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Plantio de milho: 5 pontos de atenção para uma safra de sucesso

Plantio de milho: as principais dicas para o período de plantio, escolha da semente, preparação do solo, espaçamento e profundidade de plantio, além da adubação para uma das principais etapas dessa cultura.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho e, na safra 22/23 segundo dados da USDA (Colussi et al., 2023), se tornou o maior exportador de milho do mundo, ultrapassando o Estados Unidos.

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O milho é um dos grãos mais versáteis que existem: podem ser utilizados na alimentação humana, alimentação animal, produção de etanol e diversas indústrias.

No Brasil, ele ganha destaque para alimentação animal, muito utilizado na forma de silagem (silagem de planta inteira, snaplage e de grão úmido) ou exportado em forma de grãos e que, posteriormente, também será utilizado para alimentação animal no país de destino.

Sendo uma das culturas mais importantes do país, o plantio de milho é uma das principais etapas para sucesso nessa cultura e precisa de diversos cuidados. Confira aqui os 5 pontos essenciais de atenção e veja todas as dicas que separamos especialmente para essa etapa da cultura!

Período de plantio do milho

O período de semeadura, ou época de plantio de milho, no Brasil possui algumas particularidades, já que é possível a realização de 2, e até de 3 safras. Atualmente, 73,2% da produção brasileira decorre da segunda safra, 25% da primeira safra e 1,7% da terceira safra (Figura 1).

produção brasileira de milho na primeira, segunda ou terceira safra
Figura 1. Produção brasileira de milho na 1ª, 2ª e 3ª safra.
Fonte: StoneX, Conab e USDA, 2022.

A primeira safra, também denominada de safra de verão, é aquela que possui mais radiação solar e mais precipitação – portanto, as condições ideais para a plantação. Normalmente começa no mês de setembro (ou próximo a isso) e os produtores costumam investir mais nessa safra, já que os riscos relacionados aos riscos das condições climáticas são minimizados.

A segunda safra, ou safrinha, ocorre em período com maiores riscos de condições climáticas que podem prejudicar a produção de milho, como menor radiação e chuvas. Porém, o Brasil vem se destacando nessa safra e o milho tem sido preferido para esse período de plantio, já que na safra de verão é mais comum outras culturas mais rentáveis economicamente, como a soja. Normalmente, o plantio ocorre em janeiro ou data próxima a isso.

A terceira safra só vem ocorrendo mais significativamente nos últimos anos, em que foi notado nos estados do nordeste o plantio de milho no mês de abril.

É essencial entender a sua região produtora e quais são as safras possíveis de serem realizadas, sempre de acordo com seu gerenciamento financeiro e operacionalização da propriedade.

calendário agrícola de plantio de milho no Brasil
Calendário de safra da 1ª, 2ª e 3ª safras brasileiras de milho.
Fonte: StoneX, Conab e USDA, 2022.

A escolha da semente de milho

Para esse ponto precisamos considerar três coisas: o objetivo do cultivo, o ciclo do híbrido de milho e as tecnologias para controle de pragas e plantas daninhas.

Objetivo da cultura de milho

Dependendo do objetivo da cultura é necessário escolher uma ou outra semente.

Para áreas que forem destinadas para silagem, é necessário um híbrido de milho que resulte em grãos de milho mais dentados, ou seja, que possuem amido descompactado, facilitando a digestão e, consequentemente, à engorda dos animais.

Já para as áreas destinadas para exportação de grãos, é muito mais interessante um híbrido que dê origem aos grãos mais duros (tipo flint) facilitando a colheita e toda a logística dessa cadeia.

Duração do ciclo do milho e colheita

Em geral, o ciclo da cultura do milho possui em torno de 90 a 120 dias. Isso depende de vários fatores, como radiação solar, precipitação, manejo e o principal: o híbrido.

Dependendo do número de unidades de calor (UC) que cada híbrido necessita para florescer é que ele é classificado com uma nomenclatura que esclarece se aquelas plantas vão demorar mais ou menos para completar seu ciclo.

Comercialmente, os híbridos são classificados como normais, semiprecoces, precoces, superprecoces e, mais recentemente pelas empresas produtoras de sementes, como hiperprecoces. Nesse quesito (comercial) as unidades de calor (UC) que cada classificação precisa para florescer não é muito claro (Embrapa, 2021).

Porém, para fins de Zoneamento são utilizados os seguintes critérios, com base nos totais de unidades de calor (U.C.), entre 10º C e 30º C, necessários para o florescimento do milho (período compreendido entre emergência e florescimento):

  • Ciclo precoce: híbridos que precisam de até 780 U.C.;
  • Ciclo médio: híbridos que precisam de 780 a 860 U.C.;
  • Ciclo tardio: híbridos que precisam de mais que que 860 U.C.

Isso significa que quanto mais unidades de calor um híbrido precisa, mais tardio ele é considerado, sendo que o contrário é verdadeiro: quanto menor a soma calórica que o híbrido precisa, mais precoce ele é classificado.

Atualmente, híbridos com ciclo mais curto (os superprecoces) são mais valorizados, já que com um ciclo menor é possível melhor otimização dos recursos da propriedade.

No entanto, não se prenda tanto à classificação do ciclo do híbrido apresentado pela empresa. Essa classificação não é rigorosa e dependendo das condições climáticas e manejo um híbrido hiperprecoce pode se comportar como um híbrido precoce, sendo que contrário também pode ser verdadeiro.

Por isso é extremamente necessário conhecer como o híbrido se apresenta em sua região e em um manejo similar ao qual você planeja fazer.

Muito provavelmente a revenda, cooperativa ou representante da sua região fará dias de campos, eventos ou apresentação de resultados dos plantios de híbridos de milho e isso pode te ajudar muito na sua decisão.

Outra característica essencial para se notar relacionado ao ciclo e plantio de milho é o dry down, que é a taxa de secagem após a maturação fisiológica, indicando que os híbridos que possuem dry down mais rápido são aqueles que podem ser colhidos antes.

Tecnologias para o controle de pragas e plantas daninhas

Também envolvida na escolha da semente está a escolha da tecnologia embarcada na mesma. Isso porque, as sementes de milho majoritariamente utilizadas no Brasil possuem biotecnologia, o que pode conferir tolerância às pragas e doenças da cultura.

Abaixo (Tabela 1) você pode verificar quais são as tecnologias disponíveis na última safra (2022/23) e quais suas respectivas tolerâncias.

Tabela 1. Biotecnologias presentes nas cultivares de milho, safra 2022/2023, e suas respectivas resistências a pragas e tolerância a herbicida.

BIOTECNOLOGIAS DISPONÍVEISTOLERÂNCIA AO GLIFOSATOLAGARTA DO CARTUCHOBROCA DA CANA-DE-AÇÚCARLAGARTA DA ESPIGALAGARTA ELASMOLAGARTA ROSCALAGARTA ARMÍGERALAGARTA ROSCA
 Herbicida glifosatoSpodoptera frugiperdaDiatreae saccharalisHelicoverpa zeaElasmopalpus lignosellusAgrotis ipsilonHelicoverpa armigeraDiabrotica Speciosa
YieldGard VT PRO*N**SSSSNNN
VT PRO 2SSSSSNNN
VT PRO 3SSSSSNNS
VT PRO 4SSSSSSNS
AgrisureViptera 2SSNSSSNN
AgrisureViptera 3SSSSSSNN
LepteraSSSSSSNN
TrecepteraSSSSSSNN
Roundup ReadySNNNNNNN
PowerCoreSSSSSSNN
PowerCoreUltraSSSSSSSN
*N = Não. – **S = Sim. Fonte: Grupo Bayer – (VT PRO; VT PRO 2; VT PRO 3; VT PRO 4; Trecepta; Roundup Ready); Grupo Syngenta – (Agrisure Viptera 2 e Agrisure Viptera 3); Grupo Corteva Agriscience do Brasil – (Leptera; PowerCore e PowerCoreUltra) em Embrapa Milho e Sorgo, 2022.

Segundo a Embrapa (2022) os eventos mais presentes na última safra foram o AgrisureViptera 3, PowerCore Ultra e VT PRO 3, embora o VT PRO4 tenha aparecido em novos híbridos e expandido sua comercialização.

Isso demonstra o interesse das empresas sementeiras em oferecer produtos cada vez mais tecnológicos e que contribuam com o aumento da produtividade, mas também demonstra que o mercado está demandando produções de alto investimento e culturas muito bem manejadas, com uma produção intensiva de grãos.

Nesse sentido, é importante ressaltar que não basta comprar uma semente com a mais nova tecnologia e descuidar do manejo da cultura.

Mesmo com um híbrido tolerante à algumas lagartas, é ainda preciso fazer o MIP (Manejo Integrado de Pragas) integrando diversas formas de controle dos insetos, incluindo o químico e o cultural.

Da mesma forma ocorre com as plantas daninhas. É preciso fazer a rotação de mecanismos de ação dos herbicidas e ficar atento à área e a dinâmica do banco de sementes das daninhas.

Preparação do solo para plantio de milho

Antes da preparação do solo ou mesmo da adubação, é extremamente necessário realizar as análises de solo da sua área. Neste vídeo abaixo temos mais informações sobre a interpretação da análise de solo:

Neste vídeo abaixo você pode conferir mais sobre o preparo de solo e como aumentar a eficiência do seu plantio de milho:

As práticas corretivas que envolvem a preparação do solo, como calagem, gessagem e fosfatagem são normalmente requeridas nos solos brasileiros. Confira nosso manual completo sobre o assunto aqui.

Plantio Direto vs. Plantio Convencional

A principal diferença entre o plantio direto e o plantio convencional é que neste último há o revolvimento do solo, enquanto o plantio direto é mantém a cobertura morta de plantas sobre a área.

Assim, para realizar as práticas corretivas citadas acima é preciso fazer o plantio convencional. Inclusive, para poder implementar o plantio direto é preciso verificar a análise de solo e entender se a propriedade precisa ou não de correção.

Caso isso seja necessário, uma ou mais safras serão feitas no sistema convencional, até o solo ser corrigido adequadamente e então ser possível a realização do cultivo em plantio direto.

Apesar disso, há muitas vantagens no plantio direto: minimização da compactação do solo, menor erosão, manutenção da umidade (água) no solo, minimização de estresse hídrico nos cultivos, menor incidência de plantas daninhas e outros.

Adubação para plantio de milho

Em relação a adubação nitrogenada, é recomendado que se forneça no sulco da semeadura de 20 a 50 kg ha-1 em pré-plantio (desde que com intervalo máximo de 7 dias entre a aplicação e a semeadura), ou em cobertura (antecipando o máximo possível, entre V1-V2).

Você pode conferir os cálculos e tabelas de recomendação nitrogenada no plantio e cobertura do milho neste artigo completo sobre o assunto.

Para os macronutrientes há diversos cálculos, tabelas de recomendações e cuidados necessários. Para uma recomendação completa verifique nosso e-book gratuito sobre o assunto:

Por que é preciso fazer cobertura no milho?

A adubação de cobertura (após o plantio) é uma estratégia importante para conseguir que a cultura consiga extrair todos os nutrientes que precisa, já que a dose desses nutrientes é parceladas ao longo do tempo, fazendo com que algumas perdas sejam minimizadas.

Além disso, alguns nutrientes como o potássio (K), se em alta concentração no sulco de semeadura, podem danificar a plântula de milho.

Alguns autores falam em valores próximos a 40 Kg/ha de K2O na semeadura do milho e outros preferem trabalhar próximo a 60 Kg/ha de K2O.

Espaçamento e profundidade de plantio de milho

Antes de entrar realmente no assunto em si sobre espaçamento e profundidade de plantio de milho certifique-se desses pontos:

  • Verifique sua população de plantas: ela deve ser alta o suficiente para maximizar a lucratividade;
  • A germinação típica da semente de milho é de cerca de 95%., portanto, faça a semeadura pelo menos em 5% a mais para reduzir os efeitos das falhas induzidas pela germinação;
  • Confira se a plantadeira está devidamente ajustada e calibrada.

Sobre a profundidade de plantio de milho, diversos estudos mostram que para o milho a profundidade ideal está entre 3 a 7 cm, sendo 5 cm a média mais adequada.

Para o espaçamento, anos atrás o mais comumente utilizado era o de 0,8 a 0,9m. Porém, com plantas com arquitetura mais moderno (com folhas eretas) e manejo de alta tecnologia, foi possível diminuir esse espaçamento para 0,45 a 0,5m, aproveitando-se melhor os recursos, especialmente a radiação solar, água e nutrientes.

Conclusão

O plantio de milho exige diversos cuidados e envolve quase todas as áreas da agronomia. Um plantio bem planejado e bem-feito é a chave para uma safra de sucesso.

Seja no milho safra, safrinha ou terceira safra, essa etapa deve ser cuidadosamente pensada de acordo com a região da sua propriedade, conforme ressaltamos neste artigo. 

Aqui fornecemos os 5 pontos principais e diversos materiais de apoio para lhe auxiliar no plantio de milho de sucesso. Aproveite! 

Referências 

COLUSSI, J., G. SCHNITKEY, N. PAULSON. “Will Brazil Emerge as the Number One Corn Exporting Nation?” farmdoc daily (13):48, Department of Agricultural and Consumer Economics, University of Illinois at Urbana-Champaign, March 16, 2023.

Companhia Nacional de Abastecimento [CONAB]. Série Histórica de Grãos. Disponível em: https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/safra-serie-historica-graos.html. Acesso em 03 set. 2023.

SANGOI, L. Aptidão dos campos de Lages (SC) para produção de milho em diferentes épocas de semeadura. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.28, p.51-63.1993.

STONEX. 2022. Brasil produz milho em três safras por ano. Disponível em: https://mercadosagricolas.com.br/inteligencia/brasil-produz-milho-em-tres-safras-por-ano/. Acesso em 10 set. 2023.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária [EMBRAPA]. Cultivo do Milho. 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/milho/pre-producao/caracteristicas-da-especie-e-relacoes-com-o-ambiente/cultivares. Acesso em 10 set. 2023.

Sobre a autora:

Maiara Franzoni

Maiara Franzoni

Coordenadora de Go-To-Market na Agroadvance

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