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Calcário: características dos corretivos de acidez e 7 fontes disponíveis no mercado

Descubra as características dos calcários e demais corretivos de acidez do solo disponíveis no mercado. Aprenda sobre os tipos de acidez, a importância de corrigi-la, os mecanismos de neutralização e as propriedades físicas e químicas dos corretivos. Saiba como escolher a melhor fonte de acordo com suas necessidades e conheça a fórmula para comprar calcário de forma econômica. Amplie seu conhecimento sobre os corretivos de acidez e maximize o potencial produtivo do seu solo com aplicação do calcário.

Atualizado: 06/05/2024

A maioria dos solos brasileiros apresenta limitações para o cultivo de sistemas de produção de alto rendimento devido aos efeitos da sua acidez natural. A acidez é decorrente da alta concentração de H+ em solução, que, no solo, geralmente está associada à presença de Al e Mn em concentrações tóxicas, bem como baixos teores de bases, como o Ca e o Mg, por exemplo. No total são 7 os fatores que podem causar a acidificação do solo.

Estas limitações de caráter químico precisam ser corrigidas para viabilizar a produção, mas, felizmente, são atributos relativamente fáceis de contornar por meio da calagem que, além de neutralizar a acidez do solo, também fornece nutrientes e elementos benéficos para as culturas, a depender da fonte utilizada.

Há muitos tipos de corretivos de acidez do solo disponíveis no mercado, e antes de adquiri-los, precisamos conhecê-los bem, para que sejam efetivos. Nesta matéria, vamos abordar as origens da acidez do solo e características relevantes sobre os tipos corretivos disponíveis.

Tipos de acidez do solo

A acidez do solo pode ter várias origens, sendo as principais devido ao material de origem, remoção de bases, ionização da matéria orgânica, tipo de argila predominante e pela aplicação de fertilizantes etc. Porém, antes de partirmos para a sua correção, vamos revisar quais são os tipos de acidez do solo:

  • Acidez ativa: Refere-se à atividade de íons H+ (H3O+) em solução e é medida pelo potencial hidrogeniônico (pH).
  • Acidez trocável: Mede a quantidade de H+, Al3+ e outros cátions de hidrólise ácida, adsorvidos por força de caráter eletrostático.
  • Acidez potencial: Refere-se à quantidade de formas trocáveis e não trocáveis, extraídas em solução a pH 7. Esta acidez inclui H+ e Al3+ adsorvidos em forma eletrovalente, bem como íons de H+ ligados covalentemente que se dissociam de compostos orgânicos, de grupos OH na superfície das argilas, e de alguns polímeros de Al.
  • Acidez não trocável: A acidez não trocável é determinada pela diferença entre a acidez potencial e a trocável.

Por que corrigir a acidez do solo?

Solos ácidos geralmente apresentam teores tóxicos de Al3+ e Mn2+, podendo interferir também na disponibilidade de nutrientes e na atividade de microrganismos, fatores que prejudicam o desenvolvimento das plantas. Na Figura 1, vemos a disponibilidade dos nutrientes em função do pH, sendo que a faixa de pH mais adequada para a maioria das culturas encontra-se em torno de 6,0 – 6,5.

Se você quer entender os motivos que causam a acidificação dos solos e que leva à necessidade constante de correção da acidez, leia este artigo que lista as 7 causas da acidificação dos solos tropicais.

Aspectos básicos dos mecanismos de neutralização da acidez pelo calcário

Devido à sua influência sobre parâmetros químicos e biológicos, a correção da acidez e neutralização do alumínio é essencial para promover o crescimento satisfatório das plantas e, para isso, precisamos conhecer aspecto básicos dos mecanismos de neutralização de um corretivo de solo.

Quanto à sua natureza química, um corretivo de solo precisa possuir um ânion derivado de ácido fraco para neutralizar o H+, como é o caso do carbonato de cálcio, por exemplo, que tem o ânion carbonato (CO32-) derivado de um ácido fraco, que é o ácido carbônico (H2CO3).

Ao comparar as reações de dois compostos químicos (Figura 2), percebemos que ânions derivados de ácidos fortes, como o CaCl2 (com Cl derivado do ácido clorídrico – HCl), permanecem dissociados em solução e não possuem ação neutralizante. Portanto, um ânion precisa ser derivado de ácido fraco para neutralizar o H+, como também é o caso do hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), por exemplo:

Figura 2. Comportamento de dois ânions em solução.

Por este mesmo motivo o gesso (CaSO4.2H2O) também não neutraliza o pH do solo (pois tem ânion derivado de um ácido forte, o ácido sulfúrico – H2SO4).

O carbonato de cálcio (CaCO3) é o corretivo padrão

A substância padrão na correção da acidez do solo é o carbonato de cálcio (CaCO3), com mol de carga (molc) igual a 50. O CaCO3 é encontrado no calcário, associado ao carbonato de magnésio (MgCO3).

A ação neutralizante do calcário dá-se pelas seguintes reações:

reações do calcário para neutralização da acidez no solo
Figura 3. Comportamento de dois ânions em solução.

O ânion CO32-, como uma base forte, é o principal responsável pela hidrólise da água e formação do íons OH, que irá neutralizar a acidez ativa do solo (H+). Por meio do aumento do pH, ocorre também a precipitação do alumínio na forma de oxidróxido [Al(OH3)]. O Al é totalmente precipitado quando o pH do solo atinge valores em torno de 5,5.

Características físicas e químicas de um corretivo

Ao analisar as características de um corretivo, geralmente encontramos o teor de CaO (%), teor de MgO (%), e algumas outras expressões como valor de neutralização (VN), poder de neutralização (PN), reatividade (RE) e poder relativo de neutralização total (PRNT).

Teores de CaO e MgO

Os teores de Ca e Mg nos corretivos são determinados de forma elementar, mas por convenção eles são expressos como CaO e MgO. A ausência ou teores muito baixos destes elementos descaracterizam o material como um corretivo. De acordo com a legislação em vigor, os seguintes são os valores mínimos para a soma (%CaO + %MgO) dos corretivos: calcário, margas e sambaquis = 38%; cal virgem agrícola = 68%; cal hidratada agrícola = 50%; escórias = 30%; e calcário calcinado = 43% (PRIMAVESI e PRIMAVESI, 2004).

Esses teores possibilitam obter o valor de neutralização (VN) do corretivo, que também pode ser interpretado como valor equivalente de CaCO3 (%Eq.CaCO3).

Valor de Neutralização (VN

Ao carbonado de cálcio (CaCO3), substância padrão, é atribuído o valor de VN de 100%. O VN de outros compostos é encontrado por meio da sua equivalência com o CaCO3, que é feita pela relação entre os respectivos nos de molc kg-1. Por exemplo, para o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), que tem nº de molc kg-1 igual a 27, em comparação com o CaCO3, que tem nº molc kg-1 de 20, essa relação é de 27/20, que é igual a 135%. Ou seja, 100 kg de Ca(OH)2 tem o mesmo efeito na correção da acidez que 135 kg de CaCO3 (Tabela 1).

Tabela 1. Número de mol de carga em um quilograma de diferentes corretivos e seus correspondentes valores neutralizantes (Equivalente em CaCO3).

CorretivoFórmulaNº molc kg-1VN (%)
Carbonato de cálcio (calcita)CaCO320,0100
Carbonato de magnésio (magnesita)MgCO323,7119
Carbonato de cálcio e magnésio (dolomita)CaCO3.MgCO321,7109
Hidróxido de cálcioCa(OH)227,0135
Hidróxido de magnésioMg(OH)234,3172
Óxido de cálcioCaO35,7179
Óxido de magnésioMgO49,6248
Silicato de cálcioCaSiO317,286
Silicato de magnésioMgSiO319,9100
Exemplo: 100 kg de MgCO3 tem ação equivalente a 119 kg de CaCO3.

O valor de neutralização também pode ser encontrado por meio dos teores de CaO e MgO do corretivo, a partir do valor equivalente de CaCO3 (%Eq.CaCO3) pela seguinte fórmula:

%Eq.CaCO3 = %CaO (VNCaO / 100) + %MgO (VNMgO / 100)

%Eq.CaCO3 = (%CaO x 1,79) + (%MgO x 2,48)

Poder de neutralização (PN)

Enquanto o valor de neutralização (VN) é uma estimativa teórica do potencial de neutralização de um corretivo, o Poder de Neutralização (PN) é determinado a partir de titulação com quantidade conhecida ácido (HCl) em laboratório, e apresenta o valor real comparando o PN do corretivo avaliado com o PN do CaCO3 puro. O PN também é expresso em porcentagem, e indica a real capacidade de um corretivo em neutralizar a acidez.

Por exemplo, consideremos a mistura de gesso (CaSO4) + Oxalato de Magnésio (MgC2O4). Juntos, estes compostos apresentarão alto teor de MgO e CaO e, consequentemente, alto VN. No entanto, esta mistura não irá neutralizar ácidos porque seus íons acompanhantes (SO42- e C2O42-) são derivados de ácidos fortes, então o seu PN será nulo ou quase nulo.

Comparando-se o VN com PN (Tabela 2), tem-se produtos em que os resultados são semelhantes, enquanto em outros o resultado do PN é bastante inferior ao do VN. Isso é justificado pelo fato de que nem todo o cálcio ou o magnésio do produto estar associado à neutralizantes de acidez: estes não são contemplados na determinação do PN. Por exemplo, um corretivo que apresenta alto VN, pode apresentar PN menor em razão da presença de parte do Ca e do Mg em compostos químicos que não neutralizam a acidez. Sendo o produto um corretivo de acidez, os valores determinados, ou seja, os valores do PN, são os que apresentam significância.

Tabela 2. Valores comparativos de PN (determinado) e VN (calculado)

AmostraPN (%) DeterminadoVN (%) Calculado
1107,6107,6
277,185,7
388,191,7
469,783,2
598,299,0
Fonte: Adaptado de Alcarde (2005).

Solubilidade

A solubilidade em água das espécies neutralizantes dos corretivos é baixa: CaCO3: 0,014 g L-1 a 25°C; MgCO3: 0,106 g L-1 a 25°C; Ca(OH)2; 1,85 g L-1 a 0°C; Mg(OH)2: 0,009 g L-1 a 18°C; CaSiO3: 0,095 g L-1 a 17°C. O CaO e o MgO reagem com a água produzindo os respectivos hidróxidos. As impurezas presentes nos materiais corretivos concorrem para dificultar a solubilidade desses constituintes.

Reatividade (RE) ou Eficiência relativa (ER)

A reatividade de um calcário depende, em partes, da natureza geológica do corretivo (origem sedimentar ou metamórfica), das condições de clima, umidade e, fundamentalmente, da sua granulometria. Com base nestes parâmetros, estima-se a eficiência relativa (ER), ou reatividade (RE).

A ER diz respeito à velocidade de manifestação do potencial químico do calcário (PN), assim, calcários com menor granulometria reagem em menor tempo. O valor do ER é determinado em laboratório, através de taxas de reatividade, isso é, porcentagem de ação do calcário em 3 meses.

Tabela 3. Taxas de reatividade das partículas de diferentes tamanhos dos calcários, adotadas pela legislação brasileira.

Fração granulométricaEficiência Relativa (ER)
Peneira nº ABNTDimensão (mm)%
Retida na nº 10> 20
Passa na nº 10, retida na nº 202 a 0,8420
Passa na nº 20, retida na nº 500,84 a 0,3060
Passa na nº 50< 0,30100

Assim, dispondo-se da composição granulométrica de um corretivo, pode-se calcular sua eficiência relativa (RE) pela expressão:

ER (%) = (0 x P10) + (0,20 x P10 – 20) + (0,60 x P20 – 50) + (1,00 x P50)

em que:

P10 = Percentual retido na peneira nº 10

P10 – 20 = Percentual que passa na peneira nº 10, e fica retido na peneira nº 20

P20 – 50 = Percentual que passa na peneira nº 20, e fica retido na peneira nº 50

P50 = Percentual que passa pela peneira nº 50

0; 0,20; 0,60; 1,00 = ER das frações granulométricas que ficam retidas na peneira nº 10, que passam pela peneira nº 10 e ficam retidas na peneira nº 20, que passam pela peneira nº 20 e ficam retidas na peneira nº 50, e que passam pela peneira nº 50, respectivamente.

Isso significa que a fração maior que 2 mm (retida na peneira nº 10) não tem efeito considerável na correção da acidez; que 80% da fração 10-20 (2 a 0,84 mm) e 40% da fração 20-50 (0,84 a 0,30 mm) continuarão agindo no solo mais lentamente após o período de 3 meses; e que a fração menor que 0,3 mm reage totalmente em 3 meses.

Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT):

O PRNT engloba valores de poder neutralizante (PN) e reatividade (RE), e expressa o potencial da pureza que exerce sua ação num período de 3 meses.

PRNT = (PN x RE) / 100

Exemplo: Um calcário com as seguintes características PN = 100% e RE = 90%, tem PRNT de 90%, isto é, 90% (ER) de seu potencial de neutralização (PN = 100%) será exercido em 3 meses, ou seja, 90%, enquanto 10% agirão posteriormente.

Para calcários “filler”, calcários calcinados, cal virgem e cal hidratada, que têm reatividade bem superior a 100%, o PRNT é sempre igual ao PN, pois PRNT = PN x (100/100). Esses corretivos não apresentam efeito residual.

Efeito Residual (ER)

Tempo de duração da correção da acidez, ou seja, é a duração da calagem. O fator que mais interfere nesse parâmetro é a reatividade, isso é, quanto maior a reatividade, menor é o efeito residual.

ER(%) = PN – PRNT

Onde:

PN = Poder de neutralização (%)

PRNT = Poder relativo de neutralização total (%)

Interpretação das características do calcário

Veja as características de 3 calcários que possuem o mesmo PRNT na Tabela 4.

Tabela 4. Comportamento de diferentes fontes de calcário com o mesmo PRNT

CalcárioPN REPRNTAção do PNAção do PN
(%)(%)(%)3 mesesER
110070707030
28087707010
37010070700

Embora os 3 calcários mostrados na Tabela 4 apresentem o mesmo PRNT, seu comportamento no solo é diferente quanto ao efeito residual, portanto é preciso saber outras características do corretivo, além do PRNT, para a sua adequada avaliação.

Classificação dos 7 tipos de corretivos

Os materiais corretivos podem ser classificados em:

calcário filler
  1. Calcário tradicional: Obtido pela moagem da rocha calcária. Seus constituintes são o carbonato de cálcio (CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3). Em função da natureza geológica, os calcários são também classificados em sedimentares, mais friáveis ou “moles”, e metamórficos, mais “duros”, porém, quando bem moídos apresentam comportamento agronômico semelhante.
  2. Cal virgem agrícola: Produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio (MgO), e se apresenta como pó fino.
  3. Cal hidrata agrícola: Produto obtido industrialmente pela hidratação da cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 e o hidróxido de magnésio – Mg(OH)2 e também se apresenta na forma de pó fino.
  4. Calcário Calcinado: Produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. Seus constituintes são CaCO3 e MgCO3 não decompostos do calcário, CaO e MgO e também Ca(OH)2 e Mg(OH)2 resultantes da hidratação dos óxidos pela umidade do ar. Apresenta-se na forma de pó fino.]
  5. Carbonato de cálcio: Obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do carbonato de cálcio dos calcários.
  6. Escórias industriais: Subprodutos da indústria do ferro e do aço. Seus constituintes são o silicato de cálcio – CaSiO3 e o silicato de magnésio – MgSiO3.
  7. Calcário “filler”: Calcário finamente moído, com partículas menores que 0,30 mm, possuem alta reatividade.

Vantagens e desvantagens do calcário granulado

Dentre os tipos de calcário, o calcário granulado tem como base uma fonte finamente moída, de alta reatividade, sendo a sua peletização promovida por meio de aglutinantes sintéticos, como lignossulfonatos. Os grânulos são resistentes o suficiente para resistir ao transporte, sendo eles rompidos no solo devido à umidade e/ou ação microbiana.

Vantagens: a peletização permite que pequenas quantidades de calcário sejam mais bem distribuídas ao longo de uma área, evitando a perda por deriva, que é comum com o uso de fontes na forma de pó.

Desvantagens:

Além disso, por mais que o pellet seja composto por materiais de alta reatividade, na prática, os grânulos não se dissolvem em tempo hábil, tanto por causa de estarem na forma granulada quanto devido à baixa solubilidade dos agentes ligantes utilizados no processo de peletização. Veja um exemplo na Figura 4, de um granulo que não se dissolveu mesmo depois de 220 dias no solo.

difusão do calcário peletizado
Figura 4. Trincheiras abertas em (a) junho de 2011 e (b) junho de 2012 mostrando a falta de difusão do calcário peletizado através do perfil do solo, com pellets visíveis e praticamente inalterados após aproximadamente 220 dias após aplicação.
Fonte: Lollato, Edwards e Zhang (2013)

Como escolher a melhor fonte de calcário?

Como tudo na agricultura, não existe fonte de corretivo ideal, o que existe é a fonte mais indicada em função de cada situação. Quanto ao calcário tradicional, é necessário se atentar aos teores de Mg no solo antes de fazer a recomendação, de modo a escolher a fonte que melhor irá fornecer o nutriente no solo em níveis adequados. O efeito residual do calcário agrícola depende muito da fonte, podendo ser alto ou baixo, por isso, preste muita atenção às características químicas como PN, ER e PRNT de cada fornecedor, como mostramos nos tópicos acima.

Calcários que possuem reatividade superior ou igual a 100% são boas opções e geralmente são exigidos em menores quantidades, como é o caso dos calcários “filler”, calcários calcinados, cal virgem e cal hidratada. Mas ao mesmo tempo que isso é vantajoso, também dificulta na uniformidade de distribuição e promove muita deriva, que são entraves que devem ser considerados antes da escola.  Além disso, estas fontes não apresentam efeito residual, então são fontes mais indicadas quando se busca efeito mais rápido da correção do solo, para uma única safra.

Escórias industriais à base de silicatos são fontes interessantes para fornecimento de silício (Si) que, apesar de não ser um nutriente, apresenta diversos efeitos benéficos para as plantas, principalmente gramíneas. Os silicatos possuem menor PN em comparação ao calcário convencional, mas apresentam solubilidade 6,7 vezes maior. Estudos mostram que são eficientes na correção do pH, no entanto, antes de adquirir esta fonte, deve-se atentar quanto aos valores de PN, ER e PRNT, como sugerimos nos tópicos anteriores. É válido lembrar que, como trata-se de escórias industriais, a legislação permite a comercialização com valores menores de PN, PRNT e teores de CaO + MgO em relação aos calcários.

Fórmula para comprar calcário

Determinando-se o corretivo mais adequado, precisamos encontrar dentre as opções comerciais, aquela que for mais econômica, sendo esta a que apresenta menor custo por unidade de PRNT colocado na propriedade. Seguindo o raciocínio:

CunPRNT = (PC + PF) / PRNT

Onde:

CunPRNT = Custo por unidade de PRNT (R$/unidade de PRNT)

PC = Preço da tonelada de calcário (R$)

PF = Preço do frete (R$)

PRNT = Poder relativo de neutralização total (%)

Considerações finais

O corretivo de acidez é o insumo que mais traz retorno econômico ao produtor, pois é a base de todo o manejo de solo tropicais e adubação das culturas. No entanto, para que o retorno seja efetivo, é preciso usar a sabedoria e conhecer muito bem o produto, indo além do PRNT, assim como mostramos nesta matéria.

Há muitas variedades de corretivos disponíveis e, como vimos, não são todos iguais, mas cada um tem seu valor, exceto o calcário granulado, que só tem preço elevado mesmo.

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Referências

ALCARDE, J.C. Corretivos da acidez dos solos: características e interpretações técnicas por J.C. Alcarde. São Paulo, ANDA, 2005

CAIRES, E. F.; JORIS, H. A. W. Uso de corretivos granulados na agricultura. Informações agronômicas, n. 154, p. 18-21, junho, 2016.

LOLLATO, R.P., EDWARDS, J.T. AND ZHANG, H. Effect of Alternative Soil Acidity Amelioration Strategies on Soil pH Distribution and Wheat Agronomic Response. Soil Science Society of America Journal, 77: 1831-1841, 2013.  https://doi.org/10.2136/sssaj2013.04.0129.

MALAVOLTA, E. ABC da Adubação. Editora Agronômica CERES Ltda. São Paulo (SP), 1979. 256 p.

PRIMAVESI, Ana Cândida; PRIMAVESI, Odo. Características de corretivos agrícolas. Embrapa Pecuária Sudeste, 2004.SOUZA, D. M. G. de; MIRANDA, L. N. de; OLIVEIRA, S. A. de. Acidez do solo e sua correção. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F.; FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, R.B. & NEVES, J.C.L. Fertilidade do solo. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007.

Esse texto é opinião do autor e não reflete, necessariamente, a posição da Agroadvance

Sobre a autora:

Bianca de Almeida Machado

Engenheira Agrônoma (ESALQ/USP)

Atualizado por:

Beatriz Nastaro Boschiero

Beatriz Nastaro Boschiero

Especialista em MKT de Conteúdo na Agroadvance

Este post tem 2 comentários

  1. Jose Adilson Alves da Silva

    Muito bom9, gostei

  2. Pedro

    como fazer para salvar esse PDF?

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