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Dessecação da soja: momento certo e melhores herbicidas para uma boa colheita

Dessecação da soja: qual o melhor momento para fazer, quais os herbicidas mais indicados e as principais dicas para uma colheita ainda melhor.

A dessecação da soja é uma ferramenta muito útil para melhorar a eficiência da colheita da soja, além de permitir cultivos mais precoces e, assim, melhor aproveitamento da terra.

A prática ainda controla a incidência de plantas daninhas, o que também otimiza a operação da colheita e a diminuição do banco de sementes das invasoras.

Porém, com a proibição do Paraquat e alguns outros fatores atuais fizeram com que esse manejo tenha sofrido algumas modificações recentemente.

Neste artigo esclarecemos todos esses pontos para você fazer uma dessecação adequada e atingir a melhor colheita de soja.

O que é dessecação da soja?

A dessecação é uma importante estratégia de manejo na cultura da soja. É quando se utiliza herbicidas para terminar de secar as plantas de soja e controlar plantas daninhas da área, fazendo com que a colheita seja melhor e mais eficiente.

Quais os objetivos da dessecação da soja?

São três os objetivos principais da dessecação da soja:

  1. Uniformização das plantas de soja na área – Essa prática é realizada para facilitar a colheita mecanizada, pois as plantas dessecadas têm menor teor de umidade, facilitando o processo de colheita e reduzindo os riscos de danos às máquinas.;
  2. Controle de plantas daninhas – o que diminui a competição por água e nutrientes com a próxima cultura que será implantada (o milho);
  3. Antecipação da colheita, permitindo com mais facilidade um próximo cultivo.

Os objetivos da dessecação da soja, por si só, já são grandes vantagens que esse tipo de manejo oferece, porém temos outros benefícios que a dessecação trás, como o transporte de grãos com menor grau de impurezas, venda antecipada dos grãos e melhor operacionalização da colheita para grandes áreas.

Monitoramento da lavoura e momento certo da dessecação da soja

Monitorar o desenvolvimento das sementes, e não somente a cor das folhas, é fundamental para tomar decisões oportunas sobre a dessecação.

No entanto, os dessecantes devem sempre ser aplicados no estágio apropriado de crescimento da soja, que é o R7, quando temos uma vagem normal na haste principal com cor de vagem madura (CÂMARA, 1998) conforme Figura 1 abaixo.

Planta em estádio R7 dessecação da soja
Figura 1. Planta de soja em R7
Fonte: Desenho de Danilo Estevão em Neumaier et al., 2000.

Segundo diversos estudos, realizando a dessecação nesse estádio observa-se redução da perda potencial de rendimento e, ao mesmo tempo, permite o intervalo pré-colheita apropriado.

Isso ocorre porque nesse momento é quando os grãos atingem sua maturação fisiológica, cessando o acúmulo de massa seca. Isso significa que no estádio R7 é quando se tem o peso máximo que os grãos podem atingir, sendo que a partir desse momento a planta só seca (somente ocorre perda de água).

No entanto, é sempre indicado que você converse com a empresa fornecedora de sementes, já que ela tem as recomendações específicas dos cultivares.

As Figuras 2 e 3 mostram os grãos em detalhes nos estádios R6 e R7 para comparação e melhor discernimento.

Estádio de dessecação da soja R7 R7.2
Figura 2. A) Estágio R6: granação plena. O grão preenche a cavidade da vagem, sendo a semente com umidade de 75-80% B) Estádio R7: estágio de maturidade inicial. Umidade da semente em torno de 55%. Fonte: Pioneer, 2019.

Muitos autores ainda defendem o estádio específico de R7.2, quando temos 50% da maturação fisiológica e 50% das vagens com coloração de vagem madura (amarronzada). Porém há opiniões diferentes, o que ocorre devido à grande variação dos cultivares de soja, com particularidades no hábito de crescimento, além de situações excepcionais. Esta é a recomendação, por exemplo, do professor Leandro P. Albrecht, da Universidade Federal do Paraná, Câmpus de Palotina. Confira:

Dessecação da soja para colheita! Quando e por que fazer?

Cuidados com a dessecação da soja

Como já citado, a dessecação traz inúmeros benefícios para a produção de soja, no entanto precisamos destacar também os cuidados para que realmente se obtenha essas vantagens.

Antes de começar esse manejo é necessário avaliar se há operacional o suficiente para colher a área dessecada em pouco tempo, já que, caso contrário haverá abertura das vagens e maior incidência de , provocando perdas indesejadas ao produtor.

Nesse sentido, também é preciso verificar a previsão das condições climáticas, pois se chover e o trabalho da colheita é prejudicado. Em geral, é comum falar em muitas perdas caso ocorra chuva no sétimo dia após a aplicação dos herbicidas.

Com o atraso da colheita após a dessecação há diversas perdas, como pela abertura das vagens, formação de grãos ardidos ou mofados e germinação do grão de soja ainda na planta.

Além disso, é fundamental conhecer os herbicidas, doses e modo de aplicação para a dessecação da soja, especialmente para que não haja resíduo desses produtos no grão da soja. Ou seja, é preciso ficar atento às doses corretas e o momento da colheita recomendado após a aplicação.

É comum no campo verificar alguns produtores que utilizam de doses menores do que aquelas recomendadas, porém isso é altamente não indicado e provavelmente será preciso reaplicar o produto, causando mais custos e riscos.

Herbicidas para dessecação da soja

Até pouco tempo atrás essa etapa do processo produtivo da soja era extremamente conhecida por um único produto: o paraquat. No entanto, em 2017 houve a Resolução 177 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2017), proibindo o uso do herbicida em todo território nacional.

Desde então há muitas pesquisas buscando alternativas para o paraquat. Uma das opções mais utilizadas é o diquat, já que é muito parecido com o paraquat.

Ambos possuem o mesmo mecanismo de ação (Inibidores do FSI), são não seletivos, produtos de contato e são excelentes dessecantes por serem rapidamente absorvidos pelas folhas da soja e possuírem pouca translocação na planta.

No entanto, diquat possui maior ação em plantas daninhas de folha larga, enquanto o paraquat tinha maior eficiência para plantas daninhas de folha estreita. Em geral, as aplicações ficam em torno de 2 litros de diquat por hectare.

Outros herbicidas também têm sido utilizados para a dessecação da soja, além do diquat. Segundo Albrecht et al. (2022) são eles: glufosinato de amônio, saflufenacil, carfentrazone e flumioxazina.

O glufosinato de amônio vem se destacando pela sua boa relação custo-benefício. Esse herbicida é não seletivo e também age por contato, possuindo como mecanismo de ação a inibição da glutamina sintetase (Latorre et al., 2013). Neste artigo você pode encontrar mais informações sobre o glufosinato de amônio. A dose normalmente utilizada do glufosinato para fins de dessecação da soja é de dois litros por hectare.

O saflufenacil, carfentrazone e flumioxazin são herbicidas inibidores da PROTOX. O saflufenacil e carfentrazone são mais focados para o controle de plantas daninhas de folha larga, enquanto flumioxazin tem eficência em algumas de folha estreita, porém sua predominância também sejam as plantas eudicotiledôneas.

São utilizadas doses de 70 g/ha a 140 g/ha no caso de safufenacil, e 50g/ha para o flumioxazin.

Em todos os casos é imprescindível o monitoramento da área e verificação de qual população de plantas daninhas é encontrada. Somente dessa forma é possível aplicar o produto ou combinação de produtos que será eficaz no campo para o controle de plantas daninhas e também dessecação da soja.

Também é preciso sempre seguir as recomendações dos fabricantes desses produtos.

É importante destacar que a prática de dessecação da soja pode variar em diferentes regiões e sistemas de produção, e o uso de herbicidas deve ser feito de acordo com as regulamentações locais e boas práticas agrícolas para garantir a segurança ambiental e a saúde humana.

Conclusão

A uniformização dos grãos de soja para a colheita e a antecipação do plantio de milho safrinha são alguns dos benefícios da dessecação da soja em pré-colheita.

É exatamente por isso que cada vez mais produtores vem adotando a prática. No entanto, vários cuidados são necessários para que a dessecação seja realmente eficaz, a começar pelo momento correto de aplicação dos herbicidas.

Agora que você já conhece todos esses cuidados e os principais pontos desse manejo, faça seu planejamento e boa safra!

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Referências

ALBRECHT, A. J. P.; ALBRECHT, L. P.; PASINI, M. P. B.; SILVA, A. F. M.; LARINI, W. F.; NEUBERGER, D. C. Alternativas ao Paraquat para o controle químico de azevém, aveia e buva. Journal of Biotechnologya and Biodiversity, 10(1), 68-74, 2022.

ANVISA. Resolução de diretoria colegiada – rdc nº 177, de 21 de setembro de 2017. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871639/RDC_177_2017.pdf>. Acesso em: 23.jan.2024.

CÂMARA, G. Fenologia da Soja. Informações Agronômicas, n. 82, p. 1-6, 1998.

LATORRE, D. D. O.; SILVA, I. P. D. F.; JOSUÉ, F.; PUTTI, F. F.; SCHIMIDT, A. P.; LUDWIG, R. Herbicidas inibidores da glutamina sintetase. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, 7(3), 134-141, 2013.

NEUMAIER, N.; Nepomuceno, A. L.; Farias, J. R. B.; Oya, T. Estádios de desenvolvimento da cultura de soja. 2000. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/456809/1/ID-12906.pdf . Acesso em 23 jan. 2024.

PIONEER. Timing Soybean Desiccation as a Harvest Aid. 2019. Disponível em: https://www.pioneer.com/us/agronomy/Timing-Soybean-Desiccation-As-A-Harvest-Aid.html Acesso em 22 jan. 2023.

Sobre a autora

Maiara Franzoni

Maiara Franzoni

Coordenadora de Go-To-Market na Agroadvance

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