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Como a educação digital no agronegócio pode ajudar produtores rurais?

A educação digital possibilita a democratização desse bem precioso e individual que é a educação e o agronegócio pode se beneficiar desse cenário. Leia o artigo e saiba como a educação digital pode transformar realidades.

Assim como outros setores da sociedade, a educação sofreu várias mudanças ao longo dos anos. Essas mutações contribuíram para que mais pessoas possuíssem a oportunidade de estudar e se capacitar.

Essa democratização do ensino passou a ser mais notável na era digital, com a possibilidade de que, com conexão à internet, as pessoas estudassem diretamente de suas casas.

Com o maior alcance do ensino, o agronegócio também foi beneficiado. Surgiram inúmeras capacitações voltadas para pessoas que fazem parte da cadeia de produção e comercialização agrícola, sejam elas com ensino superior ou não.

Quais são os resultados que já são vistos com essa revolução na educação do agro? E o que esperar para o futuro? Leia até o final.

Educação em transformação

“Na minha época não era assim…”, geralmente é o que você ouve de pais, tios, avós que vão compartilhar suas memórias com os mais jovens. Ainda mais em relação à escola.

As histórias de anos atrás compartilhadas por quem estudou antes do início dos anos 2000, envolvem grandes aventuras vividas durante o trajeto até a escola, e sabemos que todos já ouviram uma história assim, visto a quantidade de memes como esse nas redes:

Apesar do humor, existe a realidade de que foi um tempo muito difícil. Muitos nem possuíam a oportunidade de ir à escola. E quem possuía, geralmente enfrentava caminhadas de quilômetros e muitas intempéries para chegar ao local de ensino.

Essa realidade foi mudando ao longo dos anos e a jornada ganhou algumas facilidades de acesso como transportes e materiais didáticos, que ampliaram as possibilidades de chegada ao ensino.

A partir do estabelecimento da internet como uma rede de comunicação global, ocorreu uma das transformações mais significativas no ensino: a inclusão de ferramentas digitais na educação.

A “virada de chave” em questão proporcionou a ampliação das possibilidades, democratizando – não de forma completa e definitiva, mas significativa – o acesso a essa área para a sociedade.

Nesse contexto surgiu o termo “educação digital”, que a partir de 2020 ganhou mais popularidade e intensidade, durante a pandemia de COVID-19.

O isolamento social decorrente das estratégias de prevenção à doença que acometeu o mundo todo, fez com que atividades presenciais coletivas fossem suspensas, tais como aulas em escolas, creches, universidades, cursos técnicos, etc.

Porém, a educação não podia (e não pode) parar. Assim, se fez necessário que autoridades da educação do país, e do mundo, criassem métodos para dar continuidade ao ensino, mesmo à distância. As ferramentas digitais foram essenciais para suprir essa demanda.

Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos tiveram que se adaptar ao uso de plataformas online para acompanhar reuniões virtuais, nas quais os professores apresentavam o conteúdo da aula, ou então, assistir a videoaulas gravadas.

Essa adaptação foi o que possibilitou que a educação digital se firmasse de vez como parte do método de ensino moderno.

No pós-pandemia se manteve a tendência de digitalização do ensino com a adoção de sistemas híbridos e enriquecidos com experiências digitais, o que não ficou restrito apenas à educação, mas se estendeu à eventos, congressos, etc.

Assim chegamos ao que estamos inseridos hoje: uma sociedade mais digitalizada e globalizada, que possui acesso a informações diversas e valiosas, que podem ser utilizadas para aquisição de conhecimento, tanto de forma autônoma quanto através de sistemas e escolas que abraçaram a tecnologia.

Afinal, o que é a educação digital e quais são seus objetivos?

A educação digital pode ser explicada segundo a definição de Moreira & Schlemmer (2020) como sendo a modalidade de ensino onde o professor ensina, ou o estudante adquire conhecimento, através de dispositivos com tecnologia digital, como computadores, notebooks, celulares, tablets, etc.

É comum as pessoas atrelarem esse conceito a um só dispositivo, ou meio de comunicação. Porém, é importante enfatizar que a educação digital é abrangente e pode ser aplicada de maneiras diferentes em cada realidade.

Por exemplo, a educação digital não é estritamente um sinônimo de educação à distância, ela pode estar presente em diferentes formatos em um sistema educacional:

– Ensino à distância (EAD) – online;

– Ensino híbrido – online e presencial mesclados;

– Ensino presencial com enriquecimento de experiências através de ferramentas digitais.

Por isso, existe um leque de possibilidades de aplicação do ensino digital, desde o básico até o superior.

Atualmente são muito populares no digital:

  • Uso de plataformas de integração com ensino presencial;
  • Cursos online (técnicos, livres, etc);
  • Especializações online (MBA’s, Pós-graduações, latu sensu, etc)

Portanto, além das formações de ensino básico, fundamental, médio e superior, a educação digital pode servir como meio de se especializar ou desenvolver novas habilidades para aplicar no âmbito profissional.

Os objetivos da educação digital, por sua vez, estão relacionados a aumentar a qualidade e a eficiência do processo de aprendizado, seja em qualquer formato.

No geral, também podem ser vistos como benefícios dessa modalidade:

  • Ampliar o alcance da educação: fazer com que comunidades isoladas e afastadas consigam ter acesso remoto à informação;
  • Dinamizar o processo: com ferramentas digitais e tecnologia é possível que as disciplinas se tornem mais ilustradas e demonstrativas, aproximando o conteúdo da realidade, além de oferecer novas experiências;
  • Desenvolvimento: aproximar os aprendizes do futuro que está ligado à tecnologia e à inteligência artificial (IA).
  • Aproximar pessoas e realidades: conectar pessoas que vivem distantes, em realidades diferentes e oferecer outras perspectivas, para que seja possível conhecer outras realidades além da qual estamos inseridos;

Dessa forma, não há delimitações no uso da ferramenta, ela pode ser aplicada a muitos setores da sociedade e da economia.

Um dos setores que podem se beneficiar muito mais nessa história é o agronegócio. O setor necessita de evolução para alcançar maiores resultados e sustentabilidade. Para tanto, os profissionais necessitam de conhecimento.  

Educação digital no Agro

A educação no meio agro enfrenta desafios até os tempos atuais. Mesmo com o advento da internet, dados mostram que a escolaridade de produtores rurais ainda é baixa.

No censo de 2017, o IBGE indicou que apenas 2% dos produtores rurais do Brasil possuem ensino superior, e cerca de 70%, não completaram nem o ensino fundamental.

Ainda que sejam números que indiquem um grande desafio na questão educacional desse grupo de pessoas, é possível identificar o enorme potencial que o ensino digital tem de contribuir para modificar esse cenário.

Ainda segundo o censo, entre 2006 e 2017 o acesso à internet nas zonas rurais cresceu 1.900%, indicando um aumento da conectividade de quem está no campo – ouça o podcast “De Agro a Z” da Agroadvance que trata sobre “Agricultura Digital e Conectividade”. Clique na imagem abaixo e ouça no Spotify.

O acesso ao ensino digital depende da conectividade. Assim, os números indicam que a possibilidade de adquirir conhecimento através da internet também está crescendo para a população do campo.

Principalmente para pessoas que moram em uma zona rural mais distante dos grandes centros, e de certa forma estão isoladas, o ensino digital promove uma ponte benéfica que liga essas pessoas à informação e possivelmente à educação.

São muitas as realidades das pessoas inseridas no agro. Cada uma com sua história, suas limitações ou privilégios, então um só modelo de educação não atende todas as necessidades.

No meio digital é possível encontrar soluções para diversos perfis de aprendiz.

Oferta x demanda da educação digital

Dados apresentados pelo Google em 2022 evidenciam que o interesse do público geral em cursos à distância tem aumentado. Em uma pesquisa encomendada pela mesma empresa, em 2020, é revelado que 40% dos participantes estavam dispostos a ter um ensino à distância. Em 2021 esse número passou a ser de 78% (Oliveira, 2020).

Outra pesquisa realizada em 2022 apontou que, dos 1,5 mil participantes, 11% apresentaram interesse em ensino fundamental e médio, 18% em cursos de gradução e 29% em cursos livres. Quando esse resultado é extrapolado para a população brasileira geral o número de pessoas interessadas em cursos livres pode chegar à 28 milhões de pessoas (Oliveira, 2022).

Ainda não existem dados específicos para a população brasileira do agro. Porém é certo que existem cursos no mercado online que suprem as necessidades conhecidas e podem ajudar significativamente essa parcela da população.

Produtores rurais com baixa escolaridade podem aproveitar, por exemplo, dos cursos livres, que geralmente trazem conteúdo técnico e/ou científico sem que precisem, necessariamente, ter uma formação.

Esses cursos não são insuficientes no conteúdo, muito pelo contrário. Geralmente, eles trazem os assuntos propostos de maneira aplicada, para que seja um conteúdo aproveitável pelas pessoas em suas realidades.

Consequentemente, profissionais ativos no campo podem se capacitar em assuntos que são relevantes no seu dia a dia, como: manejo das culturas, aplicações de produtos, maquinário etc.

Para aqueles que possuem ensino médio completo e desejam completar a formação acadêmica existem graduações, ou seja, faculdades que oferecem cursos completos online.

Ademais, quem já possui ensino superior pode se especializar através de pós-graduações e MBAs.

Mas pensando no setor como um todo, além do produtor rural que está no campo, os profissionais de empresas ligadas ao agronegócio também podem usufruir dos benefícios da educação digital.

Resultados a serem alcançados com a educação digital no agro

Cursos online podem potencializar a atuação dos profissionais do agro, sejam produtores, vendedores, consultores, gerentes… todos podem ganhar! Por quê?

Primeiramente, a agronomia é uma área da ciência, que além de exatas, envolve toda a parte biológica. Por isso, essa área do conhecimento está em constante mudança.

Pesquisas são realizadas todos os dias nas Universidades e centros de pesquisa de todo o mundo, dessa forma, mesmo quem se formou há pouco tempo encontrará novas informações disponíveis ou até revisão de conceitos a cada novo estudo concluído e publicado.

E quem há muito tempo se formou pode reciclar o conhecimento e se atualizar. A prática de rever as informações que são úteis deve ser constante para quem trabalha no agronegócio, assim esse profissional estará sempre a par do que está acontecendo no campo ou no mercado.

Produtores rurais, de um modo geral, através de cursos online conseguem se aprofundar em temas nos quais eles possuem dúvidas, dificuldades ou estão enfrentando desafios.

Por exemplo, se durante o processo de comercialização do seu produto ele se sente confuso, sem controle das operações e não consegue tomar decisões assertivas para defender seus interesses, uma opção é buscar por cursos que abordem a questão de mercado e comercialização do produto em questão. Assim, o produtor ganhará conhecimento e estará embasado para analisar a situação de uma maneira crítica e conseguir se posicionar para aumentar seus lucros, e não apenas deixar as operações na mão da cooperativa.

Já para um consultor o objetivo pode ser diferente. Atualmente, com a quantidade de profissionais que prestam consultorias é imprescindível que ele esteja constantemente atualizado de novos manejos, novos produtos e estratégias para se diferenciar no mercado, conseguir fidelizar clientes e ganhar mais.

Esse cenário pode ser complementado através de cursos técnicos-científicos ou até sobre desenvolvimento pessoal, uma vez que comunicação e desenvoltura são fatores determinantes para conquistar clientes.

Essa situação não é exclusiva do consultor, mas também se aplica aos representantes ou assistentes de vendas.

RTVs, ATs e outros cargos, mais conhecidos como “vendedores” popularmente, se beneficiam amplamente da aquisição de conhecimento.

A relação de confiança do cliente para com o vendedor pode ser construída com base no respeito e admiração, principalmente da questão técnica. Nesse caso, o produtor poderá confiar no que o vendedor está propondo se ele demonstrar que entende do que está falando e passa a certeza de que o manejo ou produto proposto dará resultados.

Consolidando sua eficiência através da conquista e do número de vendas, esse profissional cumpre sua meta com a empresa e pode maximizar seu bônus ou comissão.

Para todos, a educação digital também possibilita a proximidade com a tecnologia. Se a população envolvida com o agro se torna familiarizada com novas ferramentas, dispositivos, máquinas e manejos avançados, é esperado que os avanços tecnológicos cheguem até o campo mais rapidamente.

Além disso, os profissionais que dominam novas tecnologias têm a possibilidade de crescimento dentro da atuação no agronegócio. Segundo um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2021), a digitalização do agronegócio fez com que a demanda por profissionais especializados em novas áreas surgisse.

educação digital: profissões emergentes no agronegócio
Figura 1. As principais profissões emergentes no setor de Agricultura.
Fonte: UFRGS (2021).

Ainda segundo o mesmo estudo, é estimado que 180 mil novas vagas de emprego sejam criadas no agronegócio brasileiro até 2030.

Em suma, os resultados que a educação digital pode trazer para o agro engloba: avanço da tecnologia, aumento no número de empregos, aumento de produtividade de lavouras, aumento da sustentabilidade e preservação do meio ambiente, descoberta de novos manejos e possibilidades, maximização dos lucros e muito mais!

Tudo isso se torna uma questão de obter o conhecimento e saber aplicá-lo da maneira correta.

Existem incontáveis exemplos quando se fala de benefícios da educação. Mas além dos ganhos financeiros e palpáveis existe o ganho maior e que ninguém pode tirar de um aprendiz: o próprio conhecimento.

Aprender novas coisas, se aprofundar em temas que já conhecemos e concluir uma jornada difícil de aprendizado é recompensador. Essa atitude gera mudança no jeito que enxergamos o mundo. A visão dos acontecimentos e dos processos são transformadas e se ampliam.

O que você aprende se torna parte de você. E isso pode te fazer ser melhor, só depende de você mesmo.

Se você tem dúvidas sobre qual capacitação fazer, temos um artigo falando sobre os Cursos Agro: um guia de como escolher o seu!

Como potencializar a experiência do aprendizado digital

Como vimos, os cursos online abrem um novo mundo de possibilidades de formações. E existem estratégias eficientes para maximizar o aprendizado e os resultados.

Aqui vão algumas dicas de como deixar a experiência do aprendizado digital ainda mais rica:

  • Buscar cursos com aulas ao vivo é uma boa escolha para quem gosta de criar conexões, seja com os colegas ou com os professores. Esse tipo de curso também possibilita que o aluno tire suas dúvidas diretamente com o professor, aproximando-se o máximo possível de uma experiência presencial;
  • Algumas escolas virtuais oferecem materiais complementares como e-books, informativos técnicos, guias e similares. Assim como no presencial, um material de apoio ou complementar é sempre bem-vindo para fixar o aprendizado;
  • Mesmo no online, integrar-se com a turma que faz o mesmo curso que você pode ser uma experiência valiosa para troca de conhecimento e ajuda durante a jornada de aprendizado. A oportunidade de conhecer diferentes realidades sem sair de casa é rara;
  • Nos cursos híbridos é comum o oferecimento de aulas ou eventos presenciais complementares. Estes são ótimas oportunidades para fortalecer o conhecimento e o contato com professores e colegas. Quando você tiver uma oportunidade assim, não deixe passar!

A Agroadvance oferece todas essas oportunidades dentro dos seus cursos livres e regulamentados.

Sendo uma escola do agro, as oportunidades de formação abrangem desde conteúdos técnicos-científicos direcionados para o campo (linha Expert), novas tecnologias e tendências (linha Essenciais) e conhecimento avançado para quem quer se especializar ou desenvolver aspectos de liderança e gestão (linha Regulamentados).

Aqui você encontra sua oportunidade de crescimento e desenvolvimento profissional. Conheça os cursos do portfólio Agroadvance e participe da evolução digital do agronegócio.

Referências 

ARAÚJO, R. A década da educação digital no campo. 2020. Revista Cultivar. Disponível em:< https://revistacultivar.com.br/artigos/a-decada-da-educacao-digital-no-campo>. Acesso em: 28 nov. 2023.

BARBOSA, M.P. 5 curiosidades sobre a educação digital no agronegócio que você talvez não saiba. 2023. Plantar Educação. Blog. Disponível em:< https://www.plantareducacao.com.br/educacao-digital-no-agronegocio/>. Acesso em: 28 nov. 2023.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2017: características gerais das produções agropecuária e extrativista, segundo a cor ou raça do produtor e recortes territoriais específicos. 2017. Disponível em:< https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=73101>. Acesso em: 29 nov. 2023.

INEP. Ensino a distância cresce 474% em uma década. 2022. Assessoria de Comunicação Social do Inep. Notícia. Disponível em:< https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-da-educacao-superior/ensino-a-distancia-cresce-474-em-uma-decada>. Acesso em: 01 dez. 2023.

MOREIRA, J.A.; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, v. 20, 2020.

OLIVEIRA, V. Pesquisa do Google mostra brasileiros cada vez mais interessados em cursos online. 2022. Porvir. Blog. Disponível em:< https://porvir.org/pesquisa-google-mostra-que-brasileiros-estao-cada-vez-mais-interessados-em-cursos-online/#:~:text=De%20acordo%20com%20uma%20segunda,n%C3%BAmero%20era%20de%20apenas%2019%25.>. Acesso em 28 nov. 2023.

UFRGS. Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde – Panorama do Brasil. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).  Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für

Internationale Zusammenarbeit (GIZ). 1 ed. 2021. Disponível em:< https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/b7/5a/b75af326-9c36-49e7-b298-1b9f0a3d4938/estudo_profissoes_emergentes_-_giz_ufrgs_e_senai.pdf>. Acesso em 07 dez. 2023.

Sobre a autora:

Lívia Amaral

Lívia Amaral

Analista de Go-To-Market na Agroadvance

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