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Biopesticidas ou biodefensivos: o que temos disponível no mercado para o controle biológico?

Os defensivos biológicos, também conhecidos como biopesticidas ou biodefensivos são uma alternativa sustentável para o controle de pragas. Veja neste artigo quais suas vantagens e desvantagens e quais agentes biológicos de controle temos disponível no Brasil até agora.


Na busca por soluções agrícolas mais sustentáveis e eficazes, os biopesticidas ou biodefensivos emergem como uma alternativa promissora no controle de pragas.

Estes defensivos biológicos, derivados de ingredientes ativos naturais, oferecem uma abordagem inovadora que visa equilibrar a proteção das culturas com a preservação do meio ambiente.

Neste artigo, exploraremos o papel dos biodefensivos na agricultura moderna, destacando suas vantagens, aplicações e contribuições para uma prática agrícola mais sustentável e responsável.

O que é biodefensivos? ou o que são biopesticidas?

Os defensivos biológicos (biodefensivos), também chamados de biopesticidas, são produtos agrícolas derivados de agentes biológicos, comumente de baixa toxicidade, que visam controlar pragas, doenças, nematoides, plantas daninhas e moluscos de forma eficaz sem causar danos ao meio ambiente.

Estes produtos permitem a preservação de insetos benéficos na cultura, reduzindo a necessidade de aplicação frequente de outros produtos agressivos.

Por que usar biopesticidas?

O uso de biopesticidas oferece uma abordagem mais sustentável, segura e eficaz para o controle de pragas na agricultura, contribuindo para a produção de alimentos de forma mais responsável e ambientalmente consciente (Figura 1).

Vantagem dos biodefensivosVantagem dos defensivos químicoscomparação biopesticidas e pesticidas
Figura 1. Comparação das vantagens dos defensivos químicos e biodefensivos. Fonte: traduzido de Ayilara et al. (2023).

Para deixar mais clara a diferença entre os defensivos químicos, tradicionalmente utilizados na agricultura e os biodefensivos, vejamos alguns pontos importantes apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Diferença entre defensivos químicos e os biodefensivos de acordo com a literatura

Defensivos químicosBiodefensivos
1Diminuição de insetos benéficos devido a sua toxicidade a pragas não-alvo alterando a biodiversidade de áreas e afetando o balanço biológico naturalSão não-tóxicos e não-patogênicos a organismos não alvo, assim, não afetam diretamente animais benéficos como predadores e parasitoides.
2Deixam resíduos químicos nos alimentos, seja por aplicação direta ou por bioacumulação, causando problemas de saúde como problemas de pele, irritação nos olhos, dor abdominal, câncer, etc.Os resíduos de biodefensivos não são perigosos e são seguros o tempo todo, mesmo próximo aos períodos de colheita da cultura. Nenhum resíduo prejudicial permanece nos alimentos, na ração e nas fibras.
3Devido ao seu uso contínuo na agricultura, os químicos podem descer até os aquíferos e contaminar os corpos de águaTêm persistência limitada no campo e vida útil curta, e devido à sua biodegradabilidade, se decompõem rapidamente. Portanto, são mais seguros para os seres humanos e o meio ambiente.
4Pesticidas químicos são formados por uma mistura de muitos químicos sintéticosBiodefensivos geralmente são produtos e bioprodutos de organismos que ocorrem naturalmente como plantas, animais e microrganismos.
5Perigo de envenenamento para operadores de pesticidas considerando a exposição excessiva: embora dependa da concentração, toxicidade, sensibilidade e duração da exposição.Efetivo em concentrações ou quantidades baixas, resultando em menor exposição do operador.
6Resistência de pragas devido ao uso excessivo de pesticidas químicos.É esperado que as pragas não desenvolvam resistência aos biopesticidas
7Natureza do controle: curativaNatureza do controle: preventiva
8Efeito rápido na redução da população da praga.Leva tempo para reduzir a população de pragas
9Redução no mercado globalAumento no mercado internacional
10Alto custo de produçãoBaixo custo de produção
Fonte: Essiedu et al. (2020).

Classificação dos produtos biológicos

No Brasil existem diversas classes registradas como biodefensivos no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

As duas classes principais são os agentes biológicos de controle e as substâncias químicas naturais, que apresentam duas outras subdivisões cada, com suas respectivas classes, conforme esquematizado na Figura 2.

classificação dos biodefensivos ou biopesticidas
Figura 2. Classificação de Biopesticidas de acordo com a legislação Brasileira. Tipos de biopesticidas. Fonte: MAPA, 2019.

São considerados ativos biológicos de diferentes biodefensivos:

  • Agentes microbiológicos: microrganismos como bactérias, vírus, fungos e protozoários (frequentemente formulados).
  • Agentes macrobiológicos: macrorganismos como ácaros, Insetos e nematoides que se alimentam ou parasitam outras pragas.
  • Semioquímicos: por definição, é um sinal químico produzido por um organismo, geralmente insetos, que causa uma mudança comportamental em um indivíduo da mesma ou de uma espécie diferente. Para a proteção das culturas, os semioquímicos mais amplamente utilizados são os feromônios de insetos, que servem como um sinal para se comunicar com outros da mesma espécie por uma série de razões e são sintetizados para o controle de pragas por meio da interrupção do acasalamento, sistemas de atração e captura e armadilhas em massa. feromônios
  • Bioquímicos: utilizam substâncias de ocorrência natural usadas para controlar pragas por meio de um mecanismo não tóxico. Inclui hormônios reguladores de crescimento e enzimas.

Biodefensivos registrados no Brasil

Atualmente, em março de 2024, o AGROFIT aponta que o Brasil possui registro de um total de 785 biopesticidas (Figura 3), sendo:

  • 295 Inseticidas microbiológicos
  • 114 Fungicidas microbiológicos
  • 78 Nematicidas microbiológicos
  • 53 Acaricidas microbiológicos
  • 5 Bactericidas microbiológicos
  • 94 Agentes biológicos de controle
  • 48 Feromônios
Distribuição dos biodefensivos por classesBiopesticidas
Figura 3. Distribuição dos biodefensivos no Brasil, por classe. Fonte: o autor, a partir de dados do Agrofit (2024).

Agentes biológicos de controle registrados no Brasil

Vejamos a seguir quais os agentes microbiológicos e macrobiológicos de controle temos disponível para o controle biológico de pragas no País:

Microbiológicos

Os agentes microbiológicos constituem 69,4% de todos os produtos registrados para o controle biológico no Brasil. Todos os microrganismos com registro estão listados na Figura 4.

agentes microbiológicos de controle biopesticidas biodefensivos
Figura 4. Agentes microbiológicos de controle registrados para o controle biológico de pragas no Brasil. Fonte: Informativo Técnico Agroadvance nº12. março de 2024.

Os principais agentes microbiológicos de controle são:

  • Fungo Beauveria bassiana: presente em 103 biodefensivos
  • Fungo Metarhizium anisopliae: presente em 96 biodefensivos
  • Fungo Trichoderma harzianum: presente em 54 biodefensivos
  • Bactéria Bacillus thuringiensis: presente em 54 biodefensivos
  • Bactéria Bacillus amyloliquefaciens: presente em 43 biodefensivos
  • Bactéria Bacillus subtilis: presente em 39 biodefensivos
  • Bactéria Bacillus velezensis: Presente em 20 biodefensivos
  • Vírus: Baculovirus: presente em 14 biodefensivos

Macrobiológicos

Os agentes macrobiológicos registrados para o controle biológico no Brasil são apresentados na Figura 5.

agentes macrobiológicos de controle ( insetos nematoides e ácaros) registrados para o controle biológico no Brasil
Figura 5. Agentes macrobiológicos de controle registrados para o controle biológico de pragas no Brasil. Fonte: Informativo Técnico Agroadvance nº12. março de 2024.

Os agentes macrobiológicos de maior destaque estão listados na Tabela 2, juntamente com algumas informações como classificação, grupo, número de produtos registrados e principais alvos.

Tabela 2. Detalhes de alguns agentes macrobiológicos e seus usos

EspécieClassificaçãoGrupoProdutos  registradosPrincipais alvos:
Heterorhabditis bacteriophoraNematoideParasitoide4Bicudo-da-canaPercevejo-castanhoLagarta-militarVaquinha
Steinernema carpocapsaeNematoideParasitoide3Bicudo-da-canaLagarta-militar
Chrysoperla externaInsetoPredador6Pulgão
Orius insidiosusInsetoPredador4Tripes
Cryptolaemus montrouzieriInsetoPredador3Cochinilha-rosada
Cotesia flavipesInsetoParasitoide larval28Broca-da-cana
Habrobracon hebetorInsetoParasitoide larval2Traça de produtos armazenados
Trichogramma pretiosumInsetoParasitoide de ovos13Lepidópteros
Telenomus podisiInsetoParasitoide de ovos10Percevejo-marrom
Trichogramma galloiInsetoParasitoide de ovos9Broca-da-cana
Tetrastichus howardiInsetoParasitoide de ovos2Broca-da-canaLagarta-thyrinteina
Neoseiulus californicusÁcaroPredador5Ácaro-rajado
Phytoseiulus macropilisÁcaroPredador2Ácaro-rajado
Stratiolaelaps scimitusÁcaroPredador2Fungus gnats
Amblyseius tamatavensisÁcaroPredador1Mosca-branca
Fonte: Informativo Técnico Agroadvance nº12. março de 2024.

Conclusões

À medida que enfrentamos desafios crescentes relacionados à sustentabilidade e à segurança alimentar, os biodefensivos emergem como uma solução promissora para o controle biológico de pragas na agricultura.

A diversidade de agentes microbiológicos e macrobiológicos disponíveis no mercado brasileiro reflete o potencial significativo desses produtos na promoção da saúde das plantas e na redução do impacto ambiental. Desde bactérias e fungos até insetos e ácaros predadores, uma gama variada de agentes biológicos oferece soluções específicas para diferentes desafios enfrentados pelos agricultores.

No entanto, é importante ressaltar que o sucesso dos biodefensivos depende não apenas da disponibilidade desses produtos, mas também de práticas agrícolas integradas e da conscientização dos produtores. A educação sobre o manejo adequado e a integração eficaz dos biodefensivos com outras estratégias de controle de pragas são fundamentais para maximizar seus benefícios e garantir resultados sustentáveis a longo prazo.

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Referências

CropLife Brasil. Biodefensivos, cada vez mais presentes no campo. Disponível em: https://croplifebrasil.org/noticias/biodefensivos-cada-vez-mais-presentes-no-campo/. Acesso: 29 Fev. 2024.

ESSIEDU, J.A.; ADEPOJU, F.O.; IVANTSOVA, M.N. Benefits and limitation in using biopesticides: a review. AIP Conference Proceedings 2313, 080002. 2020. DOI: 10.1063/5.0032223.

EMMANUEL O. FENIBO, E.O.; IJOMA, E.N.; MATAMBO, T. Biopesticides in sustainable agriculture: current status and future prospects. In: MANDAL, S.D.; RAMKUMAR, G.; KARTHI, S.; JIN, F. New and Future Development in Biopesticide Research: Biotechnological Exploration. pp. 1-53, 2023.

Informativo Técnico Agroadvance. Biodefensivos (biopesticidas):
o que temos disponível no Brasil para o controle biológico?
N. 12, março 2024. Disponível em: https://agroadvance.com.br/informativo-tecnico/

Sobre a autora

Beatriz Nastaro Boschiero

Beatriz Nastaro Boschiero

Especialista em MKT de Conteúdo na Agroadvance

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