O cultivo do girassol no Brasil tem experimentado um notável crescimento nos últimos anos, conforme mostram os dados do mercado brasileiro de girassol. Essa ascensão está sendo impulsionada pela crescente demanda por alimentos saudáveis e pela expansão da produção de biodiesel.
A cultura do girassol encontra seu principal cultivo nos estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, onde as condições climáticas e de solo favorecem seu desenvolvimento (Figura 1)..
No Brasil, a produção de girassol é direcionada principalmente para a obtenção de óleo comestível e biodiesel.
O óleo de girassol desempenha um papel essencial na culinária, na fabricação de margarinas e na composição de alimentos para animais.
Por outro lado, o biodiesel derivado do girassol é uma alternativa sustentável e renovável utilizada como combustível em motores diesel, contribuindo para a redução da dependência de combustíveis fósseis.
Além de seu valor econômico, o girassol é reconhecido por seu significativo valor nutricional e medicinal. Globalmente, a Ucrânia lidera a produção de girassol, seguida pela Rússia e Argentina.
No contexto nacional, o Brasil tem se destacado pelo crescimento expressivo na produção de girassol, impulsionado pela busca por alimentos saudáveis e pela expansão do setor de biocombustíveis.
A expansão do mercado de girassol no Brasil reflete não apenas a demanda crescente por produtos saudáveis e sustentáveis, mas também a busca por alternativas energéticas mais limpas e renováveis.
Diante desse cenário promissor, é fundamental que o setor agrícola brasileiro continue investindo em tecnologias e práticas sustentáveis para impulsionar ainda mais o crescimento e a competitividade da cultura do girassol.
A busca por soluções inovadoras, aprimoramento genético e a adoção de boas práticas agrícolas são essenciais para garantir a expansão sustentável desse mercado e o atendimento às demandas crescentes por alimentos saudáveis e fontes de energia renovável.
Confira neste artigo a história da cultura do girassol, as curiosidades e suas particularidades de cultivo
O cultivo do girassol no mundo
O girassol, originário da América do Norte, foi domesticado pelos índios há mais de 4.000 anos, sendo utilizado como fonte de alimento, óleo e medicamento. Sua introdução na Europa ocorreu no século XVI, a partir de onde se disseminou pelo mundo.
Atualmente, a Ucrânia se destaca como o maior produtor global de girassol, seguida pela Rússia e Argentina.
A história do girassol remonta a milênios, evidenciando sua importância cultural e econômica ao longo dos tempos. Originário das Américas, esse cultivo ancestral desempenhou um papel fundamental na subsistência e na medicina das antigas civilizações indígenas. Com a chegada dos europeus ao continente, o girassol foi levado para o Velho Mundo, onde se tornou uma cultura amplamente difundida.
A trajetória do girassol ao longo dos séculos reflete sua relevância como fonte de alimento, óleo e insumo medicinal, além de evidenciar sua capacidade de adaptação e expansão por diferentes regiões do mundo.
Sua presença na agricultura global reafirma sua importância como cultura agrícola estratégica, capaz de atender às demandas produtivas e rentáveis dos produtores rurais.
Curiosidades do girassol
O girassol, além de sua beleza e importância econômica e nutricional, é uma planta repleta de curiosidades:
Heliotropismo
Uma das características mais notáveis dessa cultura é seu comportamento heliotrópico, ou seja, a capacidade de acompanhar o movimento do sol durante o dia. Essa propriedade única permite que as flores de girassol se movimentem em direção à luz solar, maximizando sua exposição e, consequentemente, sua eficiência fotossintética.
Girassol na saúde
Outra curiosidade interessante sobre o girassol é sua rica composição nutricional. Trata-se de uma das poucas plantas que produzem um óleo comestível rico em ácidos graxos insaturados, como o ácido linoleico e o ácido oleico.
Esses ácidos graxos essenciais desempenham um papel fundamental na saúde cardiovascular, na redução dos níveis de colesterol ruim (LDL) e na manutenção de uma dieta equilibrada.
Biodiesel
Além de seu valor nutricional, o girassol também se destaca por sua aplicação na produção de biodiesel, um combustível renovável e menos poluente que o diesel convencional.
Essa alternativa sustentável contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis e para a promoção de uma matriz energética mais limpa e diversificada.
Ciclo e Rusticidade
Outra característica interessante do girassol é seu ciclo de cultivo relativamente curto, com uma média de 90 a 120 dias entre o plantio e a colheita. Essa rapidez no desenvolvimento permite que os agricultores obtenham retornos mais breves sobre seus investimentos e planejamento de safras.
Por fim, uma das curiosidades sobre o girassol é sua resistência à seca e sua capacidade de se desenvolver em solos com menos em nutrientes. O girassol possui o poder de descompactação do solo e reciclagem de nutrientes, permitindo um melhor aproveitamento dos nutrientes existentes no solo.
Essa adaptabilidade torna o girassol uma cultura atraente para regiões com condições climáticas desafiadoras ou com solos menos férteis, ampliando seu potencial de cultivo em diferentes ecossistemas.
Qual é a melhor época para plantar girassol?
A escolha da época de semeadura é crucial para o sucesso e a obtenção de altas produtividades no cultivo do girassol, assim como em qualquer outra cultura agrícola.
Uma época ideal de semeadura é aquela em que as diferentes fases de crescimento e desenvolvimento da planta terão suas exigências satisfeitas pelo ambiente, reduzindo riscos, perdas e aumentando as chances de se assegurar uma boa colheita.
No Cerrado, a janela de plantio da cultura do girassol é até o dia 15 de março. Alguns produtores rurais estendem essa data, assumindo os riscos na diminuição da produção que pode acontecer devido à falta de chuvas no desenvolvimento da cultura.
Quando a época de semeadura é escolhida de acordo com as exigências bioclimáticas do girassol, as chances de se obter uma boa colheita aumentam significativamente.
Isso porque as plantas terão melhores condições para se desenvolver e produzir, uma vez que os fatores ambientais estarão em harmonia com suas necessidades. Essa estratégia permite maximizar o potencial produtivo da cultura, assegurando uma colheita satisfatória.
Plantio de Girassol
A época ideal de semeadura do girassol é determinada pela disponibilidade hídrica e pela temperatura característica de cada região (LEITE et al., 2005).
A população de plantas da cultura do girassol está relacionada a fatores como variedade, altura das plantas, fertilidade do solo, distribuição de chuva, irrigação, práticas de cultivo e colheita, e qualidade da semente.
Estudos têm demonstrado que as maiores produtividades são alcançadas com populações entre 40 e 45 mil plantas por hectare.
No entanto, é importante ressaltar que esse número pode variar para mais, dependendo de fatores como a cultivar utilizada, a capacidade produtiva do solo, a região de cultivo e a distribuição de chuvas local.
Populações superiores a 45.000 plantas por hectare tendem a resultar em hastes mais finas e alongadas, aumentando o risco de acamamento e quebra de plantas, comprometendo os resultados produtivos da cultura do girassol.
Uma vez estabelecida a população de plantas desejada por hectare, é crucial determinar o espaçamento entre linhas a ser adotado e a quantidade de plantas por metro de linha cultivada.
Manejo da cultura do girassol
Devido à limitada disponibilidade de defensivos registrados para uso na cultura do girassol, é importante a adoção de medidas de controle utilizando o manejo integrado de pragas e doenças.
Outro fator importante a ser destacado é o girassol ser uma planta dependente de polinização. Por esse motivo, o manejo químico deve ser cauteloso para evitar o afastamento dos polinizadores.
Polinização no girassol
As abelhas possuem grande significância para a cultura (Figura 2).
Alguns produtores, realizam parcerias com apicultores para a colocação de caixas de abelhas próximas aos talhões onde estimulam a polinização acelerada da cultura do girassol.
Para garantir a eficácia e minimizar impactos negativos, a aplicação de inseticidas na cultura do girassol deve ser realizada preferencialmente no início do dia antes das 8h00 e período da tarde após as 18h00.
As abelhas possuem hábitos diurnos onde estão em constante movimento na lavoura durante a manhã e durante a tarde.
Durante a manhã, as plantas costumam receber um grande número de visitas de polinizadores, cujo afastamento pode resultar em uma redução na produção do girassol.
Além disso, é crucial evitar a eliminação dos inimigos naturais das pragas, que desempenham um papel fundamental no controle biológico e na manutenção do equilíbrio do ecossistema agrícola.
Como é realizada a colheita do girassol?
A colheita do girassol comercial é realizada de forma mecanizada.
Na colheita mecanizada, colheitadeiras de cereais como soja ou milho podem ser usadas, depois de algumas adaptações na plataforma.
As adaptações são necessárias pois o capítulo do girassol é muito leve e durante a colheita, se não houver uma tela para a proteção, a perda é significativa.
Umidade ideal para a colheita do girassol
Um dos principais desafios na colheita mecanizada do girassol é determinar o momento certo para colher e ajustar adequadamente a máquina.
O ideal é colher quando os aquênios (sementes) estiverem com umidade entre 10 a 12%, pois nessa condição as perdas durante a colheita ficam reduzidas.
Essa umidade ideal é considerada para a entrega nos armazéns e empresas de beneficiamento, reduzindo os descontos por umidade, quebras e impurezas.
Outro problema é que, mesmo quando os aquênios estão com umidade ideal (em torno de 14%), o miolo do capítulo (a parte central da flor) ainda pode estar muito úmido, com 60% ou mais de umidade.
Isso causa inconvenientes durante a colheita da cultura do girassol, pois os aquênios umedecem novamente e sujeira do campo é arrastada junto com o material colhido.
Determinar o momento certo para colher, com os aquênios na umidade ideal, e ajustar corretamente a máquina são fatores críticos para obter uma colheita de girassol eficiente, com baixas perdas e boa qualidade dos grãos.
Embora seja possível colher girassol com umidade mais elevada, até cerca de 20%, isso também pode trazer problemas. Esse aumento de impurezas começa a partir de 16% de umidade.
Além disso, colher com umidade mais alta também eleva os custos com secagem, pois será necessário remover mais água dos grãos antes do armazenamento e processamento.
Como funciona o mercado de girassol?
O Brasil possui um grande potencial para o cultivo de girassol, com aproximadamente 10 milhões de hectares de área considerada adequada para essa cultura.
No entanto, devido a desafios de mercado e incertezas por parte dos produtores, a área atualmente cultivada é inferior a 100 mil hectares.
Um dos desafios encontrados para o estímulo de novos produtores aderirem ao cultivo do girassol é seu mercado de comercialização.
Existem empresas com programas que prestam assistência aos produtores para que utilizem a cultura do girassol como uma alternativa na rotação de culturas devido aos seus benefícios.
O mercado brasileiro é restrito, em parte devido às limitações de renda da maioria da população e às diferenças de preço entre óleos de girassol e de soja, sendo o óleo de girassol cerca de 70 a 75% mais caro que o de soja.
A industrialização do girassol no Brasil é dominada por um pequeno número de médias e grandes indústrias, principalmente localizadas em estados como Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Essas indústrias focam principalmente em atender a demanda por óleo alimentar no mercado nacional.
Além dessas empresas, existem algumas pequenas plantas industriais que processam o girassol para outros fins, como a produção de biodiesel, embora essa utilização ainda esteja em estágio inicial.
Conclusão
Concluímos que o mercado brasileiro de girassol está em ascensão, impulsionado pela demanda por alimentos saudáveis e pela expansão do biodiesel.
A escolha da época de semeadura é crucial para o sucesso do cultivo do girassol, influenciando diretamente a produtividade e a qualidade da colheita.
A população de plantas, o manejo integrado de pragas e doenças, e a importância da polinização são aspectos fundamentais a considerar.
A aplicação de inseticidas deve ser feita com cuidado para preservar os polinizadores e os inimigos naturais das pragas.
Na colheita mecanizada, adaptações são necessárias para garantir a eficiência e minimizar as perdas.
Em resumo, investir em práticas sustentáveis e tecnologias adequadas é essencial para impulsionar o crescimento e a competitividade da cultura do girassol.
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Referências
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Série Histórica – Custos – Girassol 1ª e 2ª Safras – 2013 a 2023. Disponível em:<https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-producao/itemlist/category/810-girassol>. Acesso em: 19 maio de 2024.
EMATER – Sustentabilidade de cultivo do girassol em Goiás contribui para o Estado liderar a produção do grão no País. 2021. Disponível em: < https://www.emater.go.gov.br/wp/sustentabilidade-de-cultivo-do-girassol-em-goias-contribui-para-o-estado-liderar-a-producao-do-grao-no-pais/>. Acesso em: 18 de maio de 2024.
EMBRAPA – Manejo da cultura do girassol: uma abordagem técnica de uso prático. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/926342/1/girassol.pdf>. Acesso em: 18 de maio de 2024.
Sobre a autora
Simone Cristina Dameto
Diretora de Negócios na Agência Do Campo à Cidade
- Engenheira Agrônoma e Produtora Rural