Os nematoides fitoparasitas se enquadram como um dos principais patógenos do sistema soja e milho e são responsáveis por perdas significativas de produtividade.
As perdas anuais estão estimadas em R$ 35 bilhões ao ano dentre todas as culturas, mas somente na soja, por exemplo, as perdas são estimadas em R$ 16,2 bilhões ao ano. Por este motivo, alternativas integradas de controle se tornam a solução mais eficiente para controle.
Em lavouras com presença de nematoides, nota-se do início ao centro da reboleira um gradiente crescente de atrofiamento e clorose das plantas. Podendo ocorrer até a morte de plantas, se a densidade populacional de nematoides for elevada.
Apesar da formação de reboleiras ser um sintoma bastante típico do ataque de nematoides, podem ser facilmente confundidas com manchas ocasionadas por depósitos de calcário na lavoura.
Do mesmo modo, é comum que as cloroses causadas pelos nematoides sejam confundidas com deficiências provocadas por algum outro elemento.
Além de causarem danos diretos para as plantas, os nematoides também são responsáveis por uma série de danos indiretos, como:
- Criação de portas de entrada para outros patógenos;
- Modificação da rizosfera;
- Atuam como vetores de viroses, bactérias e fungos;
- Indução de alterações fisiológicas na planta;
- Indução de respostas sistêmicas nas plantas hospedeiras, entre outros.
Principais nematoides do sistema soja e milho:
NEMATOIDE DE GALHAS
(Meloidogyne spp.)
O gênero Meloidogyne compreende um grande número de espécies. Contudo, M. incognita e M. javanica são as que mais limitam a produção nas lavouras de soja e posteriormente de milho.
Galhas são alterações que ocorrem nas células das raízes das plantas, decorrentes do processo de alimentação dos nematoides. No interior das galhas estão localizadas as fêmeas do nematoide, que depositam seus ovos na raiz.
Após a eclosão, essas formas jovens e móveis, passam a migrar no solo à procura de raízes de uma planta hospedeira favorável.
NEMATOIDE DE CISTO DA SOJA
(Heterodera glycines)
O gênero Heterodera se caracteriza pela formação de cistos (que é o corpo da fêmea adulta morta) de cor marrom, altamente resistentes às condições adversas do ambiente.
Os ovos protegidos pelo cisto podem sobreviver no solo, na ausência de planta hospedeira, por oito ou mais anos. O cisto constitui a mais eficiente unidade de dispersão do nematóide, permitindo que seja facilmente levado de uma área para outra, a curtas ou longas distâncias, por qualquer meio que promova movimento de solo.
Dhingra et al. (2009) alertaram que as perdas de produtividade de grãos podem atingir 90 %, em combinação com o grau de infestação e raça do nematoide, fertilidade do solo e suscetibilidade da cultivar.
NEMATOIDE DAS LESÕES RADICULARES
(Pratylenchus brachyurus)
Nos últimos anos, os nematoides das lesões radiculares têm causado danos elevados e crescentes. Além da sintomatologia geral já abordada acima, no caso dos nematóides das lesões (Pratylenchus brachyurus), deve-se observar nas raízes da soja a presença de áreas necrosadas.
O ataque dessa espécie ocorre nas células do parênquima cortical, onde injeta toxinas, durante seu processo de alimentação. Sua movimentação na raiz desorganiza e destrói células. As raízes parasitadas são então invadidas por fungos e bactérias, resultando em lesões necróticas.
NEMATOIDE RENIFORME
(Rotylenchulus reniformis)
O algodão é a cultura mais afetada pelo nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis). Entretanto, dependendo da cultivar e da população do nematóide reniforme no solo, também podem ocorrer danos em culturas da soja. Nesse caso, não há formação de galha e o sistema radicular apresenta-se mais pobre.
Em alguns pontos da raiz, é possível observar camadas de terra aderidas às massas de ovos do nematóide, produzidas externamente à raiz.
ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
CONTROLE QUÍMICO
O controle direto dos nematoides utilizando nematicidas químicos é uma das opções, podendo muitas vezes, utilizar esses produtos até mesmo no tratamento de sementes.
Entretanto, se tratando de pragas de solo, a dificuldade em atingir o alvo com eficácia é um dos fatores limitantes do controle químico eficiente dos nematoides, tornando necessário aderir a outras práticas de manejo complementares.
CONTROLE BIOLÓGICO
A aplicação de Bionematicidas ou nematicidas microbiológicos é realizada normalmente via solo. E a sua composição (fungo ou bactéria) pode agir de diversas maneiras sobre o ciclo biológico do nematoide, podendo ocasionar morte direta, interferir na reprodução ou agir no processo de penetração no hospedeiro.
- Paecilomyces lilacinus: fungo de solo e parasita facultativo de ovos de nematoides. Cresce em grande variedade de substratos, adapta-se a uma ampla faixa de pH do solo e é bastante competitivo em campo;
- Pochonia chlamydosporia: é parasita de nematoides de galha e tem sido descrito como parasita de fungos patogênicos de plantas, propriedades que o tornam um potencial bioagente de controle tanto de nematoides parasitas de plantas como de fungos causadores de doenças de plantas;
- Bacillus sp.: O potencial de exploração comercial de isolados de B. subtilis para formulação
de bionematicidas é elevado, em razão de a bactéria produzir substâncias nematóxicas
que alteram os exsudatos radiculares, aliada à habilidade de sobreviver no solo;
CONTROLE COM PLANTAS DE COBERTURA
Algumas plantas de cobertura apresentam grande potencial de para controle de fitonematoides, com destaque para a Crotalaria spectabilis.
Conclusões
A melhor e mais eficiente estratégia de controle é o manejo integrado de nematoides. Desde a correta identificação dos fitonematoides e união de métodos de controle visando minimizar as perdas e retomar a produtividade.