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Nutrição e adubação de plantas: o que é importante saber?

A nutrição e adubação das culturas é um ponto chave para alcançar altas produtividades. Veja nesse artigo quais pontos são importantes você compreender sobre o assunto.

Abordar o tema fertilidade do solo e nutrição de plantas é extremamente amplo e fundamental já que nutrir as plantas adequadamente melhora a performance das lavouras. É imperativo que o foco principal seja o equilíbrio nutricional, mas o que seria isso? 

Basicamente é fornecer de forma equilibrada tanto os macronutrientes como os micronutrientes de acordo com a demanda da planta. Os macronutrientes são os mais estudados e muitas vezes os mais limitantes, mas, não podemos nos esquecer que os micronutrientes têm papel fundamental para o desenvolvimento das plantas. 

Isso pode ser muito bem ilustrado no famoso barril de Liebig (químico alemão), que reforça que o equilíbrio é o grande responsável em fazer com que a planta produza adequadamente, pois se um nutriente estiver faltando, é ele que vai limitar a produção. 

Nutrição e adubação de plantas: barril de liebig

Barril de Liebig. Fonte: Wikipédia

Segundo Eduardo Zavaschi, Diretor de Pesquisa na Agroadvance Brasil, o equilíbrio é fundamental para melhorarmos a performance das lavouras. “Nesse contexto, podemos citar alguns exemplos como o excesso de nitrogênio (N) livre favorecendo a atração e danos de insetos sugadores. Outro exemplo é o baixo teor de boro (B) no solo, que pode comprometer o desenvolvimento do sistema radicular e consequentemente a absorção de outros nutrientes. O B também é essencial na estabilidade e permeabilidade de membranas celulares e, se estiver em déficit, pode-se ter extravasamento de potássio (K) das células. Isso tudo mostra que uma nutrição adequada é crucial para que a planta se desenvolva melhor”, disse ele. 

Eduardo acrescentou que os micronutrientes metálicos são essenciais para reações metabólicas e também fazem com que a planta tolere melhor o estresse abiótico, como por exemplo:

  • zinco (Zn): constituinte enzimático (está presente em todas as classes de enzimas: oxidoredutases, transferases, hidrolases, liases, isomerases e ligases), ativador enzimático, síntese proteica, metabolismo de carboidratos, síntese de triptofano e AIA (ácido indol-acético), integridade de membrana e peroxidação lipídica;
  • manganês (Mn): participação na fotólise da água como constituinte enzimático, constituinte de outras enzimas (ex: Mn-superóxidos dismutase, oxalato oxidase), ativador enzimático (por volta de 35 enzimas), estruturação dos cloroplastos;
  • cobre (Cu): constituinte de proteínas (plantocianinas, CuZnSOD, citocromos), produção de carboidratos, lipídeos, metabolismo do N, lignificação, formação e fertilização do pólen;
  • níquel (Ni): metabolização da ureia; componente da enzima hidrogenase;
  • ferro (Fe): constituinte dos citocromos (proteínas constituintes do sistema redox nos cloroplastos), de enzimas (ferrodoxinas, SOD [​​enzima superóxido dismutase]), ativador enzimático (catalases, peroxidases), participação na produção de etileno e participação na biossíntese de clorofila.

Nutrifisiologia de plantas 

A nutrifisiologia foca na aplicação dos nutrientes não necessariamente visando um papel nutricional, mas sim, ativar ou acelerar alguns processos metabólicos da planta. Um exemplo muito claro disso é quando o Mg é aplicado via foliar, já que ele é um macronutriente, ou seja, exigido em grandes quantidades. 

Para Eduardo, quando pensamos na quantidade necessária de magnésio para nutrição, estamos falando em kg por hectare, ou,  acúmulo na planta na ordem de gramas por quilo de matéria-seca (MS). Então, a quantidade aplicada de Mg via foliar do ponto de vista nutricional/estrutural, é muito pequena, porém, do ponto de vista fisiológico, é extremamente importante. 

“Pesquisas apontam que quando aplicamos Mg via foliar aumentamos a atividade de uma série de enzimas ligadas ao processo fotossintético, entre elas, a RuBisCo (ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase oxigenase), que tem papel essencial no ciclo de Calvin, ou seja na redução do CO₂  atmosférico em carboidrato. Pesquisas também mostram que a aplicação de nitrogênio foliar aumenta a atividade fotossintética. E por que isso acontece? Com esse manejo, tem-se um aumento brusco da concentração de N no tecido foliar onde localiza-se o centro da reação da fotossíntese, estimulando a produção de clorofila e o aumento da atividade fotossintética. Quando aplicamos nutrientes via foliar tem-se um aumento abrupto dos mesmos no tecido foliar, promovendo estímulos fisiológicos”, comentou Zavaschi. 

Importância da adubação nitrogenada 

A adubação nitrogenada é uma das mais importantes, uma vez que, em grande parte das culturas, o nitrogênio é o nutriente mais demandado. Mas, quais devem ser os pontos de atenção nesse manejo? Primeiramente devemos conhecer a demanda deste nutriente pela planta, ou seja, a quantidade extraída e exportada, e depois quanto o ambiente de produção (matéria orgânica do solo, fixação biológica de nitrogênio e restos culturais) consegue fornecer do elemento. De posse destas informações, realizamos a subtração do quanto a planta extrai pelo que o ambiente de produção fornece e o resultado é o que necessitamos aportar via adubação.

Segundo Zavaschi, cada fertilizante nitrogenado tem uma eficiência média em fornecer o nutriente para a planta. “Se falarmos do fertilizante nitrogenado mais utilizado, que é a ureia, ela tem uma eficiência média de 60 a 70%. Já o nitrato de amônio, é uma fonte que tem uma eficiência média um pouco maior, chegando a 80% a 90%. Para algumas culturas, como a soja, a fixação biológica de N (FBN), fornece todo ou quase todo o N demandado pela planta, sendo que a adubação nitrogenada pode ser dispensada.  

No feijão, a FBN é menos eficiente, sendo portanto necessário complementar a adubação via fertilizante. Resumidamente: os principais pontos que devemos considerar na adubação nitrogenada é o quanto que a planta extrai e o quanto o ambiente de produção fornece. A diferença entre estes pontos é o quanto deve-se fornecer de nitrogênio via fertilizante, considerando obviamente a eficiência do adubo em ofertar o nutriente.

Manejo da nutrição e adubação de plantas para atenuar estresses vegetais

De acordo com Eduardo Zavaschi, Diretor de Pesquisa na Agroadvance Brasil, diferente dos humanos, as plantas não conseguem se locomover e se, submetidas a um fator estressante, por exemplo, altas temperaturas, não conseguem sair de onde estão para ir até a sombra ou beber água. “É por essa razão que precisamos propiciar para elas o melhor ambiente possível a fim de que lidem com os fatores estressantes, seja problemas hídricos, ou, altas e baixas temperaturas. O principal ponto para considerarmos é o sistema de cultivo e isso envolve o perfil da formação de solo”, disse ele.

Mas o que é necessário para isso? Primeiramente, ter um ambiente adequado em profundidade para que as raízes cresçam e possam buscar água e nutrientes, superando as maiores temperaturas e menores quantidades de água nas camadas superficiais do solo.  Em segundo lugar, formar a palhada e focar nas plantas de cobertura já que com a palha no sistema, há uma série de benefícios, entre eles, a manutenção da umidade por mais tempo e a menor amplitude térmica, propiciando o melhor desenvolvimento das plantas e a redução no estresse. 

Do ponto de vista nutricional e estratégias para manutenção ou mitigação de estresse, é fundamental o aporte de alguns nutrientes para que a planta enfrente ambientes mais desafiadores. O magnésio é muito conhecido por permitir que as plantas lidem melhor com as altas temperaturas. Além dele, vale frisar a importância do potássio, do boro e dos micronutrientes metálicos, visto que alguns deles se relacionam à formação de lignina e outros com a atividade de enzimas antioxidantes”, comentou Zavaschi. 

Para ele, a aplicação de alguns elementos também é uma prática benéfica, como o silício, conhecido por auxiliar no engrossamento da cutícula da planta, o que faz com ela fique menos propensa a perder água e – do ponto de vista biótico – ser atacada por microrganismos sugadores.

E quais são as possíveis interferências na absorção dos elementos pelas plantas?

A primeira interferência a ser citada é a física e a compactação do solo é um dos fatores limitantes pois restringe o crescimento das raízes por uma pressão física além de menor aeração. A consequência disso é o impacto na respiração do sistema radicular e consequentemente, na menor atividade e absorção realizada por ele.

Em segundo, a acidez, já que em ambientes ácidos é comum a maior presença de alumínio, consequentemente, as raízes são drasticamente reduzidas em seu crescimento. Em solos ácidos, a disponibilidade dos nutrientes é também diminuída, como por exemplo, a do fósforo. Para Eduardo, uma outra questão bastante importante é que se o produtor não tiver um perfil de solo bem construído, o sistema radicular será menos desenvolvido, ocorrerá oscilação térmica e uma restrição hídrica considerável.

“Esses pontos refletem na absorção dos nutrientes pelas plantas e é por esse motivo que a construção de perfil de solo é um fator essencial para o aumento da absorção dos nutrientes. Outro fator muito importante que interfere nessa questão é a interação entre os nutrientes. Quando há algum nutriente em excesso ou faltante, haverá interferência na absorção de outro. O exemplo clássico é a relação entre o magnésio e o fósforo, já que alguns transportadores de fosfato são mais ativados na presença de magnésio”, acrescentou. 

Eduardo também comentou sobre outras situações com esse perfil, como:

a) quando há excesso de fósforo, ocorre menor absorção de zinco;

b) o excesso de potássio interfere na absorção de magnésio pois eles competem pelos mesmos transportadores, porém, o potássio tem transportadores preferenciais ao passo que o magnésio vai competir com o potássio;

c) a interação entre enxofre e molibdênio. O molibdênio é absorvido por transportadores de enxofre e se não houver um equilíbrio entre esses nutrientes, o resultado final é que pode ocorrer interferências na absorção de molibdênio.

Em resumo, a construção do perfil do solo, a preocupação com o sistema radicular das plantas, a manutenção da umidade e temperatura, a correção da acidez e o equilíbrio nutricional são os fatores preponderantes na absorção dos nutrientes pelas plantas.

Desafios da área de nutrição de plantas

Questionado sobre quais são os gargalos atuais na área de nutrição de plantas, Zavaschi  ponderou que entre os principais, é o posicionamento adequado das inúmeras tecnologias que surgem no mercado com frequência. 

“Todo dia vemos o surgimento de fontes de fósforo para correção do solo, fontes de potássio de solubilidade mais lenta e sem cloro, novas fontes para adubação foliar, entre outros, porém, muitas vezes, não temos a comprovação científica de que essas soluções realmente funcionam. Esse é um desafio muito grande porque muitas vezes o produtor adota a tecnologia, mas ele não sabe nem posicioná-la da melhor forma já que ela não foi estudada sobre como performar da melhor maneira na sua situação”.

Outro desafio citado por ele e já abordado neste artigo, é a compactação do solo. “Hoje, em sistemas de produção cada vez mais intensivos, em que as colheitas ocorrem em períodos mais úmidos, o trânsito de máquinas é muito intenso e a compactação se torna um grande problema.

Vale também acrescentar a importância de manter a matéria orgânica no sistema já que são inúmeros os benefícios disso, como o aumento da capacidade de troca catiônica (CTC) do solo, retenção e disponibilidade de nutrientes, manutenção da temperatura e da umidade do solo. Como estamos em um ambiente tropical, esse item acaba também sendo considerado um desafio e nessa linha, o aporte maciço de plantas de cobertura que produzem bastante palha é fundamental”, comentou.

Ele reforçou que manter o solo corrigido não é fácil e por isso é interessante que logo na abertura das áreas para o plantio seja adicionado – de maneira criteriosa – calcário e gesso. Após a instalação do sistema, as aplicações passam a ser apenas superficiais, periódicas e no tempo certo, auxiliando na ciclagem e na manutenção do perfil corrigido.

“Por último, uma outra entrave é a conciliação da técnica com as práticas operacionais. As áreas crescem, temos uma janela muito curta para os tratos culturais e conciliar isso tudo não é tarefa fácil. Para isso, são necessárias pessoas capacitadas e com bastante experiência”, finalizou ele.

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Este post tem 2 comentários

  1. Apesar das aplicaçao de adubasçao quimica muintasveses e nesesario trabaliar con rotaçao lavora pecuaria onde os solos estaun carente de materia orgánica o cual favorece na filtraçao das aguas das chuvas e aumento do nitrógenio e fosforo do solo

  2. Saudações Pedro,

    Sou da empresa Apmax e trabalhamos mapas de produção real através de satélites infravermelho. Temos um Software criado pela empresa a mais de dez anos onde conseguimos determinar possíveis manchas de alta, média e baixa produtividade em um determinado lote. Estou a procura de parceiros na região para apresentarmos nossa tecnologia junto aos clientes. Estarei te enviando uma apresentação no seu e-mail. Obrigado.

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