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Uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas: maximizando a produtividade das lavouras

Descubra as estratégias essenciais para aumentar a produtividade das suas lavouras através do uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas. Encontre dicas práticas, ferramentas de diagnose e insights sobre a qualidade dos insumos, conservação do solo, recomendações equilibradas e muito mais.

Entenda como a correta utilização dos fertilizantes pode causar impactos positivos na sua lavoura 

Os fertilizantes e corretivos agrícolas são os insumos mais importantes, em termos percentuais, para aumentar a produtividade das culturas. Entretanto, para promover retornos adequados sobre os investimentos, eles devem ser aplicados corretamente, de modo a atingir alta eficiência. O conceito de uso eficiente de fertilizantes mais difundido entre os técnicos, que em linhas gerais vale também para os corretivos agrícolas, é aquele que reflete o aumento de produção por unidade de nutriente aplicado.  

Baixa eficiência de fertilizantes significa baixa produtividade e baixos lucros. Este conceito é ilustrado na Figura 1 (FAO-FAI, s.d.). O agricultor ineficiente aplica 2 sacos de fertilizantes e obtém um aumento de produção de somente 3 sacos. Se ele soubesse como aplicar a mesma quantidade de modo correto ele poderia obter, por exemplo, 4 sacos de aumento na produção.

uso eficiente de fertilizantes e corretivos

Figura 1 – Representação simplificada do conceito de uso eficiente de fertilizantes  

(Fonte: FAO/FAI (s.d.)) 

 

O conceito de uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas, num sentido mais amplo, envolve respostas às seguintes perguntas: 

O que aplicar? Quanto aplicar? Em que forma química? Como aplicar? Qual o retorno econômico? 

As respostas a estas perguntas exigem conhecimentos técnicos envolvendo nutrição mineral de plantas, química do solo, fertilidade do solo, tecnologia de adubos, fisiologia de plantas, física do solo, gênese, morfologia e classificação de solos, mecânica agrícola e econômica agrícola. 

Mas calma, vamos trazer algumas dicas para você poder utilizar os fertilizantes de maneiras mais eficientes. 

O que é uso eficiente de fertilizantes?

É a medida do ganho em produção por unidade de nutriente aplicado.

O uso eficiente dos fertilizantes exige uma diagnose correta de possíveis problemas de fertilidade do solo e nutrição de plantas antes da ação da adubação ou correção do solo. Nesse contexto, a utilização das seguintes “ferramentas” de diagnose é o primeiro passo para determinar o uso inteligente dos fertilizantes e corretivos agrícolas: 

1. Análise de solosa análise de solos é uma das principais “ferramentas” de diagnose para se determinar qual o fertilizante ou corretivo a aplicar e em que doses.

A análise de solos é o único método que permite, antes do plantio, conhecer a capacidade de um determinado solo suprir nutrientes para as plantas. É a forma mais simples, econômica e eficiente de diagnose da fertilidade  e constitui base imprescindível para a recomendação de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes para aumentar a produtividade das culturas e, como consequência, a produção e a lucratividade das lavouras. Destacam-se ainda como aspectos favoráveis à sua utilização: 

  • Baixo custo e rapidez na obtenção dos resultados;
  • O adequado planejamento na compra de corretivos e fertilizantes;
  • Evita gastos desnecessários com insumos e mão-de-obra;
  • Evita desequilíbrios nutricionais;
  • Minimiza danos ao meio ambiente, notadamente a contaminação das águas por excesso de fertilizantes.

Análise do solo. Fonte: Institutoagro.com

2. Análise foliar – a análise foliar tornou-se um importante instrumento de diagnose de problemas nutricionais nos últimos anos, não só em culturas perenes, mas também em culturas anuais. A comparação de dados de análise foliar de áreas com baixa média e alta produtividades constitui-se em um instrumento extremamente importante na avaliação do estado nutricional das culturas para o estabelecimento de doses e fontes diferenciadas de corretivos e fertilizantes.

3. Testes de tecidos – os testes rápidos, ou testes de tecidos, são bastante difundidos nos EUA e Europa, sendo ainda pouco utilizados no Brasil. A grande vantagem desse tipo de teste, mais comum para a avaliação do estado nutricional da planta quanto a nitrogênio, fósforo e potássio, é que ele é feito no campo e permite uma diagnose imediata de possíveis problemas.

4. Sintomas de deficiência de nutrientes – a identificação dos sintomas de deficiência de nutrientes nas plantas ajuda a diagnosticar possíveis problemas no campo. A técnica de identificar sinais indicativos de fome de nutrientes é indispensável para se obter uma produção mais lucrativa das culturas. É sempre recomendável que o técnico tenha à mão a descrição dos sintomas, inclusive com fotos coloridas para as culturas mais importantes na sua respectiva área de atuação.

5. Fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes – principalmente para a tomada de decisão sobre micronutrientes, cujos níveis para interpretação da análise de solos e análise foliar, para muitas culturas não estão totalmente definidos, este ponto é de importância fundamental.

6. Histórico da área – o conhecimento do histórico da área a ser cultivada é de extrema importância para maximizar a eficiência dos fertilizantes. A utilização desta “ferramenta”, aliada às demais já mencionadas, é um complemento indispensável, pois a tomada de decisão baseada em dados reais da área fornece mais segurança ao técnico que a utilização apenas de parâmetros analíticos. Pontos importantes a considerar sobre histórico da área incluem: doses de corretivos e fertilizantes já utilizadas; produções obtidas; práticas de preparo de solo; época de plantio; quantidade de chuva, etc.

Fatores que afetam o uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas. 

O uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas depende de uma série de fatores que, de forma direta ou indireta, afetam o processo como um todo. 

Qualidade dos fertilizantes e corretivos agrícolas.  

Um fertilizante de baixa qualidade pode impactar negativamente a sua lavoura. Por isso, em toda negociação de fertilizantes, não esqueça de se perguntar: 

  • Esse fertilizante tem excesso de pó?
  • Qual o tamanho dos grânulos dessa formulação?
  • Estão colocando enchimento para fechar a fórmula? 

Devemos buscar uma nutrição balanceada, através do equilíbrio entre os nutrientes para que as plantas possam expressar o máximo potencial produtivo utilizando fertilizantes que possuam qualidade, de verdade. 

Solo

As características físicas, químicas, físico-químicas, assim como o teor de matéria orgânica afetam o uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas. A avaliação destes parâmetros pode ser feita por exames locais do desenvolvimento de raízes, testes rápidos da capacidade de infiltração de água, resistência à penetração do trado e resistência do perfil do solo à penetração de uma faca ou de um espeto de churrasco, por exemplo. O que é fundamental é que o técnico que orienta o agricultor se familiarize e aplique as metodologias para avaliação da estrutura e porosidade do solo. 

Recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa 

Na prática da adubação, a “Lei do Mínimo ou de Liebig”, muitas vezes esquecida pelos técnicos, explica que a produção é limitada pelo nutriente que se encontra em menor disponibilidade, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidades adequadas. O que é importante em relação à “Lei do Mínimo” é que a grande maioria dos solos do Brasil apresenta, também, deficiência de enxofre e micronutrientes, essa lei deve ser considerada na sua forma ampliada. Em termos práticos, essa lei orienta no sentido de que as adubações não devem visar a Produtividade Máxima (PM), mas a produtividade que proporcione o maior lucro para o agricultor, ou seja, a Produtividade Máxima Econômica (PME). 

Lei do mínimo. Fonte: maissoja.com.br.

Época de aplicação

A época de aplicação de fertilizantes deve coincidir com aquela que antecede a maior demanda da cultura, desde que estes fertilizantes sejam de alta solubilidade. Esse é o caso, principalmente, dos fertilizantes nitrogenados e potássicos que são solúveis em água. 

Forma de aplicação ou localização

Os fertilizantes fosfatados pouco solúveis (fosfatos naturais de baixa reatividade) e o calcário devem ser aplicados a lanço, em área total, e bem incorporados ao solo. Nesse caso, quanto mais intenso for o grau de moagem, mais rápida será a dissolução do produto. 

Uniformidade de distribuição

O fator uniformidade de distribuição dos fertilizantes e corretivos está ligado à qualidade, regulagem e operação adequada dos equipamentos para aplicação desses insumos, de modo a permitir uma localização correta. Condições de seca ou de excesso de água levam à baixa eficiência dos fertilizantes e corretivos.  

Conservação do solo

A desagregação e o arraste do solo provocado principalmente pela água é um dos fatores mais importantes ligados à baixa eficiência de fertilizantes e corretivos no Brasil. Estima-se que o Brasil perde, por erosão laminar, cerca de 500 milhões de toneladas de terra anualmente, arrastando também milhares de toneladas de fertilizantes e corretivos aplicados.  

Minimização de perdas 

Além da conservação do solo, sendo a forma de minimizar perdas do solo, dos fertilizantes e corretivos por erosão, outras formas de perdas devem ser reduzidas para aumentar o uso eficiente desses insumos. As mais significativas formas de perdas são as seguintes:  lixiviação ou percolação e volatização do nitrogênio. A perda de nitrogênio na forma de compostos gasosos ocorre em diversas situações, o que pode levar a um baixo grau de eficiência dos fertilizantes nitrogenados, notadamente em meio alcalino e quando estes são aplicados superficialmente. 

Outros fatores

A eficiência dos fertilizantes e corretivos está ainda sujeita a uma série de outros fatores indiretos, podendo-se mencionar os seguintes: preparo adequado do solo; espaçamento e/ou população de plantas; qualidade da semente; combate às plantas invasoras; doenças e pragas. O ponto relevante para o técnico que orienta o agricultor é que, muitas vezes, fatores simples, quando não considerados, podem limitar o uso eficiente dos fertilizantes e dos corretivos agrícolas, a produtividade das culturas e o lucro do agricultor. 

 

Conclusão 

O correto manejo dos fertilizantes nas lavouras promove a economia dos gastos com esses insumos e o aumento da produtividade. 

A assistência aos agricultores é fundamental nesse processo. A valorização da assistência técnica daqueles que militam no setor de recomendação de fertilizantes e corretivos agrícolas passa por um processo que envolve conhecimentos não apenas de adubos, adubações e fertilizantes do solo. Cada vez mais abre-se espaço para os técnicos com conhecimentos ecléticos, envolvendo todos os fatores de produção das culturas. 

Palavras-chaves: fertilizante, produtividade, economia de insumos, manejo dos fertilizantes, disponibilidade de nutrientes, conservação do solo, corretivos agrícolas.  


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Sobre a autora: Adrielle Nery, Engenheira Agrônoma e mestranda em Entomologia.

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