Veja quais são os herbicidas para milho que podem ser utilizados em cada uma das três épocas de aplicação possíveis para controle de plantas daninhas: pré-plantio, pré-emergência e pós-emergência da cultura.  

 

 Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho

O milho no Brasil pode ser cultivado tanto na primeira quanto na segunda safra. O manejo das plantas daninhas será influenciado pela época de plantio. 

Para o milho plantado na janela da safra principal o manejo de plantas daninhas é mais simples. Isso porque o controle pode ser realizado na entressafra, se atentando principalmente com o efeito residual de herbicidas na cultura. 

Para o milho de segunda safra (plantado logo após a colheita da soja na maioria dos casos) é importante que no momento do plantio não haja planta daninha na área, principalmente no que se refere à presença de gramíneas, cujo controle é mais difícil. 

O manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) inclui o controle das plantas daninhas na entressafra (dessecação pré-plantio), e a utilização de herbicidas pré-emergentes e pós-emergentes.  

A seguir iremos indicar quais herbicidas podem ser utilizados em cada um dos momentos possíveis de aplicação. 

 

Aplicação de herbicidas na dessecação pré-plantio 

A aplicação pré-plantio consiste na eliminação de plantas daninhas antes da semeadura da cultura, utilizando-se herbicidas de contato e/ou sistêmicos (Tabela 1).    

A dessecação pré-plantio deve ser realizada aproximadamente de 15 a 20 dias antes da semeadura através do uso de um ou mais herbicidas destinados à secagem de plantas daninhas e restos da cultura antecessora.   

 Tabela 1. Herbicidas para milho que podem ser utilizados na dessecação pré-plantio da cultura  

O glifosato é o produto mais utilizado no manejo pré-semeadura do milho, lembrando que quando há presença de folhas largas, principalmente resistentes ao glifosato, é recomendado a mistura de produtos, como com o 2,4-D, por exemplo. Neste caso, respeitando, no mínimo, 5 a 15 dias de antecedência da semeadura do milho.   

Além disso, nesse tipo de manejo, há opções herbicidas associados que apresentam residuais e as escolhas irão depender das espécies presentes na área, estádio, época de plantio do milho, disponibilidade do produto e condições ambientais. Exemplos com mistura de glifosato e os herbicidas inibidores da PROTOX e glifosato + glufosinato de amônio.   

 

Aplicação de herbicidas em pré-emergência 

Na aplicação em pré-emergência os herbicidas são aplicados antes da emergência das plantas daninhas e seus efeitos são observados durante a germinação das sementes e/ou crescimento inicial das plântulas.    

Diversos grupos químicos podem ser utilizados para aplicação em pré-emergência (Tabela 2). 

 

Tabela 2. Herbicidas para milho que podem ser utilizados na pré-emergência da cultura 

Herbicidas inibidores do fotossistema II (pertencente ao grupo químico das triazinas, como atrazina, simazina e terbutilazina) são comumente utilizados na cultura do milho, principalmente para o controle de plantas daninhas eudicotiledôneas.

Como os herbicidas pré-emergentes irão atuar após a emergência da planta daninhas é importante se atentar às condições de solo no momento da aplicação, como a umidade, por exemplo. Aplicar herbicidas em pré-emergência com o solo seco pode dificultar o controle das plantas daninhas.    

A fim de aumentar o espectro de controle e diminuir problemas de resistência das plantas daninhas aos herbicidas é comum a mistura de produtos, como por exemplo a mistura de herbicidas do grupo das triazinas com herbicidas como S-metalocloro, alacloro, entre outras.    

A associação de misturas de glifosato com herbicidas inibidores da ACCase, por exemplo, constitui uma das principais ferramentas para o controle de capim-amargoso resistente ao glifosato (Takano et al., 2017). 

 

Aplicação de herbicidas em pós-emergência 

 A aplicação de herbicida em pós-emergência ocorre quando as plantas daninhas e a cultura se encontram emergidas. A relação dos principais herbicidas indicados para uso em pós-emergência na cultura do milho pode ser encontrada na Tabela 3.    

 

Tabela 3. Herbicidas para milho que podem ser utilizados em pós-emergência da cultura 

 

Os herbicidas aplicados em pós-emergência precisam ser adequadamente absorvidos pelas plantas daninhas para que o controle seja eficiente. Assim, a eficiência dos herbicidas aplicados em pós-emergência está condicionada, sobretudo, às condições climáticas no momento da aplicação e ao estádio de desenvolvimento das plantas daninhas.   

 Uma estratégia interessante para controle de plantas daninhas monocotiledôneas é o uso de variedade de milho tolerante a glufosinate, ou seja, o milho LL que apresente o gene pat. Para o milho LL o glufosinate pode ser utilizado em associação com herbicidas do FSII, carotenóides e até nicosulfuron (Albrecht, 2022). 

O 2,4-D também é uma alternativa interessante para o controle de plantas daninhas monocotiledôneas, porém é preciso ter muito cuidado com dose, estádio e híbrido utilizado, pois alguns híbridos são sensíveis a esse herbicida (Albrecht, 2022). 

 

Resumo dos herbicidas para milho: épocas de aplicação 

A figura 1 apresenta resumidamente os herbicidas para milho que podem ser aplicados em dessecação pré-plantio, em pré-emergência e em pós-emergência na cultura. 

 

Figura 1. Herbicidas para milho que podem ser utilizados em diferentes épocas de aplicação na cultura. Fonte: Biomatrix (2022). 

 

Manejo de plantas daninhas para evitar o desenvolvimento de plantas daninhas resistentes. 

É importante lembrar que o manejo racional de herbicidas é essencial para evitarmos o surgimento de espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas, o que infelizmente já acontece amplamente no mundo todo. 

Confira abaixo as principais recomendações para o manejo da resistência de plantas daninhas disponíveis no site da HRAC (Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas): 

 

Conclusões 

 Nesse artigo, buscou-se elencar alguns princípios ativos de herbicidas que podem ser utilizados no manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Existem outros ingredientes ativos registrados no MAPA para a cultura que também podem ser utilizados.  

Cada área de cultivo apresenta sua peculiaridade e o manejo de plantas daninhas deve ser específico para o local onde se está trabalhando (considerando as espécies de plantas daninhas, o histórico de aplicações de herbicidas, as culturas a serem cultivas e uma série de outras informações).  

Assim é importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo e que o produtor deve estar também sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.   

O manejo das plantas daninhas sempre deve ser feito pensando a longo prazo, visto que muitas plantas daninhas precisam de controle por anos para serem satisfatoriamente controladas. Assim aliar as aplicações de dessecação pré-plantio, de pré-emergência e de pós-emergência é crucial para o bom resultado na lavoura. 

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Referências

Albrecht, L.P. Identificação e manejo integrado de plantas daninhas. Aula ministrada no curso Expert Proteção de Plantas da Agroadvance. 2022.  

BIOMATRIX. Herbicidas para milho: época de aplicação e principais produtos. Disponível em: https://sementesbiomatrix.com.br/blog/fitossanitario/herbicida-para-milho/. Acesso: 21/03/2023 

HRAC-BR. Disponível em: https://www.hrac-br.org/. Acesso: 21/03/2023. 

Karam, D. Cruz, M.B.; Rizzardi, M.A. Manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/30122/1/Manejo-plantas.pdf. Acesso: 21/03/2023. 

MAPA. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acesso em 21/03/2023.   

Takano, H.K.; Oliveira Jr, R.S. Constantin, J. Alternativas viáveis. Cultivar Grandes Culturas, v. 220, 2017. Disponível em: https://issuu.com/grupocultivar/docs/cultivar_220__4_. Acesso: 17/03/2023. 

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