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3 modelos de disco de corte para uso no plantio direto

A cobertura do solo traz inúmeros benefícios para as plantas. E a escolha do modelo de disco de corte com suas respectivas regulagens, são de extrema importância para uma semeadura de qualidade.

Atualizado: 07/07/2023

Cobertura do Solo

A qualidade e quantidade de cobertura do solo são fundamentais para o sucesso do sistema de plantio direto. O material orgânico cobrindo o solo desempenha papel de proteção contra processos erosivos, auxilia na construção do perfil do solo, redução da temperatura e supressão de plantas daninhas (EMBRAPA, 2013)

As plantas de cobertura também podem ser usadas como pastagem, com uso consorciado, por exemplo, milho e braquiária, produção de grãos e sementes, silagem e fornecedoras de palha para o sistema de plantio direto. As raízes são tão benéficas quanto a parte aérea das plantas sendo uma boa alternativa na descompactação do solo (LAMAS, 2018).

Imagem 1: Quantidade boa e bem uniforme de palha, retratando os benefícios da palha.
Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Para a escolha da espécie de planta de cobertura a ser cultivada, é importante notar algumas características como, proporcionar boa cobertura do solo, ser de fácil estabelecimento na região, ter crescimento rápido, possuir sistema radicular vigoroso e profundo e não ser hospedeira de doenças, pragas e nematoides que interfiram na cultura principal (LAMAS, 2018).

Sabe-se que as plantas de cobertura podem não oferecer retorno financeiro direto e imediato, porém indicam de forma clara os benefícios futuros disponibilizados ao solo como a redução de fertilizantes químicos, principalmente, nas plantas que fixam nitrogênio. Além disso, proporcionam maior tolerância a seca e menor uso de defensivos químicos, visto que a cobertura uniforme impede a emergência de plantas daninhas (LAMAS, 2018).

Com o advento do plantio direto houve grande dificuldade na operação, principalmente relacionado com o tipo e quantidade de cobertura vegetal presente na área. Dessa forma, observa-se a importância em saber o momento mais propício à dessecação da palha e qual modelo de disco de corte é mais adequado as condições apresentadas na área de produção.

Distribuição da palhada e corte efetivo para plantio direto

Antes do plantio, é importante se atentar a uma distribuição uniforme da palhada da cultura anterior. E para um corte adequado, as coberturas do solo devem estar totalmente secas, já que aquelas que se encontram “murchas” apresentam maior resistência ao corte e podem causar envelopamento da semente (SIQUEIRA; CASÃO JUNIOR, 2004).

A distribuição uniforme da palha é decorrente da regulagem da colhedora no momento da colheita anterior. A regulagem correta do picador e o aumento de angulação de distribuição da palha, proporciona maior largura de distribuição da mesma.

Caso haja uma má distribuição da palha, a distribuição em faixas, como na imagem abaixo, causará uma desuniformidade no funcionamento dos mecanismos da semeadora e ocorrência de crescimento de plantas daninhas em locais onde há pouca ou nenhuma palha.

Dependendo do modelo da máquina, aumentar a velocidade do prato giratório (espalhador) seria outra boa opção. Com isso, deve-se observar o problema e ajustar a melhor solução.

Imagem 2: Distribuição desuniformes, em faixas, da palhada da cultura anterior.
Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Formação da palhada

As culturas para formação de palhada são de diferentes espécies, escolhidas pela melhor adaptação ao clima da região. Dentre as mais comuns, estão a cultura do milho, braquiária, nabiça, resíduos do sorgo, aveia e triticale. Com isso, é relevante se atentar a dessecação e umidade da palhada pois, caso esteja em excesso de umidade do solo pode provocar o embuchamento do disco de corte.

Imagem 3: Alta umidade da palha causando embuchamento do disco de corte. Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Qual modelo de disco de corte utilizar?

O disco de corte possui como funções, cortar a palha, abrir o sulco e facilitar a ação dos mecanismos depositadores de fertilizantes e ou sementes ao solo (FAGANELLO et al., 1992).

Pode ser encontrado em diferentes diâmetros e formatos. Vale ressaltar que, quanto maior o diâmetro e a área de contato do disco de corte com o solo, maior a pressão requerida pela mola. Quanto ao formato, os mais usuais são os do tipo liso, ondulado e corrugado (PORTELLA, 2001).

Disco liso

Os discos lisos, quando bem afiados, cortam melhor os resíduos vegetais. Eles possuem uma menor área de contato com o solo e exige menor pressão da mola. Em áreas com pouca quantidade de palha, os discos lisos são os mais utilizados, justamente por uma maior eficiência de corte.

Imagem 4: Modelo de disco de corte liso.
Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Porém quando há alta quantidade de palha, pode se ter problemas com o uso do disco de corte liso, pois ocorre apenas o corte dessa palha, e não o afastamento da mesma. Desse modo, maximiza as chances de embuchamento na haste sulcadora, sendo esse mecanismo sulcador o mais utilizado em áreas de plantio direto.

Disco ondulado

O disco de corte ondulado possui uma maior superfície de contato com o solo, portanto, necessita de maior força para o corte. Esse tipo de disco promove uma maior desestruturação do solo, o que em alguns casos é muito benéfico, como por exemplo, em altas quantidades de palha e em plantio sobre culturas que têm crescimento em touceira (algumas braquiárias), pois desestrutura o solo mais facilmente.

  O disco de corte ondulado pode ser utilizado para evitar o “espelhamento” (compactação lateral do sulco) do solo, comum em solos argilosos. Devido sua ampla área de contato com o solo, favorece maior desestruturação do sulco.

Imagem 5: Modelo de disco de corte ondulado
Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Disco corrugado

Disco corrugado é um intermediário entre o liso e o ondulado, utilizado muitas vezes em locais onde os discos lisos são mais usuais, porém promovem uma maior desestruturação do solo, diminuindo as chances de espelhamento do solo.

Imagem 6: Modelo de disco de corte corrugado
Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Outra opção com pontos positivos é o uso do disco liso para cortar a palhada e logo atrás um disco ondulado (turbo) com a finalidade de afastar a palha para evitar embuchamento e diminuir a área mobilizada do solo.

Principais fatores na escolha do disco de corte

  • Diâmetro do disco (comumente utilizados são de 16 a 22 polegadas);
  • Tipo de disco (liso, ondulado ou corrugado);
  • Pressão da mola (quanto mais palha, maior a pressão);
  • Tipo de palha (milho, braquiária, aveia, trigo).

Regulagens

A semeadora deve ser regulada com o mínimo de carga de adubo e semente para que não haja diferenças na profundidade de corte dos discos durante o processo de semeadura. Isso é explicado, com base no fato de que, quando a semeadora corta a palha com o mínimo de carga, ela a cortará também quando estiver com a capacidade máxima limitando sua profundidade no eixo do disco de corte. Ao contrário, quando regulada para o corte da palha na capacidade máxima, esta pode não cortar a palha adequadamente quando ocorrer diminuição do peso total, ou seja, com carga mínima, podendo ocorrer o embuchamento da máquina e o envelopamento das sementes (SILVA et al., 2000).

Manutenções

O disco de corte sofre degaste em decorrência do seu uso. Mas qual a porcentagem de desgaste que se aconselha a troca do disco? Esse desgaste gira em torno de 10-15% do disco original. Por exemplo, se a semeadora possui um disco de 20”, quando o disco estiver com 18” é recomendado realizar a troca do disco. Visto que se o disco desgastar muito, não irá realizar a sua função que é cortar a palha, o que causará embuchamento da máquina

Recomenda-se que os discos sejam afiados, pois se apresentarem bordas (“orelhas”) em seu fio de corte, esse desgaste do disco, afeta a qualidade de corte, podendo levar ao embuchamento da máquina e afetar a distribuição de sementes.

Imagem 7: Representação de borda (“orelha”) no fio do disco. Fonte: Grupo de Plantio Direto (GPD)

Considerações finais

As plantas de cobertura indicam de forma clara os benefícios futuros disponibilizados no solo, como redução de fertilizantes químicos, evitar erosão, proporcionar maior tolerância a seca e menor uso de defensivos químicos.

Para o corte das plantas de cobertura o uso do disco correto deve ser feito de forma técnica. Em resumo, para escolher o modelo de disco que será utilizado, depende das condições existentes na semeadura. Recomenda-se atentar a 4 fatores: tipo de palha (milho, braquiária, aveia, trigo), o modelo do disco (liso, ondulado ou corrugado) e diâmetro do disco (comumente utilizados são de 16 a 22 polegadas) e por fim, a quantidade necessária de pressão da mola (quanto mais palha, maior a pressão).

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Referências

EMBRAPA, Plantio direto e a qualidade do solo. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/91825/1/Plantio-direto-e-qualidade-do-solo.pdf#:~:text=Plantio%20direto%2C%20permitindo%20a%20cobertura%20do%20solo%20com,microbiana%22%20do%20solo%20e%20no%20rendimento%20das%20culturas. Acesso: 04 de agosto de 2023.

FAGANELLO, A., KOCHHANN, R. A., PORTELLA, J. A. Desenvolvimento de mecanismos de corte para semeadoras de plantio direto. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 21, 1992, Santa Maria. Anais … Santa Maria: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, p. 1262-71, 1992.

LAMAS, F. M. Plantas de cobertura: O que é isto?, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/28512796/artigo—plantas-de-cobertura-o-que-e-isto#:~:text=Como%20o%20nome%20j%C3%A1%20diz,para%20o%20sistema%20de%20plantio. Acesso em: 07 jan. 2021.

PORTELLA, J. A. Semeadoras-adubadoras para plantio direto. Viçosa: Aprenda Fácil, p. 252, 2001.

SILVA, P. R. A. et al. Semeadora-adubadora: mecanismos de corte de palha e cargas verticais aplicadas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16, n. 12, p. 1367-1373, 2012.

SIQUEIRA, R.; CASÃO JÚNIOR, R. Trabalhador no cultivo de grãos e oleaginosas: Máquinas para manejo de coberturas e semeadura no sistema de plantio direto. Curitiba: SENAR-PR. 2004. p. 88.

Este texto é opinião do autor, não reflete necessariamente opinião da Agroadvance.

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