaixo estão os principais métodos de irrigação:

1. Irrigação por Superfície

É o método mais antigo e consiste na distribuição da água diretamente sobre o solo, fluindo por gravidade. Os principais tipos são:

  • Inundação: água cobre completamente a superfície do solo. É comum em culturas como o arroz.
  • Sulcos: água corre por canais entre as fileiras da plantação.
  • Faixas ou nível: a água se espalha em faixas planas.

Vantagens: baixo custo inicial e manutenção simples.

Desvantagens: baixa eficiência (30–50%), elevado desperdício de água por percolação e evaporação, e não é indicado para solos muito arenosos.

2. Irrigação por Aspersão

Imita a chuva natural, pulverizando água sobre as plantas por meio de aspersores acoplados a tubulações.

  • Convencional (fixa ou móvel)
  • Pivô central
  • Canhão de irrigação

Vantagens: distribuição mais uniforme, uso em diversos tipos de solo e topografia.

Desvantagens: custo mais elevado, perda de água por evaporação e vento, principalmente em horários de sol forte.

Eficiência: média a alta (60–85%), dependendo do manejo e das condições climáticas.

3. Irrigação Localizada

É o sistema mais moderno e eficiente. A água é aplicada diretamente na zona das raízes, em baixa vazão e alta frequência.

  • Gotejamento: libera água gota a gota próximo à raiz.
  • Microaspersão: pulveriza finamente a água em pequena área ao redor da planta.

Vantagens: alta eficiência no uso da água (90–95%), redução da evaporação e percolação, permite fertirrigação (aplicação de fertilizantes via água) e é ideal para cultivos de alto valor agregado (frutas, hortaliças).

Desvantagens: alto custo inicial e necessidade de manutenção cuidadosa (entupimentos).

Há o sistema de irrigação mais eficiente?

O sistema de irrigação por gotejamento é considerado o mais eficiente em termos de economia de água e energia, além de proporcionar maior controle no manejo da irrigação e fertilização.

Ele é especialmente indicado para regiões com escassez hídrica e para culturas que exigem alta precisão no fornecimento de água.

Ressaltando ainda que não existe um método ou sistema de irrigação ideal a priori, devendo haver uma avaliação integrada de componentes socioeconômicos e ambientais, dos quais a eficiência é uma das variáveis.

A Tabela 1 apresenta indicadores de eficiência de uso da água para os sistemas de irrigação mais comuns. Os valores são de referência e para boas condições de instalação, manejo e operação.

Tabela 1. Indicadores de eficiência de uso de água para sistemas de irrigação

MétodoSistema de irrigaçãoEficiência de Referência (%)Perdas (%)
SuperfícieSulcos abertos6535
Sulcos fechados ou interligados em bacias7525
Inundação6040
SubterrâneoGotejamento subterrâneo ou enterrado955
Subirrigação ou elevação do lençol freático6040
AspersãoConvencional com linhas laterais ou em malha8020
Mangueiras perfuradas8515
Canhão autopropelido/Carretel enrolador8020
Pivô central (fixo ou rebocável)8515
Linear9010
LocalizadoGotejamento955
Microaspersão9010
Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017, adaptado de ANA (2013).

Panorama atual da agricultura irrigada no Brasil

O panorama atual da agricultura irrigada no Brasil mostra uma atividade em expansão, com papel estratégico para a segurança alimentar, a produtividade agrícola e o uso eficiente da água.

Área irrigada

  • O Brasil possui aproximadamente 8,2 milhões de hectares irrigados (3,3% do total da área plantada).
  • Apesar disso, estima-se um potencial irrigável superior a 50 milhões de hectares, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.

Principais culturas irrigadas

  • Arroz irrigado: predomina no Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, com o uso de irrigação por inundação.
  • Cana-de-açúcar: presente em diversas regiões, principalmente em São Paulo e Centro-Oeste, com crescente uso de gotejamento subsuperficial.
  • Soja e milho safrinha: no Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso), vem crescendo o uso da irrigação suplementar por pivô central.
  • Feijão e hortaliças: amplamente irrigadas em pequenas propriedades, com destaque para Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco.
  • Fruticultura: forte presença no Vale do São Francisco (BA e PE), com culturas como manga, uva, banana e goiaba irrigadas por microaspersão e gotejamento.

principais culturas que usam irrigação no Brasil
Figura 8. Principais culturas agrícolas cultivadas sob irrigação no Brasil. Fonte: Guimarães; Landau, 2024, adaptado de FAO (2021).

Distribuição regional

  • Sudeste: maior área irrigada (cerca de 2,5 milhões de ha), com destaque para São Paulo e Minas Gerais.
  • Sul: concentração no arroz irrigado do RS, com métodos tradicionais de lâmina contínua.
  • Centro-Oeste: expansão recente com grandes áreas de soja, milho e cana irrigadas por pivô.
  • Nordeste: importante polo de fruticultura irrigada, sobretudo no Vale do São Francisco.
  • Norte: participação ainda limitada, mas com potencial crescente no Tocantins e Pará.

Tabela 2. Áreas irrigadas por pivôs centrais no Brasil e tendências de crescimento entre os anos de 2022 e 2024, de acordo com a região geográfica brasileira

RegiãoÁrea irrigada por pivôs centrais (ha)Variação 2022–2024 (%)Tendência de crescimento (%)
 20222024 20222024
Sudeste819.357897.4569,5342,6940,78
Centro-Oeste534.768608.81613,8527,8627,66
Nordeste325.866439.72034,9416,9819,98
Sul213.138224.3945,2811,1110,20
Norte26.14630.57516,941,361,39
Total1.919.2752.200.96014,68
Fonte: Guimarães; Landau, 2024.

Técnicas de irrigação mais utilizadas

  • Pivô central (cerca de 50% da área irrigada)
  • Aspersão convencional
  • Gotejamento e microaspersão (em especial para fruticultura e horticultura)
  • Inundação (praticamente restrita ao arroz no Sul).

tipos de irrigação no Brasil - principais sistemas de irrigação
Figura 9. Representação dos principais sistemas de irrigação. Fonte: National Water and Sanitation Agency – NWSA, 2024.

Tendências e desafios da agricultura irrigada no Brasil

  • Expansão da irrigação suplementar para culturas de grãos.
  • Aumento da eficiência no uso da água, com tecnologias como sensores, automação e irrigação de precisão.
  • Desafios incluem: gestão hídrica, regularização ambiental, acesso a crédito e adaptação às mudanças climáticas.

Tabela 3. Áreas irrigadas por pivôs centrais no Brasil nos anos de 2022 e 2024 nas 20 principais mesorregiões em 2024

MesorregiãoUFRegiãoPosição no ranking em 20222022 (ha)2024 (ha)Variação 2022–2024 (ha)Variação 2022–2024 (%)
Extremo Oeste BaianoBANordeste2232.897332.56399.66642,8
Noroeste de MinasMGSudeste1270.902308.49937.59713,9
Triângulo Mineiro/Alto ParanaíbaMGSudeste3178.070199.16621.09511,8
Noroeste Rio-GrandenseRSSul4134.272140.4046.1324,6
Sul GoianoGOCentro-Oeste5132.393139.7577.3645,6
Leste GoianoGOCentro-Oeste6110.511122.06511.55410,5
Norte Mato-GrossenseMTCentro-Oeste7100.415111.08810.67310,6
Norte de MinasMGSudeste863.72775.49311.76618,5
ItapetiningaSPSudeste958.67358.700270,0
Centro Sul BaianoBANordeste1147.06752.0875.01910,7
BauruSPSudeste1052.63751.865-772-1,5
Noroeste GoianoGOCentro-Oeste1439.15246.9117.75819,8
Sudeste Mato-GrossenseMTCentro-Oeste1242.91745.4982.5816,0
Sudoeste Rio-GrandenseRSSul1637.80041.6243.82310,1
Ribeirão PretoSPSudeste1340.56340.560-30,0
CampinasSPSudeste1537.84837.887390,1
Leste do Mato Grosso do SulMSCentro-Oeste2119.38031.59312.21363,0
Central MineiraMGSudeste1920.54325.1434.60022,4
Sudoeste do Mato Grosso do SulMSCentro-Oeste2414.55224.4219.86867,8
Noroeste Mato-GrossenseMTCentro-Oeste2020.27123.7873.51617,3
Fonte: Guimarães; Landau, 2024.

Benefícios da irrigação: produtividade, renda e segurança

Os benefícios da irrigação na agricultura são amplos e impactam diretamente a produtividade, a renda dos produtores e a segurança alimentar. Veja a seguir um resumo desses principais benefícios:

Aumento da Produtividade Agrícola

  • A irrigação permite o fornecimento controlado de água, independentemente das chuvas, garantindo melhores condições hídricas para o desenvolvimento das plantas.
  • Culturas irrigadas tendem a apresentar maior produtividade por hectare em comparação a sistemas de sequeiro, devido à redução do estresse hídrico, sobretudo em regiões de clima semiárido ou com chuvas irregulares.
  • Permite também a intensificação de cultivos, com possibilidade de mais de uma safra por ano.
irrgiação e ganhos de produtividade
Figura 10. Suprimento hídrico e dos ganhos em produtividade da agricultura irrigada em relação ao cultivo de sequeiro. Fonte: Guimarães; Landau, 2024, adaptado de FAO (2024).

Geração de Renda e Estabilidade Econômica

  • A irrigação reduz os riscos de perdas por estiagens, o que oferece maior previsibilidade e segurança financeira ao produtor rural.
  • Com maior produtividade, há maior oferta de produtos agrícolas no mercado, potencializando os lucros.
  • Favorece o emprego no campo, já que sistemas irrigados exigem maior mão de obra para manejo e colheita.

Segurança Alimentar e Abastecimento

  • A irrigação contribui para a regularidade na produção de alimentos, especialmente em períodos de estiagem, ajudando a evitar desabastecimento.
  • É fundamental para a produção de hortaliças, frutas e grãos em regiões com alta densidade populacional ou clima seco.
  • Sustenta a resiliência dos sistemas agrícolas frente às mudanças climáticas, garantindo oferta estável e contínua de alimentos.

Políticas públicas e financiamento da irrigação no Brasil

As políticas públicas e o financiamento para a adoção de técnicas de irrigação em lavouras comerciais são essenciais para promover a eficiência no uso da água, o aumento da produtividade agrícola e a resiliência frente às mudanças climáticas. Essas políticas visam incentivar práticas sustentáveis por meio de apoio técnico, crédito subsidiado, incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura.

Objetivos das políticas públicas

  • Promover o uso racional da água na agricultura.
  • Estimular a modernização e adoção de sistemas de irrigação eficientes (gotejamento, aspersão, pivô central).
  • Ampliar a área irrigada com base em critérios técnicos e ambientais.
  • Reduzir riscos de perdas por estiagens, contribuindo para a segurança alimentar e estabilidade da renda do produtor.
  • Incentivar práticas sustentáveis que minimizem o impacto ambiental.

Instrumentos de financiamento

  • Crédito rural subsidiado: Programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) oferecem linhas de crédito com juros reduzidos para aquisição e implantação de sistemas de irrigação.
  • Moderinfra: Linha de crédito do BNDES voltada à modernização e expansão da infraestrutura da propriedade rural, incluindo projetos de irrigação.
  • Subvenções e incentivos fiscais: Alguns estados oferecem isenção de ICMS para equipamentos de irrigação ou bônus para produtores que adotam boas práticas.
  • Programas estaduais: Vários estados possuem políticas específicas, como o Programa Irrigação Mais (Bahia) ou o Programa de Irrigação do Semiárido (Pernambuco), voltados à convivência com a seca e aumento da eficiência hídrica.

O Programa Nacional de Agricultura Irrigada 

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pela condução da Política Nacional de Irrigação, consolidou recentemente a proposta do Programa Nacional de Agricultura Irrigada – 2019/2029. O objetivo é ampliar a área de agricultura irrigada no Brasil, favorecendo o uso eficiente de tecnologia e o desenvolvimento sustentável da atividade. O Programa está estruturado em cinco eixos estratégicos de ação:

Eixo 1 – Incentivo à agricultura irrigada;

Eixo 2 – Polos de Agricultura Irrigada;

Eixo 3 – Melhoria da Gestão dos Projetos Públicos de Irrigação;

Eixo 4 – Implantação de Unidades de Referência para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada;

Eixo 5 – Câmara Setorial de Irrigação.

Desafios na implementação

  • Alto custo inicial de instalação de sistemas modernos de irrigação.
  • Falta de assistência técnica adequada, especialmente para pequenos produtores.
  • Necessidade de regularização ambiental e outorga de uso da água.
  • Fragmentação das políticas entre esferas federal, estadual e municipal.

Potencial de expansão da agricultura irrigada no Brasil

O potencial de expansão da agricultura irrigada no Brasil é vasto e estratégico para aumentar a produtividade agrícola, garantir segurança alimentar e reduzir a vulnerabilidade às variações climáticas.

Essa expansão, no entanto, depende de diversos fatores técnicos, ambientais, econômicos e legais.

Área equipada para irrigação por município no Brasil
Figura 11.  Área equipada para irrigação por município – 2015 e projeção para 2030, variação da área irrigada projetada nos municípios entre 2015 e 2030, em termos absolutos e relativos, respectivamente. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

Disponibilidade de recursos hídricos

O Brasil possui aproximadamente 12% da água doce superficial do planeta, distribuída de forma desigual entre as regiões.

As bacias do Norte (Amazônica) e Centro-Oeste (Araguaia-Tocantins) concentram grande parte do volume disponível, enquanto áreas do Nordeste e Sudeste sofrem com escassez hídrica relativa.

Essa abundância oferece boas condições para irrigação, desde que haja manejo eficiente e sustentável.

Áreas aptas para irrigação

Estudos indicam que o Brasil possui mais de 60 milhões de hectares com aptidão agrícola e disponibilidade hídrica para irrigação, dos quais apenas cerca de 10% estão efetivamente irrigados. As áreas com maior potencial estão nos cerrados do Centro-Oeste, Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Oeste da Bahia, e partes do Sudeste e Sul.

Ganhos em produtividade

A irrigação permite o cultivo durante períodos secos, possibilita até duas ou três safras por ano e aumenta a produtividade por hectare. Em culturas como feijão, milho, soja, café, cana-de-açúcar e hortaliças, o uso da irrigação pode duplicar ou até triplicar a produção, além de aumentar a qualidade do produto colhido.

Tecnologias e sistemas de irrigação

O Brasil já domina diversas tecnologias de irrigação — como pivô central, aspersão convencional, gotejamento e microaspersão.

A expansão está fortemente ligada à eficiência no uso da água, à automação e ao monitoramento via sensores e satélites, promovendo a agricultura de precisão.

Sustentabilidade e políticas públicas

O crescimento da irrigação deve ser acompanhado de políticas que promovam o uso racional da água, controle da salinização dos solos e proteção dos recursos naturais.

Programas como o Mais Irrigação e incentivos à agricultura sustentável podem impulsionar esse crescimento com responsabilidade ambiental.

potencial de expansão da irrigação no Brasil
Figura 12. Potencial de expansão total e efetivo de irrigação no Brasil, além de uma projeção para 2030 indicando quanto do potencial pode ser aproveitado. Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA, 2017.

Limitações e desafios da agricultura irrigada

Apesar do potencial, a expansão enfrenta desafios importantes, como:

  • Conflitos pelo uso da água (especialmente em bacias críticas como a do Rio São Francisco);
  • Necessidade de licenciamento ambiental e outorgas;
  • Custo elevado de implantação e operação dos sistemas;
  • Capacitação técnica de produtores e operadores;
  • Infraestrutura deficiente em áreas remotas (energia, estradas, logística).

Tendências e perspectivas para a agricultura irrigada no Brasil

  • Incentivo ao uso de tecnologias digitais e sensoriamento remoto para irrigação de precisão.
  • Integração com políticas de adaptação às mudanças climáticas e conservação de recursos hídricos.
  • Expansão de parcerias público-privadas para ampliar investimentos em infraestrutura hídrica (barragens, adutoras, canais de irrigação).
  • Foco na regionalização das políticas, respeitando as características climáticas e hídricas locais.
    O Brasil tem enorme potencial para expandir sua agricultura irrigada, o que representa uma oportunidade estratégica para aumentar a produção de alimentos, agregar valor à agropecuária e enfrentar os desafios climáticos. Para isso, é essencial combinar planejamento territorial, inovação tecnológica, gestão hídrica e políticas públicas eficazes.

—

Quer gerir sua propriedade com mais eficiência e segurança hídrica?
Aprofunde seus conhecimentos em tecnologias de irrigação, políticas públicas, sustentabilidade e tomada de decisão estratégica com o MBA em Gestão de Propriedades Agrícolas.
Prepare-se para liderar com técnica, visão de futuro e resultados no campo irrigado.

Referências

FERREIRA, L.S.; OLIVEIRA, V.S.; MARCHIORI, J.J.P.; DOUSSEAU-ARANTES, S.; FERREIRA, T.C.; FERNANDES, C. N.; AMORIM, D. J.; LUPPI, C.G.; ANDRADE, S.N.; SANTOS, M. B.; HOLTZ, A. M. Impact of Plant Growth Regulators on Irrigated Agriculture. International Journal of Plant & Soil Science 37 (3):9-19. 2025.  DOI: 10.9734/ijpss/2025/v37i35343.

QIN, J.; DUAN, W.;ZOU, S.; CHEN, Y.; HUANG, W.; ROSA, L.  Global energy use and carbon emissions from irrigated agriculture. Nat Commun 15, 3084 (2024). DOI: 10.1038/s41467-024-47383-5

National Water and Sanitation Agency (Brazil). Irrigation atlas: water use in irrigated agriculture/ National Water and Sanitation Agency. – 2nd. ed. – Brasília: ANA, 2024. 127 p.: il. ISBN: 978-65-88101-62-9

Agência Nacional de Águas (Brasil). Atlas irrigação: uso da água na agricultura irrigada / Agência Nacional de Águas. — Brasília: ANA, 2017. 86 p. ISBN 978-85-8210-051-6. Disponível em: https://www.ana.gov.br/atlasirrigacao/. Acesso: 07 Ago 2025.

GUIMARÃES, D. P.; LANDAU, E. C.  Agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil em 2024. Embrapa Milho e Sorgo: Sete Lagoas, MG (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 261). ISSN 1679-0154 / e-ISSN 0000-0000.

Sobre a autora:

Lusiane de Sousa Ferreira

Doutoranda em Agrononia - Agricultura (FCA/UNESP)

  • Cursa MBA em Data Science e Analytics (ESALQ/USP)
  • Mestra em Agronomia (UFES)
  • Engenheira Agrônoma (UFMA)
  • [email protected]
  • Perfil do Linkedin
VER MAIS ARTIGOS DO AUTOR

Como citar este artigo

FERREIRA, L.S. Panorama da Agricultura irrigada no Brasil em 2025. Blog Agroadvance. 2025. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-irrigada-no-brasil/. Data de acesso: xx Xxx 20xx.

PESQUISAR

COMPARTILHAR

Mais Lidos Da Semana

O que são fertilizantes de liberação lenta e controlada e como eles aumentam a eficiência da adubação?
Leia mais »
Panorama da Agricultura irrigada no Brasil em 2025
Leia mais »
Nematicidas para o controle de nematoides: como escolher entre químicos e biológicos?
Leia mais »

Categorias

  • Agricultura 5.0
  • Agronegócio
  • Algodão
  • Bioinsumos
  • Café
  • Cana
  • Feijão
  • Fertilidade do Solo
  • Fisiologia vegetal
  • Fitossanitários
  • Gestão Agrícola
  • Inteligência Artificial
  • Máquinas Agrícolas
  • Marketing e Vendas
  • Milho
  • Mulheres no Agro
  • Notícias
  • Nutrição de plantas
  • Pecuária
  • Soja
  • Solos
  • Sorgo
  • Sustentabilidade
  • Trigo
VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR:
Fertilizantes de liberação lenta e controlada
Fertilidade do Solo
O que são fertilizantes de liberação lenta e controlada e como eles aumentam a eficiência da adubação?

Fertilizantes de liberação lenta e controlada oferecem maior eficiência agronômica ao sincronizar a liberação de nutrientes com a necessidade das plantas.

Leia mais »
Beatriz Nastaro Boschiero 13/08/2025
mercado de nematicidas 2025
Fitossanitários
Nematicidas para o controle de nematoides: como escolher entre químicos e biológicos?

Nematicidas são aliados no manejo de nematoides. Saiba como escolher entre opções químicas e biológicas com segurança e eficiência no campo.

Leia mais »
Alasse Oliveira da Silva 07/08/2025
método PBL metodologia ativa de aprendizado no agronegócio
Agronegócio
Método PBL: fundamentos, aplicações e benefícios para a formação no agronegócio

Conheça o método PBL (Problem-Based Learning), que usa problemas reais para estimular a aprendizagem, aplicada ao agronegócio.

Leia mais »
Felipe Wohnrath 05/08/2025
Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agroadvance, Escola de Negócios Agro que conecta o campo à cidade, amplificando os resultados do agronegócio no Brasil e destacando a cultura e o valor do setor

Instagram Linkedin Youtube

Entre em Contato

  • Fale Conosco
  • WhatsApp
  • E-mail
  • Avenida Cezira Giovanoni Moretti, Nº 905, Térreo, Sala 01 - Santa Rosa - Piracicaba/sp - CEP: 13414-157
Links
  • Programa de Indicação
  • Política de Proteção de Dados
  • Política de Privacidade
  • Política de Uso de Cookies
  • Termos de Uso
  • Programa de Indicação
  • Política de Proteção de Dados
  • Política de Privacidade
  • Política de Uso de Cookies
  • Termos de Uso

©2025 Todos Os Direitos Reservados.